Capítulo 15

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Sábado

- Então vamos mesmo nos mudar? – Se não me enganava era a terceira ou quarta vez que me perguntava aquilo. Ou estava sofrendo de amnésia ou estava só querendo me testar mesmo. Queria me fazer desistir. Queria que eu ficasse com a consciência pesada.

- Mãe. Pensa comigo. - Deixei a mala sobre a cama e me sentei ao lado dela. E com ternura e carinho tentei explicar que de certa forma, já estávamos vivendo com o dinheiro do Juiz. Ele havia pagado a pensão, e que ainda essa semana venceria o nosso aluguel e se eu não tivesse a grana para pagar, ou teríamos que sair dali, ou ele pagaria novamente.

- Mas era diferente filha. Ele fez em um ato de compaixão no primeiro momento.

- Seja a razão que tiver tido, não muda que o dinheiro é o mesmo. Eu voltando à faculdade, mal darei conta de pagar os estudos e a pensão. Sem dizer que aqui mal temos direito de ligar a TV um pouco mais alta. Ou ouvirmos um som.

- Agora tudo será desculpa. – Resmungou.

- Não é isso. Está feliz assim? Vivendo em um quarto de pensão mãe? Fala a verdade?

- Não. Não estou. Sempre tive minha casa e... – Quando notei a dúvida percorrer seu olhar eu aproveitei.

- Então mãe. Lá não pagaremos aluguel. Poderei pagar meus estudos e até quem sabe algum dia poderemos almoçar ou jantar fora. Pedir uma pizza.

- Sente falta disso não é?

- Sinto mãe. Antes de vir ao seu encontro eu não vivia com mordomias, mas podia comer um sanduíche de vez enquanto com os amigos. Ir ao cinema. - Ela me olhou pegou a roupa que estava dobrando com muita dificuldade e colocou na mala.

- Estou indo por você. – Agora tentava me enganar. Quem trocaria a vida em uma casa ou apartamento para viver em um quarto de pensão?

- Assim como eu vim pela senhora.

- Ele vai morar lá com a gente?

- Não. – Vendo que eu não contava tudo, ela mesmo completou meu silêncio.

- Irá te visitar quando puder não é mesmo?

- Provavelmente.

- Ou quando precisar de sexo. – A Amargura de minha mãe era visível.

- Ou quando precisar de carinho, de alguém para conversar.

- E quando você precisar?

- Tenho certeza que estará comigo. Como esteve até agora mesmo sem eu ter nada para oferecer.

- E acha que ele já não pensava anos a frente que você? Pode ter feito tudo isso muito planejado.

- Não acredito. Como à senhora mesma disse ontem, com tantas mulheres lindas ao redor dele.

Desci até a recepção e pedi ao Emerson que nos chamasse um taxi. Ele solicitou e disseram que em cinco minutos estariam à porta da pensão.

Contei ao Emerson que estávamos de partida. E agradeci muito por tudo o que fez por nós durante o mês inteiro.

O bom rapaz se preocupou achando que tivéssemos arrumando uma casa, onde pragaríamos aluguel, ou estivéssemos indo para algum outro hotel e até se ofereceu em fazer um acordo de um valor melhor, caso eu precisasse. Claro que não dispensei para o futuro, nunca se sabe o dia de amanhã.

Eu nunca iria dizer a verdade para que ele me julgasse como estava fazendo minha mãe. Só que minha mãe além de família era beneficiada. Ele não teria tanto cuidado ao esparramar que eu estava sendo sustentada pelo Juiz. -De qualquer forma foi um prazer conhecer vocês. – O abracei. – E só Deus sabia o quanto de fato eu era grata a ele e as meninas com as quais havia feito amizade.

A Amante do Juiz! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora