Capítulo 6 - "Senhor, Por Favor, Salve Meu Garoto!"

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16 de agosto de 1977 começou apenas como mais um dia quente de verão em Memphis. Elvis estava prestes a começar outra turnê cansativa, e a agitação em Graceland era um reflexo disso. O tamanho e a complexidade de seus shows tinham crescido ao ponto em que se faziam necessárias muitas horas e dias de planejamento e coordenação para que tudo estivesse pronto a tempo.

Elvis era um superstar musical. Embora tivesse ganhado peso, e com alguns fãs se queixando sobre ele ter perdido um pouco de seu entusiasmo, ele ainda era imensamente adorado e seus concertos um grande sucesso de público e, geralmente, os eventos eram vendidos para fora. A geração que o viu surgir nunca desistiu dele e, agora, legiões de novos fãs vinham de toda parte apreciar suas inigualáveis e lendárias performances no palco.

Eu, bem como os demais funcionários de Graceland, nunca tivemos nada muito fora do comum para fazer, além de nossas funções habituais, mas sempre sentíamos a pressão e o estresse sobre Elvis e sua equipe enquanto se preparavam para pegar a estrada, às vezes semanas seguidas. Uma incrível quantidade de tempo, dinheiro e trabalho duro eram reservados para o planejamento e logística desses grandes eventos.

Quando iniciei meu trabalho na manhã daquela terça-feira, pensei como aquele seria mais um dia quente de verão em Memphis. Comecei meu expediente cedo (penso que por volta das seis horas), e o calor e a umidade já tinham começado a se formar. Uma chuva leve, pela manhã, não pôde esfriar as coisas.

Quando entrei, Pauline me informou que Elvis e Ginger estavam lá fora na quadra de raquetebol, jogando com o primo dele, Billy Smith, e sua esposa, Jo.

Coloquei minha bolsa no balcão da cozinha quando, pouco depois, Elvis entrou pela porta dos fundos. Billy e Ginger estavam com ele; lembro que isso foi por volta das 6:30. Elvis parecia estar um pouco agitado e transpirava muito.

Perguntei: "Sr. Elvis, eu posso preparar-lhe alguma coisa para comer?"

- "Não, obrigado, Nancy", ele respondeu, e depois acrescentou: "Não estou com fome agora, mas com muita sede e gostaria muito de água gelada e, depois, tudo que eu quero fazer é dormir um pouco".

Os três seguiram para o andar de cima e eu arranjei-lhe um copo com água gelada, que Pauline então levou para ele.

Quando voltou, ela disse algo que soou um pouco estranho para mim. "Ele praticamente arrancou o copo da minha mão!", contou - uma atitude incomum da parte dele. Ouvindo isso, eu não soube o que pensar.

Pauline foi embora, deixando-me sozinha com o turno do dia. Uma outra cozinheira deveria estar de plantão naquele dia para me ajudar, mas ela não apareceu. Tia Delta falou em me ajudar com a limpeza da casa, mas, como ela não gostava de cozinhar, eu sabia que teria de dar conta, sozinha, da maior parte das tarefas.

Assim, iniciei, como sempre, minha rotina diária. Limpei o quarto da sra. Minnie, enquanto tia Delta faxinou a sala da selva e a sala de estar no andar de baixo. Preparei o almoço da sra. Minnie, tomei uma xícara de café com ela, e ela então voltou para o quarto.

Pauline informara-me, antes de sair, que Elvis tinha tido uma noite "muito agitada", como era comum nas vésperas de suas turnês. Ginger e ele tinham saído montados na moto dele pelas ruas ao redor de Graceland, matando o tempo e tentando relaxar para a próxima turnê dele.

Não era incomum para Elvis ficar fora por horas seguidas após escurecer, apenas circulando ao redor das ruas do bairro Whitehaven. Era algo que ele amava fazer, em parte (eu acho) porque isso oferecia a ele a rara oportunidade de sair de casa sem ser reconhecido e assediado por seus fãs sempre presentes.

Dentro de Graceland (Nancy Rooks)Onde histórias criam vida. Descubra agora