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Já haviam se passado uma semana desde o pré natal, e o beijo simplesmente não saia de minha cabeça, e eu não havia falado com Ed desde aquele dia, ele havia me ligado e mandado milhões de mensagens mas eu simplesmente não tinha fôlego ou a coragem de respondê-las. Tinha medo de me magoar novamente.

Ed:
Anna, precisamos conversar. Me ligue!
Ed:
Anna, não me ignore, por favor.
Ed:
An?
Ed:
ANNA!!

E isso foi apenas as mensagens. Todos me disseram que eu deveria ficar junto dele afinal eles sentiram todo esse clima entre nós, fora o beijo e tal. Mas parece que todos se esqueceram de que ele já quebrou meu coração uma vez, e praticamente isso fodeu com toda minha vida e carreira na época. E eu estava apenas no colégio. Eu já tive faltas e suspensões o suficiente pelo ano. E pior que isso, ter um coração partido. De novo. Pelo mesmo garoto.

Sim, ele cresceu, e provavelmente me avisaria se tivesse que se mudar. Mas mesmo assim, ele se mudaria, e isso provavelmente iria acabar comigo. Eu não aguentaria isso duas vezes. E com o trabalho que ele tinha, era muito provável que isso acontecesse. Eu também tinha checado a mídia para ver a onde ele estava e como ele estava, e tudo que pude ver era ele na rua na noite do pré natal com o suéter de gatos dele.

Eu realmente queria ligar para ele, e dizer que amo ele e ficar ao lado dele sem medo, eu queria ficar junto com ele, mas o medo me puxava como se fosse uma corda. Mas eu também não sabia se ele tinha gostado do beijo, tudo bem que ele tinha retribuído, mas as pessoas fazem isso, sem ter um pingo de amor envolvido; eu achava que Ed não era desse tipo de cara, mas quem sabe? Então tinha milhões de coisas para me deixar nervosa mais o trabalho, que me deixava cada vez mais maluca.

Olivia estava detestável, com rancor desde o pré-natal, e mesmo que ela fosse motivo de riso em todo hospital, ela fazia questão de jogar toda a raiva dela em mim. Bom, menos um pré natal para ela do próximo ano também. E para completar ela sempre enchia minha agenda de coisas chatas para fazer e as coisas legais iam para todos os outros  internos menos eu, Callie, Carlos e Boyd. Eu estava tentando fingir que não ligava, mas estava ficando cada vez mais chato verificar o monitor da Sra. Hannah, sério eu queria ficar com as gêmeas siamesas do quarto ao lado!

Naquela véspera Darwin, Mamãe, Papai e Julie vieram me visitar, Tati não veio pois um dos seus filhos estava com cataporas. Enfim, estava um pouco apertado lá em casa, e aparentemente todos queriam saber porque Ed ficava ligando e eles tinham que desligar na cara dele toda vez. E eu não contei óbvio, exceto para meus irmãos.

- Edward? Ficou famoso? Te beijou? Quem é Hooch mesmo? - perguntava Julie.

- Deus, sim Jul ele ficou. E Hooch era meu ex. - falei. - Aí depois Ed me beijou, digo, eu beijei ele.

- Pera aí Anna, ele te deu o fora, você quase entrou em depressão, ficaram sem se falar por oito anos, ficam amigos e você se apaixona e beija ele? Tá na hora de você tentar um terapeuta. - disse Darwin bebendo um gole da cerveja que estava na minha cômoda.

- Primeiro, eu não quase entrei em depressão, só fiquei muito mal. Segundo, não foi exatamente assim. Terceiro, pare de beber. - falei tirando o copo da mão dele.

- Ei! Eu sou maior de idade! -falou ele.

- E dai? Não é como se um ano de diferença te tornasse adulto, e todos sabem que você não tem nem maturidade para ver filmes de adulto. - falei.

- Anna, você precisa ver. Lá em Framilingham (Suffolk) ele chega em qualquer garota e diz que ele tem dezenove anos e um carro desde os dezesseis, patético. - falou Julie rindo.

- Patético é seu namorado Hildo, sério Hildo? Que tipo de nome é esse para começar? E outra coisa, o cara já chegou em casa dizendo que eu estava muito desenfreado na vida, e que ele não sentia boas vibrações em mim. E qual é? Que tipo de cara toma banho sem trancar a porta? Eu não precisava ter visto aquilo! - disse indignado.

- Você também faz isso. - falou Julie.

- Em casa! - protestou ele.

Enfim, aquele dia meus pais começaram a ficar cada vez mais curiosos sobre o que tinha acontecido entre mim e Ed, mas eu tentava evitar o máximo possível, só que parecia não funcionar muito. E Darwin não ajudava, não sei nem por que eu tinha contado a ele. Grande boca que ele tem, desde que eu tinha dez e ele cinco, sempre dizia que peguei um biscoito a mais e essas coisas de criança, tudo bem que não se comparava à isso, mas...

- Ed não para de ligar. - disse minha mãe no jantar.

- Você deveria atender. -falou meu pai.

- O que está havendo? - perguntou minha mãe.

- Ah mãe, coisa de jovem. - falou meu irmão.

- Como assim? - perguntou meu pai arqueando as sobrancelhas.

Então sem responder, continuei a comer. Mas fui interrompida ao ver que tinha correspondência. Abri a portinhola e vi um convite dourado, e vi o convite da festa de ano novo de Callie. Os pais de Callie tinham muito dinheiro, então eles sempre davam uma festa de ano novo enorme em uma mansão que eles alugavam, eu havia ido na festa ano passado, quando havíamos acabado de tornar amigas. Abri o convite vendo a data, semana que vem. As 19:30.

Então imediatamente liguei para Callie.

- Callie, oi! - falei quando atendeu.

-Oi, recebeu o convite?

-Sim, ahm quem você convidou?

- As mesmas pessoas do natal.

- Incluindo Ed? - perguntei baixinho.

- Sim, por que não? Vocês pareciam bem amigos....

- Droga!

- O que há de errado?

- Nada, venha aqui, vamos no café na esquina da minha casa, ok?

-ok.

Então avisei para meus pais que iria no café, então desci rapidamente as escadas do prédio e sentei em uma mesinha no lado de dentro, pois fora estava muito frio. E assim, a vi chegar às pressas com seu coque desarrumado e um casaco velho.

- Porque Ed não poderia vir? - perguntou logo ao se sentar.

- Ah você sabe, o que vou fazer? Não nos falamos desde o beijo.

- Deus, o que você vai fazer? Vai beijar ele de novo e tentar ter uma vida feliz. - disse alto.

- E me magoar de novo? Perder o emprego? Uau que sugestão, um tanto, interessante.

- Francamente Anna, vocês não tem mais dezesseis anos! - berrou.

- Mas o emprego dele funciona assim.

- Tenta esquecer isso vai, afinal, eu já o convidei, então acho que ele vai de qualquer jeito.

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