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Esse capítulo não vai ter a presença do Ed. Por que acho essencial você conhecer melhor Anna, que está narrando a história. Então esse vai ser sobre a vida dela no Hospital, os pais dela, amigos e etc.

E essa imagem é como eu defini ela.

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Londres, Hospital, 15:45.

Pelas duas semanas que haviam se passado, eu não tinha ouvido falar de Ed. Só nas redes sociais (sim, eu dei uma espiadinha!), algumas fontes diziam que ele estava namorando uma menina chamada Audrey, de 25 anos que era fotógrafa pessoal dele, outros disseram que ele foi visitar a família em Suffolk e outros disseram que ele estava em em casa preparando músicas e coisas assim. Enfim, eu não sabia mais no que acreditar. E eu também não estava muito afim de vê-lo, afinal eu estava meio que com Hooch e Ed só tinha possibilidades de estragar tudo.

Chequei a atividade cerebral de Sra. Chelsey, que estava em coma. Nada. Senti-me culpada por nada acontecer, eu sei que é burrice. Tipo, não é minha culpa. Mas essa mulher tinha filhos e uma simples batida de carro acabou com sua vida. Sentia-me culpada por não poder fazer nada. Mas é esse tipo de coisa que a gente tem que passar quando se é médico.

Saí do quarto ao encontro de Carlos, outro interno. Carlos era baixinho e tinha feições gordinhas e meio orientais, tinha cabelo pintado de loiro. Carlos era o tipo de cara que servia para ser seu melhor amigo, ele era engraçado, muito, mas muito auto-confiante e namorava um enfermeiro chamado Werdon, sério quem inventou esse nome? O Diabo? Voltando a Carlos, que estava no corredor cheio de papéis de biscoito na mão.

- Meu deus, o que houve? - perguntei apontando para os saquinhos.

- Vou assistir uma cirurgia de 12 horas e fazer a sucção. - disse pegando outro pacote do bolso. - Estou tão nervoso que poderia fingir que você é um biscoito e comê-la.

- Uau. Que interessante. - falei sarcásticamente.

- Não seja rude comigo, não sou que eu que está apaixonado por Ed Sheeran. - falou.

- É o que?! Eu não estou nada! Carlos, eu gosto do Hooch, ele é um cara legal...- falei.

- Aham, mas não é Ed. - disse dando os ombros.

Bufei, mas ele não fez nada. Voltou a comer seus biscoitos.

Passei algumas horas para pedir se poderia participar de alguma cirurgia, mas não deixaram. Ah é, depois que a direção descobriu que eu estava "namorando" Hooch, me deixaram ficar duas semanas sem ir na ala cirúrgica. Era realmente pouco tempo, mas a época que eu não iria ir seria um tempo avaliativo. Ou seja eu estava ferrada.

Eu estava sem fazer muito no hospital, apenas checava os pacientes e consultava alguns e não poderia atender novas pessoas á não ser que fosse de emergência. E meus pacientes não mudavam muito, queria poder fazer alguma coisa por eles ou ter alguma ideia de tratamento. Mas infelizmente tudo continuava na mesma.

Londres, Casa, 23:40.

Naquele dia, Callie, Carlos e Boyd vieram a minha casa. Iríamos fazer a nossa famosa "reunião do mês", que era quando nos reuníamos em casa para bebermos, conversar e falar mal de nossos chefes. Estávamos todos no sofá amarelo da minha sala. Mais conhecido "O sofá mais confortável e feio do mundo" dizia Callie, era verdade;  mas eu não conseguiria jogá-lo fora, ele era confortável demais. Callie adorava fazer piadinhas sobre as coisas, ela era morena, pele cor de café e olhos castanhos; odiava acordar com a luz do dia, gostava de cantar em quanto fazia comida e era do tipo durona. Mas voltando para aquele dia...

- Deus, não sei de quem sinto pena. Anna ou Hooch! - exclamou Carlos.

- Hooch, ninguém merece ser usado e francamente só por estar namorando Mcfinn já sinto pena. - disse Boyd rindo alto.

- Eu não estou usando ele!! - berrei. - E Boyd comece a morar sozinho quando formos falar de pena ok?

- Bom, pelo menos minha avó sabe cozinhar. - falou.

- Eu também sei ué. - falei.

- Esquentar macarrão instantâneo não é cozinhar. - disse.

Ouvi o telefone tocar, eram meus pais. Pedi á que todos fizessem silêncio.

- Alô? - disse a voz.

- Mãe? - perguntei.

- Oi querida, como está? - perguntou.

- Ótima mãe, inclusive eu tô meio ocupada. - falei.

-  Deve estar, mas acho que você vai precisar ouvir isso. - disse.

- Mãe, agora não. - falei fazendo sinal de silêncio com as mãos.

- Anna Mcfinn, sua avó morreu. - falou. - A doença se espalhou demais.

- Quê?- senti o choque percorrer meu corpo.

- O funeral é aqui em Suffolk, esse sábado. As 14:00. E querida, eu sinto muito. Ela era uma ótima mulher. Seu pai está arrasado.  Tatiana, Julie e Darwin também. - falou. - Seria bom se você viesse, estou sentindo sua falta. Enfim, não posso falar muito agora, me liga depois querida.

Fiquei um tempo sem falar, ouvi a linha desligar. Boyd, Callie e Carlos se aproximaram de mim para perguntar o que era. Eu não conseguia falar, nem chorar. O choque estava me envolvendo como um cobertor. Minha avó foi uma das pessoas mais impactantes da minha vida. Ela me convenceu a estudar quando meu coração estava ao pedaços, ela me deu uma nova oportunidade de vida. E tudo que eu tinha de memórias dessa época foi desabando. Claro que elas iam permanecer no meu coração para sempre, mas era como se fossem sonhos; parecem reais, mas não são. Quando realmente consegui falar as palavras saíram emboladas e só Callie conseguiu entender.

- Ai meu deus Anna, eu sinto muito... - disse me abraçando.

- Alguém me diz o que está acontecendo, porque jesus, aqui está parecendo a aula de latim da minha mãe, ninguém fala ou entende nada. - disse Carlos sacudindo Callie.

- Carlos, calma aí cara, aconteceu alguma coisa. - disse Boyd tentando afastar Carlos.

- Querido, se não tivesse acontecido nada eu não estaria que nem um idiota berrando e sacudindo as pessoas. - disse.

- Cara dá um tempo. - falou. - Acalma, nem toda situação você pode lidar como se tivesse se apoderando de tudo.

- Não me diga como tratar meus amigos. - disse Carlos começando a se irritar.

- Eu vou te dizer o que eu quiser, e principalmente quando você estiver agindo como um babaca. - exclamou Boyd.

- Não me venha com esse seu tabu de falar que eu sou babaca tá bom querido? Fale o que quiser contanto que não seja merda. - falou.

- É melhor você calar a boca! - berrou.

Na mesma hora Carlos deu soco em Boyd, que caiu com a cabeça na mesa, se levantou, ainda sim tonto empurrou Carlos no chão. Nessa mesma hora saí do abraço. Como os dois podiam ser tão...tão insensíveis? Botei os dois para fora de casa, e me pus no sofá.

- Anna...- falou.

- Eu sei, eu também sinto...Pode me deixar sozinha? - perguntei.

Ela assentiu. E saiu.

E peguei uma passagem para Suffolk, claro.

SheOnde histórias criam vida. Descubra agora