Prólogo

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Em determinados momentos da minha vida alguém me presenteava com um "diário", e eu assistia series e filmes onde as garotas escreviam em diários, então eu achava isso super legal, porem sempre que abria meu diário vinha em minha mente o problema...

O que vou escrever?

A proposta de um diário é que você relate suas experiências diárias, que se escreva todos os dias, mas e se você esquece de escrever? Ou pior, se não tem nada para escrever?

Seria muito chato todas as páginas conterem o mesmo tema "Acordei, escovei os dentes, fui para escola" ou seja apenas a rotina. Porque no meu caso seria exatamente isso, sabe aquela pessoa que não tem nada de especial, nada que queira contar, porque sua vida é realmente tediosa e sem graça? Essa sou eu!

Meu nome: Sarah.

O ano sobre o qual vou relatar nesse diário é de quando eu tinha apenas dezesseis anos, a idade mais maravilhosa, a fase onde a vida adulta está próxima, a infância se foi e... Você está no meio de ambos, "você é muito nova para isso" e "não tem mais idade para aquilo".

Essa é a adolescência, o meio termo. Quando não é adulto e nem criança, novo demais para fazer algumas coisas e velho demais para fazer outras, como brincar e ver desenhos animados.

É então quando você sente que tudo mudou, que você não é mais aquela criança que gosta de brincar de bonecas e se gostar as pessoas te julgam por isso. Se você gosta de ver desenhos animados, suas amigas te julgam, é quando tem muito julgamento e pouca compreensão, todos dizem compreender, mas a verdade é que ninguém é igual a ninguém, cada um lida com essa mudança de forma diferente.

Meus pais não entendiam isso, para eles deveríamos ser iguais, então era comum escutar "Você é chata, sua irmã gosta de tal coisa", ótimo que ela goste, mas eu não sou ela. Porem quem eu era afinal das contas?

Apenas a pessoa chata que não escrevia em seu diário, porque seus dias eram entediantes e não tinha nada para relatar?

Eu era o que havia escolhido ser, mas eu nem mesmo sabia o que havia escolhido ser... A única coisa que eu sabia, era que tudo parecia igual e sem cor.

A ovelha negra, diferentona, esquisita, todos esses rótulos costumavam me incomodar, eu não entendia porque era diferente nem mesmo o porquê, ser diferente era algo tão ruim... Mas aparentemente era, e isso me deixava transtornada, por muito tempo me senti triste e perdida, não me encaixava nos círculos de amizade.

Então chegou a internet... Se ser adolescente hoje em dia é difícil, imagine em 2002 quando a maior parte das pessoas não tinham sequer computador em casa, os celulares serviam apenas para ligações ou jogar o jogo da "cobrinha". Então eu posso dizer, era bem pior.

Com a chegada da internet, me encontrei, porque haviam pessoas que pensavam como eu, outras adolescentes que gostavam das mesmas coisas que eu, mas como diz o ditado "felicidade de pobre dura pouco", sim a minha felicidade sempre durava bem pouco, vamos as minhas lembranças então...


Um Conto (NADA) Encantado [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora