Capítulo Dezoito

3K 291 13
                                    

Homens são tão idiotas!

Júlia puxou duas camisetas da arara a sua frente e colocou-as dentro da cesta que carregava. Estavam no hipermercado há vinte minutos e enquanto os homens compravam mantimentos, ela e Teodora escolhiam algumas roupas para a segunda usar. Júlia poderia ter emprestado suas roupas se Teodora não estivesse tão magra.

Ela puxou mais uma blusinha e xingou Rodrigo mentalmente mais uma vez. As duas mulheres passaram horas arrumando o cabelo de Teodora para ajudá-la a sentir-se mais feliz com o que via no espelho e o idiota nem tinha tido a decência de elogiar sua aparência.

Teodora comentou com ela que tinha passado a noite encolhida na cama, porque estar perto de Rodrigo trazia muitas lembranças com as quais ela não queria lidar. Ela queria que ele a tratasse bem, mas ao invés disso ele a tratava como uma boneca de vidro, tocando nela como se tivesse medo – ou talvez fosse nojo.

É extremamente difícil para uma mulher sentir que um homem a trata com menosprezo ou como se fosse frágil demais, mas se torna ainda mais difícil quando o homem em questão é aquele por quem você nutriu uma paixonite e, ainda, quando você superou coisas realmente difíceis.

Para Teodora, ver Rodrigo trata-la como uma estranha mulher danificada, era doloroso demais, e Júlia sabia disso. Para piorar a situação, Rodrigo pensava que a mulher tinha medo de homens, quando mais parecia que ele tinha medo dela.

– Eu não posso acreditar que eles cobram tão caro por uma camiseta de tecido tão vagabundo.

Júlia virou-se para encontrar Teodora, ela tinha apenas algumas poucas peças nas mãos. Realmente um mercado não era o melhor lugar para se comprar roupas, mas Enzo tinha sido categórico ao afirmar que eles não fariam outra parada até metade do dia seguinte. Como ele iria aguentar dirigir toda a noite e ainda parte do dia seguinte, ela não sabia, mas ele também garantiu que não a deixaria tomar a direção, por ser "muito perigoso"... Perigoso por causa dos criminosos ou por que ele acreditava que ela dirigia mal?

Idiota, mas ainda assim ela queria poder leva-lo para o banheiro do mercado de transar com ele até perder a função das pernas.

– E nem são roupas bonitas. Basta separar as menos piores e então eu faço o Enzo parar em uma loja de verdade amanhã.

– Foi por isso que eu aprendi a costurar quando era mais nova... Minha mãe era costureira e me ensinou, passei dois anos costurando as minhas próprias roupas até que uma garota da escola começou a me zoar por isso, então eu desisti.

– Eu tentei costurar uma vez... –ela buscou em sua mente a lembrança e então estremeceu. –Foi na máquina da minha tia e ela disse que, de alguma forma, eu consegui quebrar a máquina... Não teve conserto, ela precisou comprar uma nova.

Teodora riu e o som era lindo. Júlia queria que ela risse sempre, sua mente já imaginando como aquela mulher era antes de ter sido tirada de sua vida para o mundo do tráfico de pessoas.

Aquilo que elas estavam fazendo, escolher roupas e depois seguir para o corredor das besteiras gulosas, era algo que ela sentia falta há muito tempo. Mesmo antes de tudo acontecer, ela tinha estado tão compenetrada no trabalho que não teve tempo para sair com as poucas amigas que tinha feito nos últimos anos, o que resultou no afastamento delas. Era meio arriscado dizer aquilo tão cedo, mas ela sentia que Teodora era sua primeira amiga em muito tempo.

– Pipoca! –Júlia virou-se para ver Teodora com dois pacotes de pipoca de micro-ondas em mãos. –Será que poderemos fazer pipoca?

– Com certeza, assim que os homens decidirem onde iremos ficar, teremos uma noite de meninas com pipoca e filmes!

De Encontro ao Perigo [LIVRO UM - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora