De Encontro ao Perigo [LIVRO UM - COMPLETO]

Capítulo Cinco

Antes tarde do que nunca! haha

Boa leitura!

***

– Que merda foi aquela lá no apartamento?

Enzo olhou para seu parceiro, estavam deixando a delegacia pela noite. Já passava da meia-noite e ele sabia que sua noiva estaria furiosa pelo horário que chegaria em casa. Seu humor estava péssimo e ele não queria discutir o assunto com Rodrigo, mas sabia que o parceiro não ia deixar aquilo de lado tão fácil. O melhor seria falar logo de uma vez.

– Não foi nada... –ele suspirou, parando em frente ao seu carro. Rodrigo poderia ter ido embora, mas ao invés disso o tinha acompanhado até o veículo para poder fazer sue interrogatório.

– Nada? –ele riu alto, atraindo a atenção de um transeunte que passava pela calçada. Rodrigo gostava de chamar atenção, sempre. –Você estava quase comendo a mulher quando eu entrei no quarto... Ok, tudo bem que ela é bem gostosa, com todas aquelas curvas e peitos, mas, cara, ela é uma testemunha e você tem uma noiva! Noiva!

– Cala a porra da boca! –Enzo explodiu, mas logo diminuiu o tom de voz, não daria essa satisfação ao parceiro. Ele virou-se para Rodrigo, com a mão na maçaneta do carro, querendo apenas entrar e ir embora, mas o homem parado diante da porta o impedia. –Isso não é da sua conta, mas eu vou apenas dizer que já a conheço do meu passado...

– Como isso não é da minha conta? Você já transou com a testemunha? Porque a tensão sexual era palpável dentro daquele quarto. Tenho certeza de que se eu não tivesse interrompido, em poucos minutos você estaria com o seu pau dentro dela!

Enzo quis socar o parceiro pelo modo como ele falava, mas não podia, afinal ele mesmo pensava que Rodrigo estava certo.

– Você sabe o que isso quer dizer? Se você já teve algum envolvimento romântico com a testemunha? –Rodrigo inclinou-se para mais perto dele, querendo deixar clara a importância de suas palavras. –Isso quer dizer que você não vai poder pegar o caso!

– O inferno que eu não vou! –Enzo puxou a porta aberta, não se importando se iria atingir o parceiro. Ele entrou no veículo, fechou a porta e abaixou o vidro para poder falar com Rodrigo. –Você vai manter esse bico fechado, porque não vai interferir em nada, certo? É algo antigo, não vai interferir... Eu não vou deixar o caso.

Dito isso, ele ligou o carro e partiu.

Não iria deixar o caso, estava esperando por uma oportunidade de chegar ao chefe do tráfico havia meses e não iria largar tudo por nada. E, além disso, era a vida de Júlia que estava em risco. Ele queria ter conhecimento e controle sobre tudo o que fosse acontecer, então não deixaria a segurança dela nas mãos de algum outro detetive idiota.

Enzo apertou o volante, com raiva, odiando ter sido interrompido, mas odiando ainda mais o modo como facilmente se esqueceu de sua noiva ao ver Júlia. Ele não era um traidor, ele não queria ser um... E ele não queria colocar Júlia nessa posição, de amante, por mais que ele quisesse tê-la em seus braços, em seus lábios...

Eu sou um cretino. Sua noiva estava esperando-o em casa, estavam noivos há quase dois anos, iria se casar com ela... Mesmo que as coisas não estivessem boas entre eles, ele a amava... Ou assim pensava.

Rever Júlia o tinha feito questionar se realmente amava tanto sua noiva e se valia a pena comprometer-se a um acordo vitalício com ela. Queria acreditar que toda essa dúvida advinha apenas do choque de rever sua ex-namorada da faculdade, mas sabia que não.

O reencontro com Júlia foi apenas a ponta do iceberg de questionamentos acerca do casamento. No começo, ele pensou que ela era boa o bastante para casar, eles se davam bem, o sexo era bom, e ele se importava com ela, queria cuidar dela... Mas ainda assim, não era como se ele sentisse algo muito profundo pela mulher.