Capítulo 4

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*Estou fazendo algumas mudanças na história, mas lembrando que é ficção viu galera, não é vida real. 


Cairon

Q

uando cheguei à escola do Pietro estava acompanhado do meu amigo e segurança particular Murilo. O Murilo tem a minha idade 38 anos e estudou comigo o ensino médio. Porém não quis ingressar de imediato na faculdade e depois abriu uma empresa de segurança pessoal.

Ele mesmo só trabalha comigo. Disse que não confia a minha vida às mãos de ninguém. E eu também não confio, por isso o pago de meu próprio bolso, mesmo com a escolta da polícia federal, é com ele que me sinto seguro.

— O senhor prende muito bandido?

— Na verdade. Eu não prendo ninguém. Eu julgo os conflitos de interesse que são submetidas à minha apreciação. – Era difícil explicar às crianças o que fazia um Juiz federal. Na verdade, e principalmente no Brasil, é o Juiz que processa e julga os feitos que tramitam na Justiça Federal comum, que por sua vez, tem competência para julgar as causas que envolvem a União e seus entes federais.

— Ele só manda prender João. – Meu filho não estava de todo errado. O Pietro respondeu ao amiguinho e eu sorri. Era assim que eles queriam entender.

Havia muitas pessoas no local. Achei que seria só para a sala do Pietro, mas pelo que vejo liberaram para outras turmas também.

— Não entendi. Como que funciona o trabalho de um Juiz? – Uma menina perguntou e o resto da turma começou a brincar com ela como se ela não entender o significado fosse o fim de tudo.

— É mais ou menos assim. O Juiz tem que garantir a civilização. Uma vez que conflitos surgem naturalmente, a ideia de uma terceira pessoa, tido como neutro, é essencial para constituir uma visão livre de parcialidade. – Eu respirei e pensei que precisava falar uma linguagem que até mesmo os pequenos entendessem então pedi ao Pietro que traduzisse da forma que eu o havia explicado algumas vezes.

— É Flor. Duas pessoas estão brigando por algo. Elas estão cegas somente com sua verdade. E cada uma delas acha que tem a razão. Aí elas vão até meu pai. Que vai entender o que aconteceu e decidir quem tem a razão. Porque como ele não conhece os dois não poderá tomar partido de um ou de outro. Será justo.

— O senhor nunca tem dúvidas qual lado é o verdadeiro? – Um adulto perguntou.

— Claro. Todos os dias. – E muitas vezes cheguei a duvidar de meu próprio julgamento.

— E como faz para decidir?

— É onde entra a parte dos advogados, dos promotores. Eles vão apresentar várias provas. E eu vou acreditar naquele que tiver conseguido esclarecer o assunto com mais precisão.

— E quando mesmo assim o senhor tiver dúvidas? – As perguntas pareciam nunca acabar. Eu terminava de responder uma alguém já estava com a mãozinha levantada.

— Aí a causa irá ao tribunal onde há pessoas, desembargadores que me ajudarão. E eu leio a sentença final.

— Condenando o bandido. – Alguém gritou.

— Na maioria das vezes sim. De qualquer forma, é preciso muita cautela, para não cometermos nenhuma injustiça.

— Nossa que legal. Eu quero ser Juiz. – O João amiguinho do Pietro disse e meu filho estava só sorriso.

A Amante do Juiz! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora