Capítulo 08

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Cairon

Em meu apartamento tomei um banho e conferi no relógio que já eram cinco horas da manhã. Antes de me deitar, porém ouvi o interfone da portaria e fui atender.

— Meritíssimo tem um taxista aqui com a Dona Giovanna ela não tem condições de subir. O senhor quer que eu pague o taxi e a leve ou...

— Estou descendo. – Paguei o taxista e o agradeci. Peguei-a nos braços e pensei. Era a segunda vez que fazia aquilo na noite. Carregar alguém nos braços. Não me importaria de carregar uma terceira se fosse para saciar o desejo que eu trazia em meu corpo. Não era justo eu estar carregando minha esposa, pensando em outra mulher.

Olhei a Giovanna praticamente desmaiada. Cheirava a cigarro e a álcool. Desde quando agora ela fumava?

— Jeff. – Ela sussurrou com uma voz arrastada antes de eu colocá-la na cama.

— Então esse é o nome de sua amiga com a qual você tem saído todos os dias? Ela abriu os olhos e se assustou.

— O que eu disse? – Começou a rir com deboche.

— Jeff. É um nome muito estranho para uma mulher.

— Não enche. Me deixa dormir.

— Claro. — Arrumei a coberta dela e tirei os sapatos.

— Você é um chato Cairon. Fico tentando te odiar todos os dias e não consigo. Eu não sei se essa sua pose é verdadeira ou se é só para manter sua fama de Juiz honesto, gostoso e bonzinho. – Passou a mão em meu rosto. – Você é lindo. Até demais. Mesmo assim não conseguiu fazer com que eu me apaixonasse por você, ninguém manda no coração Cairon. Ninguém. Então... Quero odiar você.

— E porque tenta me odiar Giovanna? Somos casados.

— Mas eu não te amava Cairon. – Ela começou a chorar e eu fiquei compadecido daquela declaração dita tantas vezes por meio de gritos e agora através das lágrimas. — Eu não te amava. Eu amava outra pessoa. – Ela demostrava tanta dor que pela primeira vez eu tentei compreender.

Sentei-me na beira da cama e tirei uma mexa de cabelos que estava sobre o rosto.

— Meu pai. Só pensava em posição social. Em bens e herança. Eu queria ser feliz.

— Devia ter dito isso a ele.

— Eu disse. Eu chorei. Eu gritei e briguei com ele.

— Entendo.

— Não. – Ela limpou o rosto. — Você nunca amou alguém como eu amei o pai do meu filho. Só que eu era a riquinha e ele um Office boy.

— Isso não devia existir de verdade. Essa separação de classes.

— E eu te odiei porque você se deixou comprar pelo meu pai. Quis casar-se comigo por causa da fortuna dele. Por isso nunca deixei que tocasse em mim. Mesmo minhas amigas dizendo que eu havia tirado a sorte grande de me casar com o homem que todas elas sonhavam.

— Eu não casei por dinheiro Giovanna.

— Claro que foi.

— Não. Me casei porque te amava. E pensei seriamente que com o tempo você também fosse me amar.

— Não. Você não me amava e nunca me amou senão não teria aceitado o que meu pai te oferecia. – Suas lágrimas banhavam seu rosto.

— Eu pensei em você. Pensei na criança. Não queria que ficasse sozinha. Abandonada.

— Mentiroso.

— Olha para mim Giovanna. – Ela não fez de primeira e eu fiquei esperando. — Não havia só eu como opção para seu pai.

A Amante do Juiz! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora