La estava eu no supermercado (sim, porque minha mãe insistia que, fazer grandes compras era a melhor economia existente), porque compras era algo que fazíamos mensalmente.
Agora vamos entender um pouco da minha família, para minha mãe, comprar vinte tubos de um produto a um preço baixo, era o ideal, independente se com esse dinheiro ela pudesse adquirir um produto que fazia a mesma coisa e com menos embalagens e peso.
Então quantidade é melhor que qualidade, esse é o lema! Se é barato então é bom, certo? Em alguns casos é errado. Mas nossas compras sempre eram feitas com os produtos mais baratos que poderiam ser encontrados nas prateleiras, sem contar as viagens, sim, porque ela ainda ia passar em uns quatro supermercados para procurar as ofertas, sem considerar o tempo e o combustível gastos nessa "aventura".
— É! Eu acho que essa lata de milho é a mais barata – comentou minha mãe contente com seu achado, olhei em toda a prateleira.
— Não mãe, tem aquela ali – apontei para outra marca ainda mais desconhecida do que aquela que ela segurava, por dentro eu sempre sentia certa indiferença.
— Nossa você é incrível! Olhos de águia! – exclamou feliz indo em direção a melhor oferta, enquanto eu olhava com indiferença.
Tudo para mim era comum e indiferente, depois que você vive durante anos na mesma rotina, as coisas que parecem estranhas, são comuns.
Minha mãe, era uma senhora de meia idade com estatura baixa, cabelos bem curtos, olhos castanhos, atualmente seu cabelo estava louro, pois ela trocava bastante as tonalidades do cabelo (Dizem que quando os cabelos brancos aparecem, as tinturas de cabelo entram em ação), era rechonchuda, mas sempre achei minha mãe bonita, independente se era magra ou não.
Acho que era o sentimento inverso de mães para filhos, para as mães sempre somos bonitos, mesmo quando parecemos um zumbi carcomido, então para nós a regra é a mesma, nossos pais são bonitos independente do que os outros pensem ou falem.
Ela não era a pessoa mais esperta do mundo quando se tratava de economia doméstica, mas era uma pessoa realmente simples.
Odiava ir ao supermercado com ela, geralmente delegava essa tarefa para a minha irmã do meio Diana, nesse dia em especifico resolvi ir junto na esperança de conseguir convencê-la de comprar algo bom, quero dizer, não me importava com marcas ou coisas do tipo, para a minha idade eu era realmente uma pessoa desencanada com esse tipo de coisas, mas será que é algum tipo de pecado esperar que ela compre chocolate as vezes? E eu digo chocolate não aquela coisa com gosto de gordura marrom, porque esse era o comum, como eu disse antes sempre o preço a frente de tudo.
— Vou olhar os shampoos – falei entediada e ela acenou enquanto anotava em sua imensa lista de compras escolhendo então o próximo alvo.
Shampoos era outro tópico que me trazia ao mercado, meu cabelo era simplesmente um caos! Por esse motivo vivia preso. Ele era praticamente um meliante, quando você solta ele "arma uma arapuca", preso ele se comporta. Meliantezinho da pior categoria!
Não era liso, nem cacheado, ficava no meio termo e eu não sabia lidar e nem o que fazer, eu esperava que algum condicionador que custasse alguns trocados a mais, resolvesse meu problema, mas o máximo que podia fazer era cobiçar os melhores da sessão perfumaria.
Cheguei na sessão de shampoos e fiquei cobiçando um novo condicionador, mas quando olhei o preço dele e do seu companheiro do lado suspirei sabendo que ela jamais levaria, quem sabe se eu pudesse cuidar do cabelo, ele não se comportasse de forma tão impossível? Mas minha mãe apenas diria "que frescura suas irmãs usam o mais barato, qual o problema?".
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Um Conto (NADA) Encantado [CONCLUÍDA]
ChickLitTodos sempre insistem em dizer que a adolescência é uma fase de transição, onde não se é criança nem adulto. Afinal, não temos os direitos e nem as responsabilidades de um adulto, mas também não podemos apenas brincar o dia todo. Uma fase difícil...