Se minha avó tivesse um filme inspirado em sua vida, seria "O diabo veste roupa de 1,99 R$"
Após o café da manhã a faxina da casa havia sido completamente esquecida, ela estavam se arrumando para ir até a perfumaria (para o meu alivio).
Não é que eu não goste de fazer faxina (afinal quem gosta?), mas o fato é "fazer faxina sob a supervisão da minha mãe", isso é tão assustador quanto apresentar um namorado ao meu pai. Primeiro porque minha mãe berra e da bronca por qualquer coisa (o que mais atrapalha do que ajuda), imagine o "Roberto Justos" como minha mãe e nós seus empregados fazendo a faxina no programa "O Aprendiz" (ou seja lá que nome esse programa tenha), é tipo isso.
Segundo ponto é que ela não, o pouco que ela faz fica brigando conosco, então ela some e vai bater papo com a minha vó, o que de certa forma é bom, já que podemos fazer o trabalho em paz, porém o resultado final nunca está bom o suficiente.
Escapei da faxina com sucesso e programaram de sair depois do almoço, Débora e eu fizemos um macarrão simples para a refeição e minha mãe deixou um bilhete para o meu pai avisando que iriam ao shopping.
Elas saíram antes de mim, eu fui até o banheiro e escovei meu cabelo, ele ficou tão armado que eu resolvi que precisaria de medidas drásticas, fiz uma trança (sim essa era a medida drástica).
Me joguei no sofá e fiquei mudando de canal entediada até as duas da tarde, quando fui até meu quarto e peguei meu material de desenho, quando estava descendo as escadas com o material, a campainha da minha casa tocou, bufei deixando minhas coisas em cima do sofá e fui atender. Era só o que me faltava, alguma visita irritante para me atrasar. Só espero que não seja nenhum parente inconveniente... Oh, por favor, que não seja um parente.
— Ricardo? – perguntei surpresa ao observar quem estava diante do portão.
— Oi Sá, passei para irmos juntos – anunciou.
— Ah, beleza... Vou pegar minhas coisas, um minuto – entrei correndo em minha casa, coloquei meu material de desenho dentro da mochila e joguei a mochila no ombro, nem sempre eu gostava de jogar então eu desenhava, as vezes eles jogavam uns jogos nada atrativos.
Corri até o portão, abri e saí.
— Nossa, mochila? – questionou quando começamos a andar.
— Sim, vou levar meu material de desenho, quando vocês estiverem jogando um jogo que eu não me interesso, então poderei desenhar – dei de ombros.
— Vamos jogar juntos, o Wag comprou um jogo para quatro jogadores – explicou, rindo.
— Sério? Essa eu quero ver!
— É uma aventura, você vai gostar. Você gosta mais de aventuras e o Wag também, por isso que ele comprou – comentou.
— A vá, até parece que ele comprou, só por que eu gosto - debochei
— Em partes, ele disse que você gostaria e que ele também, meio que uniu o útil ao agradável – deu de ombros.
Eu deveria me sentir feliz por ele ter pensado em mim? Nah, não vindo do Wagner.
Paramos na frente da casa dele e o Ricardo apertou a campainha. A casa do Wagner era de muros altos e um portão grande e do tipo que não mostrava seu interior, eu nunca tinha vindo a casa dele antes, sempre íamos a casa do Renato.
Wagner abriu o portão, meu coração acelerou, ele estava de camiseta regata e bermuda, porque ele tinha que ser tão malvadamente gato?
— O Renato chegou? – perguntou Ricardo, apertou a mão de Wagner que saiu da frente do portão.
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Um Conto (NADA) Encantado [CONCLUÍDA]
ChickLitTodos sempre insistem em dizer que a adolescência é uma fase de transição, onde não se é criança nem adulto. Afinal, não temos os direitos e nem as responsabilidades de um adulto, mas também não podemos apenas brincar o dia todo. Uma fase difícil...