The Black Box Agitation

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Em um belo sábado em Pasadena, as pessoas tiraram o dia para passear ao ar livre. Ou melhor, dizendo, pessoas normais. Porque o Dr. Cooper resolveu usar seu dia de folga para dar uma faxina no apartamento. Seu colega de quarto, Leonard, saiu de casa antes que Sheldon terminasse a frase sobre arrumação, que sempre gerava uma dor de cabeça com as inspeções minuciosas do maníaco por organização e limpeza.

- Bom, farei eu mesmo tudo sozinho. – resmungou Sheldon. – É como dizem: se quer algo bem feito, faça você mesmo.

Ele resolveu começar por seu próprio quarto. Apesar de ser um quarto rigorosamente limpo e organizado, algo o estava incomodando. Ele simplesmente sentia que precisava tirar tudo do lugar e reorganizá-lo novamente. Sheldon deu uma bela olhada pelo quarto, como um cyborg procurando milimetricamente algo fora de seu lugar, ou que deveria mudar. Moveu sua cama um pouco mais para a esquerda.

- Agora sim. – disse ele para seu quarto.

Decidiu também mudar sua cômoda de gavetas. Um pouco mais pesada do que ele pensava, teve que se esforçar bastante para movê-la. Como se a cômoda se desprendesse de algo ela deslizou bruscamente demais, fazendo alguns objetos que estavam sobre ela, se espatifarem ao chão. Ouve um barulho de algo se quebrando. Sheldon praguejou alguma coisa e se agachou para pegar os objetos. Um cubo mágico em 4D, um mini Gandalf sentado sobre uma rocha e um porta retrato, que foi o responsável pelo tilintar de vidros. Sheldon o pegou com cuidado se levantando. Ele sorriu com a lembrança daquela foto.

- Eu e Harrison Ford.

Em uma quinta feira de feriado, Amy insistiu para que Sheldon a acompanhasse até sua loja de artesanato favorita fora da cidade. Ele aceitou, porém vestiu sua carranca mais entediada que tinha. Após varias reclamações vindas dele, Amy o levou para almoçar em um restaurante, onde por acaso sentaram bem ao lado de um de seus atores favoritos, Harrison Ford, o Indiana Jones e o inesquecível Han Solo.

- Hum – murmurou uma risada. – Não acredito em coincidência, mas essa eu não pude negar.

Ele colocou o quadro de volta a cômoda e começou a catar os cacos de vidros no chão.

- Droga. – ele praguejou, quando um pequeno vidro cortou seu dedo indicador.

Sheldon apertou a ponta do dedo vendo o vermelho escarlate escorrer. Foi um corte de nada, porém para ele era como se tivesse levado um tiro, pois detestava ver sangue. Correu até seu guarda roupas e tirou a caixa de primeiros socorros. Limpou o dedo com uma gaze, pingou uma gota de remédio para desinfetar e colou um band-aid. Aquilo o impediria de ver o sangue e desmaiar. Quando foi guardar a caixa ao fundo de seu guarda roupas viu uma outra caixa azul claro.

- Nem sabia que isso ainda estava aqui. – disse para ninguém em especial.

Ele se sentou na beira da cama, pôs a caixa em seu colo e abriu. Sheldon ergueu suas sobrancelhas de surpresa, com tantas lembranças que havia ali dentro. Apesar de a caixa ser azul claro, ele gostava de chamá-la de "Caixa preta", como a dos aviões. Era ali dentro que ele guardava as coisas que ele considerava importantes para ele. O ingresso da primeira vez que ele foi a uma comic-con. Um certificado de nunca ter faltado ao trabalho na CalTech, inventado por ele mesmo. Algumas fotos de sua vovozinha, e outras de seu querido avô antes de falecer. Um artigo de uma revista científica falando sobre sua genialidade aos quinze anos. Sheldon vasculhou mais e encontrou algo diferente, não era uma de suas conquistas e nem sobre seus lazeres de nerd. Era uma passagem de trem. Aquela de quando ele beijou Amy pela primeira vez, no dia dos namorados. Isso o fez voltar àquele dia e lembrar.

Depois de recordar, ele abandonou esse pensamento e voltou a mexer na caixa. Outra coisa que não se encaixava nos padrões da caixa preta. Sheldon encontrou uma foto dele e Amy juntos, no dia que as meninas criaram um baile no terraço. Ele lembrou que odiou a idéia de começo, mas depois de insistirem ele foi. Lembrou também que foi nesse dia que ele disse a primeira vez que amava Amy. Desta vez ele deixou escapar um sorriso.

The Shamy LocomotiveOnde histórias criam vida. Descubra agora