UM CASO PERDIDO - CAPITULO 16

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Cheguei em casa mais sorridente que o normal, feliz até demais.

Deitada no meu quarto, me lembrei do pedido da mamãe. Foi quando as duas Carolinas começaram a brigar.

Por que eu faria isso? Ele nunca me falou nem se quer um "oi" para mim, por que eu o ajudaria a se sentir bem?

* Mas por outro lado, se eu o ajudar, mamãe não vai reclamar mais, ninguém vai dizer que não tentei. Que mal há nisso? Por que não ajudar?

* Porque você não quer se aproximar dele, Carolina. Você quer mesmo que eles se separem! E que sua vida volte ao normal, e quanto mais você dificultar a situação melhor. Vai que o Carlos e Bernardo voltam para São Paulo e sejam felizes para sempre lá?

Eu também não podia ser tão ruim assim, nem desejar essas coisas. A gente estava finalmente ficando bem. Mamãe estava tão feliz, será que eu não podia ser contagiada pela alegria da mamãe de uma vez por todas? Ou tentar amenizar o clima que está esse inferno astral?

Saí do quarto mais uma vez determinada à fim de encerrar aquela discussão.

Caminhei até a última porta do corredor e bati. Nada. Bati mais uma vez e aguardei algum sinal de vida... Nada novamente. Não conseguia escutar nem um ruído de dentro. Então, timidamente virei a maçaneta, mas logo desisti.

Eu não poderia entrar no quarto do menino assim, sem avisar. E se ele estivesse dormindo nu? Sei lá, né?

Bati outras duas vezes e me virei de costas, pronta para voltar para o meu quarto e aliviada por não encontra-lo.

PELA MAMÃE CAROLINA!

Voltei e girei a maçaneta e empurrei de leve a porta.

- O que você está fazendo aí?

Escutei a voz do Bernardo atrás de mim e gelei de nervosismo. Não era para eu ser pega naquela situação...

- Desculpa, eu não pretendia...

Ok, eu estava errada. Também não gostaria de vê-lo abrindo a porta do meu quarto.

- Pretendia fazer o quê, então?

- É... Eu ia perguntar... - eu não conseguia nem lembrar o que estava fazendo. Parei um segundo, perdida, e vi que ele me encarava muito sério, sem o menor sinal de simpatia. - Eu ia perguntar se você quer conhecer o Rio... Talvez no sábado. - fiz uma pausa e sorri, sem graça e evitando encara-lo - Conhecer a confeitaria Colombo que não mudou nada em sua arquitetura desde a inauguração. É lindíssima. Achei que seria um bom programa, eu sei que você não deve conhecer muita coisa na cidade ainda - concluí, e ele riu da minha cara, me fazendo acordar finalmente.

- Obrigado, mas não. - falou ele, passando por mim.

- Ta bom! - respondi, atordoada.

Eu fui simpática, não fui? O que eu fiz de errado? Eu não ia brigar com ele, não era esse meu objetivo, pelo menos não naquela tarde.

Que risadinha ridícula! Precisava ser tão rude?

- Por que não? - perguntei, não muito satisfeita.

- Porque não, ué - respondeu ele, impaciente - Porque prefiro encontrar uma companhia mais agradável, mais interessante, alguém com um pouco mais de conteúdo... Não vou ficar andando com uma menininha boba que dorme em uma quarto de princesa. Aposto também que você nem sabe de quem são os quadros de bailarinas pendurados na parede do seu quarto.

Dito isso, ele entrou em seu quarto e trancou a porta e eu fiquei ali, boquiaberta com a ideia que ele fazia da minha pessoa.

TUDO BOM QUERIDO?

- Que imagem é essa que ele criou de mim? Quem ele pensa que eu sou? Esse viado nem me conhece! Preconceituoso!

Estava tão p* da vida que sai batendo a porta do quarto com toda raiva possível.

Mandei mensagem para as meninas me encontrarem na lanchonete, porque esse nó na minha garganta estava me sufocando. Estava irada. Nem esperei que elas se sentassem para começar a falar e saí xingando o Bernardo de todos os nomes possíveis.

- Caralho! - eu disse, muito enfurecida. - Quem ele pensa que é? Ele acha que eu sou estúpida. Namoral, minha vontade ta grande de estrangular um!

- Osh menina! Respira, se controla e conta tudo o quê aconteceu bem devagar... - disse Priscilla.

- Bernardo aconteceu! Se minha mãe tivesse se casado com um cara sem filho, minha vida seria mais fácil.

- Mas o quê houve desta vez, muier? - perguntou Ju.

- Ele praticamente me chamou de fútil na minha cara! Só porque fui tentar ser legal com ele.

- Fútil? - disse Lorena.

- Pois é. Só porque eu tenho um quarto bonitinho e fofo, e não passo nada de interessante para ele.

- Por que ele acha isso, Jesus? - Gabi queria saber mais.

- Também queria saber! - falei

- Calma amiga. Ignora! - disse Ju.

- Como vou ignorar amiga? Eles vão se casar. Eu vou ter que conviver com essa peste pelo resto da minha vida.

Depois que eles finalmente mudaram de assunto e consegui me acalmar, obviamente elas ficaram abismadas pelo acontecido e pelo comportamento infantil dele. Pelo menos as tenho do meu lado.

***

Assim que entrei no colégio, vi o Bernardo Maldito sozinho, com aqueles headphones gigantes, lendo um livro naquele aparelhinho digital com uma cara fechada, como sempre. Fui até a cantina, onde as meninas estavam.

- Duvido que ele arrume um amigo desse jeito.

- É, amiga. E a gente achando que ele era um bom partido - disse Pri.

- Com certeza não. Imagina como ele trataria a namorada dele? - completou Gabi, me deixando mais aliviada sobre a cena que eu tinha presenciado no bloco da escola (mais ainda continuo intrigada).

-Mas vamos falar de coisas boas! - sugeriu Lorena e tossiu em seguida. Sacamos que ela estava falando de alguém e todas nós nos viramos para ver quem era. Rodrigo havia acabado de entrar no prédio da escola. Suspirei.

- Carolina, você tem que parar de ficar tão boba ao lado dele. - disse Pri.

- Olha, se for para ele gostar de mim, vai ter que gostar de mim do jeito que eu sou, não vou deixar de quem eu sou pra chamar atenção de ninguém.

A Gabi me deu um empurrão de repente, fazendo com que eu esbarrasse nele, que estava distraído também, mas o empurrão foi tão forte que eu caí por cima dele.

Olhei para Gabi querendo pular no pescoço daquela vadia; ao me ver ele abriu aquele sorriso maravilhoso que me fez derreter todinha.

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⏰ Última atualização: Apr 24, 2017 ⏰

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As Confusões de uma AdolescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora