Capítulo 24

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Pov. Sam

Me sentia cada vez mais longe a cada minuto que passava. Minha respiração estava fraca. Eu só via relances de imagens. Senti uma água gelada no meu corpo. Acho que Matthew, de alguma forma, tinha nos tirado da ilha.

Matthew. Como eu vou sentir falta dele. Eu não queria ir embora. Nem deixá-lo, nem o mundo. A gente devia ser feliz. Mas com muita dor, eu descobri que nem sempre isso será realizado. Falei algumas palavras finais para ele, que agora nem lembro quais foram.

Fechei os olhos para o mundo. Vi pequenos relances de minha vida passar diante dos meus olhos. Mas a parte interessante é que quase nenhuma imagem era da minha infância. Era quase toda composta da viagem. Toda composta de Matthew. E eu já sabia porquê. Ele se tornou toda minha vida.

Senti me transportando para longe e mais longe, mas algo me puxou de volta. Isso deveria acontecer?

- Sam - sentia uma voz feminina me chamando - Preste atenção. Você não pode ir agora.

- O quê? - repeti atordoada. Fui levantada pela mulher. Recuei quando percebi que era Lyla.

- Calma. Não se assuste. Quero que você saiba que eu mudei. Eu não vou fazer nenhum mal a você.

- Sua maluca! Você me matou e depois muda de ideia.

- Por isso eu vim para cá. Você não pode morrer agora Sam.

- Como se fosse uma escolha...

- Na verdade é e não é. Você precisa ter força de vontade. Nesse momento, você está sendo socorrida por paramédicos do navio. Se tudo correr com sucesso, você irá voltar.

- Eu não entendo - disse confusa - Antes você tentava me matar. E agora você está me salvando. Por quê?

- Porque eu aprendi que apenas o amor e o perdão pode libertar as pessoas. Eu não posso mudar o passado, mas eu consigo moldar o futuro.

- Como você mudou tanto? E tão rápido?

- Ahh. Não foi tão rápido assim. 200 anos é muito tempo - ela riu um pouco - Quanto aos motivos. Bom... Eu percebi que viver com ódio não iria adiantar. Todos têm seus motivos

Eu assenti. Quando menos percebi estava sendo arrastada de volta por uma força descomunal. Eu consegui.

Lyla sorriu:

- Vá. E Sam, eu espero que um dia você possa me perdoar.

- Eu já te perdoei Lyla. E eu espero que você consiga se libertar.

- Só há mais uma coisa que preciso fazer.

Dizendo isso, ela sumiu e acordei sobressaltada em uma maca de hospital. Os médicos me olharam impressionados.

- Mas isso é impossível. Ela havia chegado sem batimentos.

Sentia uma forte dor de cabeça. Mas estava viva. Estava respirando. Era isso que importava.

Não consegui falar mais nada ao médico a não ser:

- Chame Matthew agora!

Ele olhou para mim com uma cara de quem não entendeu. Mas um comissário atrás dele respondeu.

- É o garoto que estava junto com ela

- Bom, então chame-o - disse o médico. O comissário saiu e ele olhou pra mim.

- Aconteceu um milagre hoje. Não como você simplesmente voltou a respirar, mas se eu fosse você eu jogava na loteria.

Ri fracamente.

- Obrigada por me salvar, doutor.

- Eu literalmente não fiz quase nada. Você deve ter um santo muito bom te acompanhando.

- É... Pode-se dizer que sim - disse encerrando a conversa.

O médico me passou uma receita com remédios e alguns conselhos, quando ele chegou. É como se o meu coração tivesse parado novamente, mas de uma maneira feliz. Seus olhos estavam inchados como se ele tivesse chorado, mas nesse momento, ele estava sorrindo muito. Seus olhos verde-mar tinham a intensidade de uma densa floresta.

O médico saiu de fininho nos deixando a sós. Ele veio em minha direção. Meu coração batia forte.

Não consegui me segurar e levantei rapidamente. Seu sorriso desapareceu.

- Sam. Você está maluca. Você acabou de passar por uma...

Coloquei o dedo na boca dele:

- Shhh.

Eu me aproximei jogando meus braços em volta dele. Ele segurou minha cintura. Eu o beijei ternamente e demoradamente.

Era como nosso primeiro beijo naquela ilha maluca. Ambos os dois estavam sempre machucados e confusos. Mas agora eu tinha certeza de que eu o amava. E eu tinha certeza que era com ele que eu queria ficar.

Nos separamos por um momento:

- Você é maluca de se levantar, senhorita imortal.

- Eu não me importo. Não consegui me segurar, senhor imune a venenos.

- Eu sei que sou muito irresistível, mas você precisa se controlar - riu ele

Dei um soco no ombro dele:

- Idiota.

- Agora deite-se, Sam. Você acabou de fazer uma cirurgia. Está cansada.

Eu me deitei novamente.

- Você ficará aqui comigo né?

- Até toda a eternidade... - disse ele

Eu apertei a mão dele:

- Prometa

- Eu prometo...


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