DA ORDEM AO CAOS - CAPÍTULO 10

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As duas primeiras semanas de aula foram mais tranquilas do que eu imaginava. Os professores passaram matérias, mas nada muito difícil. Assim, pude aproveitar as tardes para ir à praia, correr com a Gabrielle, botar as séries em dia e encontrar as meninas. Nós combinamos que só marcaríamos reunião de "estudos" depois do feriado, quando certamente essa moleza pré-carnaval iria acabar.

Nessa semana e meia, li os dois livros que faltavam da coleção "A Seleção". Aquela América realmente me irritou, que menina chata! Mas sabe quando é simplesmente impossível largar um livro? Foi assim. Cheguei a sonhar que estava na seleção e que o Maxon me escolhia. Acordei rindo muito.

Todos os anos, a minha escola organiza seu próprio bloco de carnaval para os professores, alunos e familiares. Ele vai rolar na sexta-feira anterior ao feriado e é uma bagunça só.

Não saímos pela rua, ficamos concentrados na quadra da escola.

Não sou muito fã de fantasia não, mas é claro que já pensei numa, com a ajuda da Ju é claro. Este ano ela me emprestou a capa da Grifinória, e eu iria de Hermione. A Ju e o Bruno iriam de marinheiros. E as outras meninas estavam indecisas e não disseram quais seriam suas fantasias.

Estava mega ansiosa pelo evento e impaciente para sair de casa logo. Na sala, encontrei mamãe de vestida de Dorothy e o Carlos, de Zorro. O Bernardo estava deitado no sofá com uma roupa de ficar em casa, jogando esses jogos de viado.

-Bernardo, você ainda não está pronto?

-Para quê? – sonso, ele se fez de desentendido.

-Para o bloco da escola.

-Bloco da escola!? – zombou ele.

-Bernardo! – Carlos o repreendeu.

-Tenho mais o que fazer! – falou ele, com um sorrisinho no canto da boca.

-Tipo o quê? Jogar videogame? – perguntou Carlos, debochando do filho.

-Muito melhor do que ir a um bloco ridículo.

Respirei fundo para não voar no pescoço dele.

-Meninas, me esperem no carro, por favor!? – falou o Carlos, sério. Dei um sorrisinho, em pensar que ia rolar treta. Bernardo deve ter ouvido muito.

Bernardo ficou em casa e nós três fomos para o bloco. A escola estava lotadíssima, assim que chegamos, logo encontrei as meninas e me divertir vendo as fantasias delas. A Lorena estava de sininho, enquanto o Igor de Peter Pan. A Gabi e a Pri foram de gatas siamesas, com direito a rabo e tudo.

Antes da bandinha iniciar os trabalhos, o diretor o Wilson subiu no palco improvisado para fazer seu discurso de sempre.

-Bem-vindos à Escola Plural! – disse ele, e em seguida fez uma breve pausa, esperando o silêncio de todos. – Como de costume, começamos o ano com nossa primeira atividade extracurricular, este lindo bloco de carnaval. Aos alunos novos, aviso que teremos muitos outros eventos no colégio. Nosso objetivo é fazer com que vocês tenham vontade de vir à escola, que não venham só por obrigação. E agora, vamos cair a folia! – imediatamente a banda começou a tocar as marchinhas, fazendo todo mundo dançar.

O bloco estava animadíssimo e me diverti horrores com as meninas. Lá pelas tantas, cansada de tanto pular, me afastei da Ju e da Lorena e fui sentar na arquibancada para descansar. Nesse momento me deparei com uma cena duplamente estranha: lá estava Bernardo rindo e se divertindo na festa que ele mesmo desprezou. Só que, ele não estava sozinho não, a Gabi estava com ele.

Desde quando eles se falam? O que estaria rolando?

Não aguentei e saí confusa da arquibancada. No meio do caminho cruzei com a Pri, que falou alguma coisa, mas ignorei. Fui direto para a sala mais próxima e me sentei na mesa do professor.

-Você está bem? – perguntou a Priscila, ela percebeu meu estado e veio atrás de mim.

-Eu pareço bem? – eu perguntei, ainda perdida.

-Não – respondeu ela – Eu também vi.

Levantei o rosto para encará-la .

-Estranho né? – disse Priscila. Ela pareceu intrigada também.

-Eles estavam muitos íntimos... De onde surgiu isso? – perguntei, e ela deu de ombros.

Percebi que estava fazendo o mesmo tipo de pergunta que a Priscila faz costumava fazer e parei. Não adiantava perguntar nada, ela não sabia o que estava acontecendo, tanto quanto eu.

Fiquei tão chateada e atordoada, e fui embora sem me despedir de ninguém. Simplesmente saí da escola, peguei um ônibus e voltei pra casa sozinha com meus pensamentos. Por que ela estava dando bola pro garoto que eu mais detestava?



***


As Confusões de uma AdolescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora