Casas mal assombrada é pouco

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Narrado por Bianca

- Está melhor José? - Perguntei quando ele terminou de vomitar.
José ainda estava ajoelhado no chão, ele tinha bebido muito, estávamos na porta do corredor, somente nós quatro os outros estavam todos na festa.
- José - Chamou a Alice - quer um copo com água?
- Eu estou... bem - Ele respondeu e tentou se levantar.
Ele cambaleou um pouco e o Marcos o segurou, José virou e me olhou nos olhos, mesmo seus olhos sendo azuis, o olhar dele estava escuro, sem o brilho que sempre teve.
- Desculpas gente - Ele falou e começou a chorar - eu sou um idiota - Ele abraçou o Marcos e começou a chorar.
- Cara você está bêbedo - Disse o Marcos - mas não chora, tenta se recompor.
- Eu sou burro - Ele começou a bater na própria cabeça.
- José - Eu fui até ele, ele largou o Marcos e me abraçou - você não é burro - Eu disse - você só não está bem, mas estamos aqui e te amamos, agora vamos entrar naquelas casas e ir embora, vou dormir na sua casa hoje para você não ficar só.
- Bianca consegue fazer isso? - Perguntou a Alice.
- Sim Alice - Respondi - acima de tudo ele é meu melhor amigo.
- Vamos gente - Marcos disse.
Marcos  ligou a lanterna e foi na frente a Alice foi logo em seguida e por último entrou o José e eu.
O corredor era estreito só dava de ir em fila indiana, José foi na minha frente, ele se encostava na parede uma vez ou outra para não cair ou vomitar.
Atravessamos o corredor escuro e sem nada de especial, a primeira casa era somente a cozinha, abrimos a grade que a protegia, ela era amarelo, mas a tinta estava desbotada, abrimos outra porta que levava para um lugar vazio, a não ser pela pia que tinha no canto esquerdo e um armário com algimas louças lado da pia.
- Parece que aqui não tem nada de especial - Eu disse.
Marcos iluminou debaixo da pia, tinha um líquido vermelho escuro cobrindo toda a parede da pia.
- Me diz que não é - Me deu vontade de vomitar e eu virei de costas.
Marcos andou até lá, se agachou e olhou mas um pouco para o sangue.
- Parece ser sangue de animal - Ele disse - e está velho pois já está seco.
- Eles poderiam limpar isso aí - Disse a Alice.
- Vamos sair daqui por favor - Disse o José.
Saímos da cozinha e andamos pela grama úmida, paramos em frente a porta toda enferrujada da segunda casa, estava acorrentada e trancada por um cadeado.
- Essa casa esta trancada - Marcos disse.
- Me dá uma chave - José disse e subiu a escada de dois degraus que levava a porta da casa.
Peguei uma chave do meu bolso e ele pegou, ele mexeu cerca de dez segundo no cadeado e tirou a corrente.
- José você é demais - Disse o Marcos - até bêbado.
- Eu sei - José brincou.
Ele tentou abrir a porta, mas estava emperrada, ele chutou a porta duas vezes e ela abriu.
Entramos na casa e ela estava fedendo a bicho morto, o primeiro cômodo só tinha coisas velhas, cadeiras enferrujadas, matérias para decoração.
José puxou um pedaço de tnt e alguns objetos caiu no chão, sentir algo passando pelo meu pé e gritei, Marcos iluminou onde eu estava e vi que era um monte de rato saindo dos objetos.
- Que nojo - Gritei - que nojo, que nojo - Comecei a pular feito doida para que nem um rato passasse mais pelo meu pé.
- Calma - Disse o José rindo, ele me pegou e me segurou como se eu fosse um bebê.
- Seu idiota - Eu ri e bati no peito dele e ele sorriu de volta - você está bêbado.
- Estou melhor - Ele disse.
Eu estava feliz por ele está me ajudando, tinha nojo de rato, mas está tão junto a ele, sentir seu abdômen me esquentando, sentir sua pele quente em mim, esta me destraindo completamente e o que dizer daquele sorriso dele, até bêbado ele era lindo, e isso me irritava. Bati nele de novo e ele me olhou assustado.
- O que foi? - Ele perguntou.
- Por que você é lindo - Falei a verdade - e isso me irrita. Agora pode me colocar no chão.
Ele me colocou cuidadosamente só chão e seguimos reto, entramos em um corredor que formava um ângulo de cento e oitenta graus, o corredor era oval.
Marcos entrou na última porta do corredor, ele abriu, a sala estava com um cheiro horrível de gente morta, mas mesmo assim nós entramos, sentir alguma coisa líquida nos meus pés.
Esbarrei em alguma coisa e no mesmo instante a Alice gritou, Marcos iluminou onde ela estava e vimos no que tínhamos esbarrado.
A sala estava cheia de carnes penduradas do teto até próximo ao chão, e o líquido do chão era sangue.
Me curvei e vomitei, Alice fez o mesmo, José veio e segurou meu cabelo para mim.
- Me diz que essa carne não é de gente - Alice disse.
- A carne é de porco a vaca - José respondeu.
- Como você sabe? - Perguntei.
- Olha naquele vidro - Ele apontou para trás de mim.
Marcos iluminou e dava para ver várias vacas e porcos mortos no chão, isso explicava o odor agonizante do lugar.
- Gente vem aqui - Marcos chamou.
Corremos e ficamos perto do vidro, no fundo da outra sala está uma menina loira de branco, sabia que não era à Marina pois ela era morena, mas queria saber quem era.
Ela sumiu e em questão de um segunda ela apareceu em frente o vidro e gritou, eu e a Alice gritamos juntas, o vidro ficou cheio de sangue e o mesmo aconteceu com a menina que desapareceu e ficou somente a mensagem no vidro " Cuidado para não morrer".
- Gente vamos sair daqui - Disse o José.
- Eles não vão nos matar - Disse a Alice - isso pode deve ser para nos assustar, lembra que você disse que eles não podem nos matar.
- Você que sabe - José respondeu e foi para o corredor.
Nós o seguimos e ele entrou na sala onde vimos a menina e os animais mortos.
Marcos iluminou a sala, no canto atrás da porta tinha uma cama, eu jurei que tinha alguém deitado lá e me afastei dando três passos para trás, bati em um porco morto e me desequilíbrei.
Estava quase caindo, mas o José me segurou e eu o abracei, não queria cair em uma poça de sangue.
- Obrigado - Sussurrei.
- E na cama não é uma pessoa é um monte de móveis - Ele respondeu parecendo que lia meus pensamentos.
- Ali tem outra porta - Disse o Marcos.
Andamos até lá e a Alice abriu a porta que levava para o corredor.
- É isso que essa porta serve? - Perguntou a Alice - para que duas portas que leva ao mesmo lugar.
- Agradeça filha - Eu disse - não tenho mais nada para vomitar e se eu visse mais animais mortos, eu vomitava as tripas, agora vamos sair dessa casa maldita.
Saímos da casa e voltamos a noite pouco estrelada de Araguaina.

Série Cemitério: Eles não foram embora. Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora