As Confusões de uma Adolescente

QUERIA VER VOCÊ FELIZ - CAPÍTULO 8

           O bom de correr com a Gabi, é que ela realmente leva a sério, isto é, enquanto estamos nos exercitando ela não faz pergunta tão inconvenientes. É claro que depois ela compensa, mas aí eu estou tão bem comigo mesma que ignoro. Não sei o que acontece com o nosso corpo quando estamos correndo, mas me sinto feliz. É um momento que eu posso pensar na vida, conversar comigo mesma, refletir ou então não pensar em nada, depois da nossa cama, é claro.

Em casa, encontrei a mamãe na cozinha testando uma receita nova. O cheiro estava incrível. Fiquei brincando com a mamãe; falando que estava em dúvida se aquele bolo iria ficar gostoso. Ela brincou perguntando se já tinha feito alguma coisa que não fosse gostoso. Fiquei rindo. Só que justo nessa hora o Carlos chegou. Fiquei desconfortável, e fingi não ver ele entrando pela sala.

-Que sacolas são essas? – perguntou ele, e só naquele momento notei que havia um monte de sacolas perto da porta – Rosangela, você está tomado café? – repreendeu ele ao ver a caneca na mão dela.

-O que a senhora comprou, mãe? – mudei de assunto, tentando ajuda-la. Ela foi saltitando até a porta e pegou as sacolas. Tirou de lá de dentro, uma quantidade enorme de fôrmas diferentes.

-Para bolos caseiros, uma de cada estilo. As pessoas adoram um bolinho de laranja, de fubá para tomar com café. E nada melhor do que um bolo com cara de caseiro. Tenho umas clientes espertinhas que compram e fingi que foram elas que fizeram. Então vou fazer uns bolos com aparência simples mais gostoso sempre, pra ajudar elas – disse animada – Que foi? – perguntou ela, se sentindo repreendida.

-Você é linda! – disse, Carlos, abraçando-a, o que me deixou enjoada.

Não tenho paciência para esses tipos de melações, me bate uma vontade de sair dali, mas eu me segurei. Mamãe estava feliz demais para eu estragar tudo.

-Para alegrar a criançada... Vou encher uma vitrine com cookies e bolos arco-íris.

-Bolo arco-íris?

-É!

-E como faz isso? – perguntou ele, intrigado.

-Ué... Você faz a massa normalmente, divide em diferentes formas e coloca corante. Depois é só montar o bolo, colocando um sobre o outro.

-E fica bom?

-Teremos que provar pra saber – falei.

-Ei, vocês estão duvidando dos meus dotes?

-Nunca, mas parece nojento! – falou ele.

-Eu não deixava – falei. E fui caminhando até a fruteira e peguei uma maça.

-Eu queria que vocês pudessem entrar na minha cabeça para visualizar tudo o que eu estou planejando. Eu fico tão animada quando penso na loja. Vai ser tudo tão lindo. Quem sabe mais pra frente eu não abro um curso? Eu ia amar dar aula.

Mamãe foi professora na minha escola durante onze anos. Ela dava aula para o primeiro ano. Mas nunca tive aula com ela, pois a direção achou melhor me deixar em outra turma, o que acabou me aproximando das meninas que hoje são minhas melhores amigas.