Capítulo 10

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Pov. Autora – Ano 1830

1 mês depois

Lyla caminhava pela praia. O tempo nublado e a maré forte. Ela não se importava, pois queria ficar longe da família e de todas as regras.

Estava farta de todos. Talvez seria mais fácil simplesmente adentrar no mar e nunca mais voltar. Isso já não era mais questão de ser controlada todos os dias de sua vida. Ia muito além disso. Toda a sua alma gritava por Liberdade.

Ela começou na beira do mar até molhar os joelhos e consequentemente, o vestido volumoso que ela usava. Estava cansada do vestido também. Tudo tinha que ser nos termos certos, nas regras certas. Para Lyla, a vida não precisava de regras. Nada daquilo fazia sentido.

Ela rasgou o vestido até ficar na altura dos joelhos, afrouxou o espartilho e soltou a longa cabeleira loira, que antes era uma trança. E aproveitou cada momento. Ela se sentia mais livre. Como se pudesse voar.
Ela se distraiu olhando para o céu e seguia em frente. Cada vez mais fundo. Estava tão absorta em sua insanidade, que nem percebeu quando uma onda gigante a derrubou completamente no fundo e tudo ficou preto. Ela se debatia e tentava alcançar a superfície, mas a onda era forte demais. Ela não podia lutar contra a natureza.

Era o fim. Ela perdeu suas forças e desmaiou. Para ela, o Mundo se acabou.

Por sua sorte alguém a viu entrando no mar, inconsequentemente em um dia que a maré estava alta.

O homem, ao ver a onda que a atingiu, se jogou no mar para salvá-la. Ele agarrou seu corpo no colo e a levou para a areia o mais rápido que pôde. Ele sentiu que o pulmão dela continha água.

Ele respirou fundo e fez respiração boca a boca. No momento em que os lábios se tocaram, ele sentiu um pequeno choque percorrer seu corpo. Ele jamais havia sentido isso. Talvez tenha sido o choque do momento.

Talvez não.

Soprou todo o ar que pôde, ignorando a sensação nova. A garota tossiu e respirou fundo. Ela abriu os olhos e se assustou. Ela olhou ao lado para se certificar de onde estava. Depois olhou para o moço, hesitante:

- Nicholas?

Ele a segurava deitada em seu braço. Ela tossiu e abriu os olhos:

- Nicholas? Mas... Como?

- Parece que nossos reencontros se resumem em você em perigo, e eu a salvando... - ele sorriu - Fico feliz pela senhorita ter lembrado de mim.

- Eu não consegui esquecer - disse ela em um sussurro inaudível.

- O que disse? - ele perguntou

- Nada. - disse ela rapidamente - Eu agradeço por me ajudar novamente, mas agora eu preciso ir. Minha mãe deve estar a minha procura e...

- Você realmente se importa? - perguntou ele olhando para o mar - Até a poucos momentos atrás, você estava totalmente revoltada. Imergida em sentimentos e pensamentos de querer se libertar. Do que a senhorita quer se libertar?

Ela se perguntava como ele sabia disso, sendo que ele apenas observou seus movimentos.

- Escute - disse ela tentando encará-lo nos olhos. - O que eu faço e sou de minha vida é problema meu. E eu sinto muito por te desiludir, mas isso, essa coisa entre nós dois, não pode e não vai acontecer.

- Mas do que a senhorita está falando? Eu apenas a salvei de um afogamento.

Ele tocou o braço dela e ela se afastou, brava. Ele a olhou e sorriu mais ainda. Ele parecia se divertir com a raiva dela.

Uma Viagem ImprevisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora