Embora a palavra "normal" nunca parecesse fazer parte da vida de Elvis, na verdade havia uma rotina habitual ao longo dos anos em Graceland.
Era uma casa, e não apenas um negócio. Enquanto as decisões financeiras e comerciais eram feitas diariamente, Elvis queria ser ele mesmo, ser capaz de relaxar e se descontrair em Graceland. Era a sua fuga das muitas preocupações do mundo.
Como qualquer pessoa que tenta relaxar, ele amava ficar sentado de pijama o dia todo, o mais confortavelmente possível – seja lá em cima, lendo em seu quarto, assistindo TV, ou tomando o café da manhã na sala de jantar.
Uma vez ele me disse: "Eu não quero ser tratado como uma 'estrela' em minha própria casa". "Ok", respondi, "então vou tratá-lo como se fosse o meu irmão."
Era o que ele queria, e isso foi muito bom para nós dois. Isso também ajudou com as nossas rotinas diárias em Graceland. Como qualquer pessoa da casa, ele passava seu tempo fazendo todo tipo de coisas diferentes.
Quando comecei a trabalhar para ele, notava que ele às vezes ficava sentado por horas na sala de TV, no porão, ouvindo discos. Ele ocasionalmente escutava seus próprios discos, mas, na maioria das vezes, ele preferia ouvir cantores negros como Fats Domino, Memphis Slim, Rufus Thomas e BB King. Ele escutava frequentemente também álbuns de Frank Sinatra e Tom Jones. Eu adorava ouvir as músicas desses discos saindo pelo interfone enquanto eu trabalhava. Isso parecia fazer o dia passar muito mais rápido.
Ele também era viciado em televisão. Havia aparelhos de TV por toda a casa. Ele tinha dois televisores separados, instalados sobre sua cama, embutidos no teto, e havia um terceiro modelo de console ao pé da cama, assentado num suporte elevado e acarpetado. Dessa forma ele podia assistir todas as três principais redes de TV ao mesmo tempo. Usando seu controle remoto, ele alternava os canais, ficando com o que mais atraísse sua atenção. Aquelas TVs no quarto dele geralmente ficavam ligadas 24 horas por dia, com o som inaudível. Ele realmente adorava assistir TV.
Alguns de seus programas favoritos eram Kojac, Wild, Wild West, Hawaii Five-O, e vários outros programas populares da época. Ele também gostava de futebol, e assistia os jogos sempre que eram exibidos. Sua equipe favorita era o LA Rams.
Havia um programa local gospel que era transmitido ao vivo nas manhãs de domingo, chamado "Otis Mays Show". Otis foi uma celebridade negra local do gênero, e Elvis sempre gostava de assistir seu programa. Ele costumava brincar dizendo que um dia ele iria até o estúdio participar do programa. Todos nós sabíamos, claro, que isso teria causado um pandemônio. Mas Elvis também sabia disso, então nunca mais fez qualquer "ameaça" desse tipo.
Ele me disse em várias ocasiões o quanto ele apreciava os músicos negros, e disse que crescera tentando imitar o estilo musical deles.
Muitas vezes me perguntei se já vi algum sinal de preconceito nele. Hoje posso afirmar honestamente que nunca vi. Ele nunca deixou a cor da pele das pessoas afetar a maneira como ele as tratava.
Muitos dos seus fãs provavelmente ficariam surpresos de saber, por exemplo, que, em meados dos anos 1970, ele namorou uma bela jovem negra de pele clara chamada Maggie. Ela tinha sido contratada por Vernon, a 5 dólares por hora, para atender os telefonemas em Graceland; em pouco tempo, uma forte atração romântica se desenvolveu entre ela e Elvis. Como muitos dos romances de Elvis, este foi relativamente curto e eles seguiram caminhos diferentes. Mais tarde ela morreu tragicamente em uma festa num clube noturno.
Como você pode imaginar, a vida sempre foi interessante em Graceland. Às vezes, no entanto, Elvis também poderia ser um pouco sereno e tranquilo. Elvis gostava de ler. Ele sentava-se calmamente, ainda de pijama, e lia o jornal local. Também tivemos assinaturas das revistas Life,Time, e Newsweek.
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Dentro de Graceland (Nancy Rooks)
RandomNeste livro, Nancy Rooks recorda a época em que trabalhou como empregada doméstica de Elvis Presley (1935-1977) em sua mansão, Graceland. Um singelo relato de parte do cotidiano do rei do Rock.