Capítulo 12

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Pov. Autora – Ano 1830 (Nicholas)

Dez da noite, Nicholas chegava em casa. Sua simplória casa de operário, onde sua família morava. Seu pai havia morrido há um tempo e agora era só ele e sua mãe, que estava extremamente doente. Uma doença até então desconhecida, mas que a definhava aos poucos

Ele entrou em casa com cheiro de sopa no ar. Pelo menos esta noite, eles teriam um jantar. Seria bom para sua mãe um pouco de comida quente.

- Olá mamãe - disse chegando perto da cama onde estava deitada. Ela estava de olhos fechados, mas sorriu a voz da única pessoa que ainda estava em sua vida.

- Filho... Chegou cedo. - sua voz estava rouca. – Eu queria te perguntar - disse ela com os olhos marejados. - Você promete ser feliz a todo custo quando eu....

- Mãe - disse Nicholas a interrompendo com lágrimas nos olhos - Não fale isso. Você vai ficar...

Ela o cortou:

- Nick... Ambos sabemos que eu não vou sobreviver.

Ele começou a chorar e a abraçou.

- Eu prometo mãe.

Ela sorriu:

- Que ótimo... Pelo menos tudo o que eu tenho ficará guardado.

Ela pegou no rosto dele e sussurrou:

- Nick... Eu quero que você nunca se esqueça de que na nossa vida, sempre fomos muito pobres, mas a maior riqueza nunca faltou: O amor... Leve isso pra você sempre, pois um dia você vai achar alguém que valha a pena entregar essa riqueza...

Ele ficou acariciando o cabelo da mãe, orando por ela. Apenas quando tinha certeza que ela havia dormido, ele sussurrou:

- Eu acho que já achei mãe...

Ele olhou no relógio novamente e saiu apressado de casa, deixando sua mãe na cama. Estava quase na hora.

Nicholas não tinha certeza se ela iria aparecer, mas ele acreditava que sim. Desde que ele viu Lyla, sentiu algo diferente. Ele odiava sentimentos desde que coisas horríveis aconteceram com quem ele amava. Sua mãe, seu pai.

Mas ele não pôde evitar pensar em Lyla todos os dias, mesmo não a conhecendo. "Pare com isso" ele dizia a si mesmo "Ela nem nota você e nunca iria ficar com alguém como você. Ela é uma dama e você é só um operário." Mas como Nicholas não desistia, ele tentava se manter otimista.

Ele andava observando as luzes da cidade acordada. Era sexta feira e muitos estavam aproveitando a noite de descanso. O vento arrastava as pequenas folhas e tinha uma brisa sinfônica, que dançava com os cabelos negros e bagunçados de Nicholas.

Ele parou abruptamente quando viu uma pequena criança perseguindo um vagalume numa rua movimentada. Sua mãe estava gritando do outro lado pra que ele voltasse. Mas o menino não ouviu. De repente, uma carruagem desenfreada veio em sua direção, não parecendo notar o menino. E os cavalos, frenéticos, não iriam parar a tempo.

Sem pensar, Nicholas correu e o puxou com força para trás bem no momento em que a carruagem ia atropelá-lo e atravessou a rua na direção da mãe que gritava desesperada

Nicholas entregou a criança assustada nos braços da mãe, que sorria emocionada:

- Ai Meu Deus. Meu pequeno Jamie... Senhor, como posso lhe agradecer?

Nicholas apenas sorriu e balançou a cabeça:

- Você não precisa fazer nada, senhorita. Apenas guie seu filho com todo o carinho e amor que a senhora possa dar. Toda vida é valiosa, como cada gota de água em uma tempestade. Em cada obstáculo da vida, ensine-o a superar e nunca desistir. E assim já estarei grato o suficiente.

Uma Viagem ImprevisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora