13 - Final feliz?

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As vezes tudo doe, mas ter a força para seguir seus sonhos, é a parte mais importante do significado da palavra "crescer".

Quando se pensa na dor de um relacionamento rompido, você não espera que seja assim, como se faltasse um pedaço, você sente uma bola na garganta, qualquer coisa que digam te leva a pensar "eu fazia isso com ele" com uma torrente de lágrimas.

Não sente fome, sede ou vontade de qualquer coisa, a única coisa que você quer é ficar sozinha na sua cama, mas suas amigas não vão te deixar sozinha, porque ficar sozinha é muito pior.

Você não se sente bem, mas fica suportável quando uma espécie de "vazio" toma conta do seu cérebro, essa sensação torna-se um balsamo, te dá forças para continuar, pois a vida é um ciclo contínuo, nada faz ela parar, pessoas morrem, relacionamentos terminam e a hora continua passando, dando espaço para novos dias, semanas e você precisa continuar caminhando.

Assim, passaram-se duas semanas depois de minha conversa com Wagner, não liguei para ele, não fui atrás, não achei que seria certo, entendi muito bem o que sua partida significava, apesar da dor, ele fez sua escolha e eu a minha.

Chegou então o dia da partida, lá estava eu no aeroporto esperando meu voo, já me sentia conformada, pois essa é a única palavra que me parece correta.

Alice e Débora foram a cafetaria comprar um café, Taty não veio, teve que ir a um compromisso inadiável, meus pais não paravam de se alternar para me abraçar, minha avó tinha ficado na casa da minha tia, que bom, porque não me sentia inclinada a receber suas palavras ácidas. Ainda lembro o que ela disse no dia seguinte da conversa com Wagner "Bem que imaginei que aquele rapaz fosse um estrupício, nunca me enganou".

Minha avó sempre uma verdadeira imagem de limão.

Minhas condições agora eram bem simples, estava indo morar em um tipo de republica, com mais quatro garotas, estava levando uma bolsa de mão apenas, minhas malas já haviam sido despachadas.

Meus pais se afastaram para conversar com duas senhoras próximas a mim, e eu avistei um rosto conhecido na multidão, ele vinha correndo e empurrando as pessoas, Renato sempre mais alto que os outros, antes de parar na minha frente me abraçou.

— Se precisar de muamba da boa, estou na atividade – anunciou alegremente.

— Como assim?

— Estou vendendo algumas series de anime em DVD artesanal, qualidade boa! – ele me soltou sorridente.

— Você está fazendo pirataria? Isso é crime Renato! – o repreendi.

— Pirata não, que coisa mais feia de se falar – ele se fez de ofendido – Até parece que estou com um tapa-olho e um papagaio no ombro, são DVDs artesanais! Faço em casa com maior carinho, então é artesanal.

— Desisto – gargalhei.

— Mas não se preocupe, vou começar a fazer educação física esse ano – ele piscou para mim.

— Que ótimo, só espero que não fique só no bar da faculdade – alfinetei, ele apenas deu um sorriso maroto.

Ricardo apareceu do lado do Renato, e me abraçou.

— Esse imbecil saiu correndo, não ia correr também – explicou - Vê se não esquece de nós.

Ele andou meio deprimido nos últimos dias também, parece que saiu três vezes com uma garota, disse a ela que estava apaixonado, pelo que entendi logo no terceiro encontro o ele estava planejando o casamento de ambos. Bom, encurtando a história, ele tomou uma boa bota, andou perseguindo a pobre moça, chorando pelos cantos e agora parece melhor.

Um Conto (NADA) Encantado [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora