MINHA VIDA COM MAMÃE - CAPÍTULO 14

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A semana chegou ao fim e eu resolvi encarar a realidade e fazer uma das coisas que mais me apavorava: Ficar em casa. Durante o Carnaval pensei muito sobre o que a mamãe deve estar passando. Em vários momentos, repreendo a mim mesma por ser tão rude. Nós nunca brigamos, mas desde dezembro, quando ela me contou sobre o casamento, o nosso dia a dia passou a ser só discussão.

Será que eu estou atrapalhando a felicidade dela? Depois de tudo que passamos juntas? Eu deveria estar sempre ao lado dela?

Apesar de tudo, quero vê-la feliz, se ela estiver bem, eu ficarei também. Tenho certeza disso.

Cheguei em casa depois da minha corrida com a Gabrielle e fui direto para a cozinha descobrir o que a mamãe estava aprontando, mas ela não estava lá.

Timidamente, bati na porta do quarto dela e ela mandou entrar. Abri a porta bem devagar, pois não queria ver nenhuma cena desagradável, como uma beijo entre eles ou uma troca de carinho. Estava menos arisca, mas não queria presenciar essas cenas. Mas assim que entrei vi que ela estava sozinha e me assustei com o que vi. Mamãe estava numa situação crítica, ela estava toda torta na cama, cheia de revista de noivas em sua volta e uma cara horrível de pavor.

- O que está acontecendo aqui? - perguntei, e ao me ver mamãe sorriu.

- Minha filha! Gosto tanto de te ver em casa - disse ela, animada.

- Você tá bem? - perguntei, me sentando na cama.

- Não, minha filha! O café acabou! O Carlos disse que ia comprar, mas não chegou até agora - falou ela, como se tivesse acontecido uma tragédia, e eu não aguentei e comecei a rir. - Carolina! Não ria! Eu preciso de ajuda! Eu não sei por onde começar, nunca pensei que casar fosse dá esse trabalhão todo. E não sei pra quê eu comprei esse monte de revistas, eu não gosto de ter opções, pois eu fico mais enrolada. Voce sabe quantos vestidos tem em cada revista dessas? Eu não consigo encarar isso!

-ROSANGELA! - chamei a mamãe pelo nome pra ver se ela saia daquela bad. - Você quer se acalmar? - ela ficou calada e eu peguei o caderno de anotações dela. Eu precisava parar de implicar não precisava? Então resolvi ajudar - Você ja fez a lista de convidados?

-Convidados? - ela pareceu confusa - mas isso não é a última coisa a se fazer?

Foi nessa hora que eu vi que ela estava realmente perdida.

-Se eu chego na sua confeitaria e peço um bolo para minha festa, digo tudo que eu quero nele, o sabor, o formato e para quando é, você vai achar as informações suficientes? - ela fez que não com a cabeça - Saber o número de pessoas é o mais importante no momento e então vamos começar por ele, certo? - ela fez que sim com a cabeça.

- Filha o que seria de mim sem você?

- Acho que isso não é falta de filha e sim de café! Você é mais esperta com cafeína circulando no corpo. - Relaxa, você só está nervosa.

- Nervosa? Estou apavorada!

Senti falta disso, de um tempo só nosso, sem mais ninguém para incomodar. Das nossas tardes rindo de besteiras, falando futilidades, assistindo filmes e comendo gordices. Será que ainda teremos momentos assim nessa nova vida?

Mudando completamente o assunto. Descobri como quem não quer nada que o Bernardo faz curso praticamente todos os dias da semana e mamãe comentou que depois do carnaval quase não o viu em casa. Segundas e quartas ele tem aula de violão e inglês, terças e quartas de espanhol.

Quem faz tanta coisa assim? Realmente não importa, o bom é que eu não precisava me trancar no quarto durante a tarde, com medo de encontra-lo.

No final de semana fui à praia com as meninas. À noite, terminei de ler a lindeza que é Orgulho e Preconceito e fui dormir feliz, na minha cama enorme e no meu quarto super aconchegante.

As Confusões de uma AdolescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora