Eu devia estar nervosa com a prova que tinha acabado de fazer, mas estava muito mais nervosa com a possibilidade de encontrar o Juiz. A prova estava feita, o resultado só na sexta, e eu me arrependia agora era de não ter trago meu vale transporte. Onde já se viu colocarem nesses sites de mapas, que de um ponto a outro é trinta minutos de caminhada? Só se fosse de carro. Porque gastei quase uma hora para chegar e agora imaginava para voltar, chegaria muito tarde à pensão. Se eu passar na prova esse campus será muito longe para vir a pé todos os dias.
Foi atravessar os portões da faculdade para meu corpo sentir um arrepio ao ver os faróis de um carro piscar duas vezes. Caminhei insegura até que vi atrás dele o emblema da polícia federal. Era ele.
E se me perguntasse sobre essa tarde? O que diria à ele? Me lembro de que quando devolvi o envelope ao doutor Breno, se fez de desentendido e desculpou-se dizendo enganar-se ao colocar o documento dentro do envelope. E ainda brincou dizendo que o Juiz levara muito tempo para ler um documento em branco.
Agora, enquanto caminhava em direção à porta do passageiro e colocava minha mão sobre a maçaneta, me sentindo insegura demais para os meus quase trinta anos, eu simplesmente tentava encontrar uma boa desculpa para dar ao homem caso mencionasse o incidente ou tentasse rir de mim novamente. Imagino como ele tenha se divertido depois que saí de seu gabinete, toda fora de mim. Estava tão perturbada que foi a primeira vez que me certifiquei que ninguém estivesse olhando.
Quando me sentei no assento do carro ele nem me deixou dizer uma só palavra. E também não disse nada antes de me puxar para si e cobrir meus lábios com os seus. Meu Deus! Esse de longe era o homem frio de duas noites àtras, que havia me deixado irritada e jurando à mim mesma que nunca mais me veria.
Uma de suas mãos começaram a passar por meu corpo e eu fiquei em alerta. As palavras de minha mãe ecoavam em minha cabeça, entre muitas ela sempre dizia: "Homem casado, não quer só dar uns amaços filha. Eles querem muito mais que isso. Estão acostumados a muito mais." Mas eu devia ser uma idiota mesmo, porque não conseguia me afastar, não conseguia sair dali. Não porque ele era um Juiz, e muito menos porque tinha nos ajudado, mas porque estava ansiosa por estar com ele, e isso, desde o dia em que o beijei na lavanderia da pensão.
Estava derrotada de todas as convicções e promessas feitas a mim mesma, de que isso não iria rolar.
Ofegante, molhada. Excitada e terrivelmente encrencada. Esta era eu.
- Melhor a gente sair daqui. - Ele me afastou, travou meu sinto de segurança e colocou o carro em movimento.
Dirigiu até um condomínio ali perto. Enquanto entrava na garagem comecei a ficar agitada. O que seria de mim? O que minha mãe diria quando soubesse o que eu estava fazendo? Entrou na garagem com o carro e estacionou. Descemos do carro e segurando minha mão levou-me até o elevador e assim, subimos até o décimo segundo andar. Passamos por alguns dos seguranças que entraram no elevedor e desceram.
- Cobertura. – Foi a única cois que ele disse.
Ele tirou do bolso uma chave e abriu a porta. Entramos no apartamento e logo ascendeu à luz, trancou a porta e colocou a chave sobre a mesinha do centro. Estava tremendo.
Ele aproximou-se bem devagar e segurou minha mão na sua. Levou até seus lábios e eu quis cair das pernas.
- Preciso de água.
- Está tremendo. Está com medo? – Não era bem medo. Medo tive hoje mais cedo em seu gabinete. Quando está de terno parece muito maior, muito mais bravo, agora não... Voltou a ser o homem que eu conheço.
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A Amante do Juiz! (Degustação)
RomanceSinopse: O Juiz Cairon Swift Filho é um homem justo, porém frio em seus julgamentos. Temido e ameaçado pelos criminosos da cidade. Sua vida e suas convicções mudam à partir do momento em que conhece uma jovem que teve sua vida destruída por um...