Capítulo 8 - "Que Dia Triste!"

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A quinta-feira chegou; a realidade de que Elvis realmente tinha partido começou a ser assimilada. O choque e a descrença de todos estava lentamente se transformando na compreensão de que Elvis, o ícone que todos tínhamos acreditado ser imortal, seria posto hoje [na sepultura].

Cheguei ao trabalho naquela manhã (passando o que parecia ser uma eternidade), dirigindo lentamente meu carro através da pacífica multidão reunida em frente a Graceland. Havia carros estacionados em todos os lugares em ambos os lados da Elvis Presley Boulevard e até mesmo no meio da rua, enquanto dezenas de policiais tentavam pacientemente manter em ordem os milhares de consternados fãs. Seus olhares diziam tudo.

Custou-me uns quinze minutos para atravessar a multidão [com meu carro], buzinando constantemente para que me deixassem seguir meu caminho, lentamente, até o portão da frente.

Tio Vester, ao me ver, abriu o portão, permitindo-me dirigir pela mesma calçada da frente que eu dirigira nos últimos dez anos.

Desta vez, no entanto, era um mundo bem diferente. Fui tomada por um sentimento estranho, sabendo que Elvis estaria deixando a casa que ele tanto amou, pela última vez naquela tarde.

Tudo parecia tão diferente naquela manhã. Não era incomum ver um ou dois carros estacionados em frente a Graceland quando me dirigia para lá, todas as manhãs. Mas, nessa manhã em particular, um monte de carros estava em todos os lados.

Dirigi pela parte de trás da casa e fui surpreendida por uma variedade ainda maior de carros estacionados por todos os lados. Pude, afinal, encontrar uma vaga no estacionamento, bem longe de onde eu normalmente estacionava.

Mesmo antes de sair do carro eu podia sentir uma sensação de perda e tristeza pairando sobre toda a propriedade, como uma nuvem.

Após entrar e falar com Pauline e Mary, que já estavam na cozinha preparando as refeições para o longo dia que viria pela frente, fui ao quarto da vovó para ver como ela estava. Encontrei-a sentada em sua cadeira de balanço conversando com tia Delta, sentada em outra cadeira, ao pé da cama.

Estavam somente as duas no quarto. Era evidente que vovó chorara há pouco, mas, com seu típico temperamento forte, dava mostras de que iria aguentar. Os olhos de tia Delta também estavam vermelhos.

Depois de servi-las com café, e tendo a certeza que elas não precisavam de mais nada no momento, limpei a sala de estar, a sala de jantar e o quarto da selva. Depois desci ao porão, esvaziei cinzeiros, recolhi o lixo e dei uma faxina geral, procurando deixar o lugar apresentável.

Nos dois últimos dias tinha visto centenas de membros da família, amigos, conhecidos empresários, policiais e pessoas que tiveram sorte o suficiente para passar pelo segurança no portão da frente, e ali estavam para prestar condolências.

Naquela ocasião todos tentavam ajudar da melhor maneira que podiam, o que significou um monte de bagunça para limpar em todos os cantos da casa; e eu, assim como os demais funcionários de Graceland, senti um profundo senso de obrigação de manter aquilo que fora o orgulho e alegria de Elvis.

Tendo terminado de limpar o porão, retornei ao primeiro andar.

Em algum momento no decorrer do dia eu vi o Coronel Parker, empresário de Elvis, em Graceland. Embora suas visitas não fossem tão incomuns, parecia estranho vê-lo naquele dia.

Ele chegou, vestido com sua habitual camisa e calças folgadas, ostentando um chapéu esportivo de marca e mastigando um gordo charuto. Meu primeiro pensamento foi que ele vinha prestar suas condolências. Ele e Vernon entraram na sala de jantar, onde estiveram entre vinte minutos e uma hora. Enquanto eu lhes levava algo de beber, notei que o Coronel estendera alguns papéis à frente de Vernon.

Dentro de Graceland (Nancy Rooks)Onde histórias criam vida. Descubra agora