12 - O mundo está desabando!

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"Certa vez o Ricardo falou que seu sonho era, casar, ter filhos, uma casa com jardim e um cachorro chamado chuchu"

Os dias restantes na praia foram realmente incríveis, muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia esperar... A Taty queria bater no Renato todos os dias porque ela não estava acostumada às piadas sem graça dele, mas tudo correu bem no final das contas.

Quando voltamos da praia o Renato começou a trabalhar, no escritório de engenharia onde seu pai trabalhava. Segundo ele nos contou, seu pai falou que estava na hora de deixar de ser vagabundo.

Wagner também começou a trabalhar, seu pai também lhe arrumou emprego. O Ricardo começou a fazer um cursinho supercaro, sua irmã estava bancando.

Eles mudaram de horário e eu fiquei sozinha no antigo horário, mas não me importei com isso, ainda os veria nos finais de semana, como estava sempre ocupada estudando, não me senti tão só.

Com tanto estudo, parecia que meu cérebro explodiria a qualquer momento, era como o conceito de novela no Brasil "Isso nunca acaba".

Faltando pouco tempo para acabar o ano letivo, começou as terríveis provas do vestibular, meus finais de semana se resumiam em fazer provas difíceis, muitas vezes com equações que eu sequer sonhei sobre sua existência.

Presenciei pessoas deixarem a prova chorando, mas o desespero não levaria a nada, apenas a uma prova em branco, e isso não rende pontos, mesmo que sejam abobrinhas, escreverei e farei meu melhor! Era meu mantra pessoal para manter a calma.

Com o final das aulas, veio o desfecho.

Não paguei pela formatura, nem tinha dinheiro para isso. Todo desempenho financeiro da minha família rodava em trono da formatura universitária (e triplamente mais cara), da Débora.

Wagner e Renato também não achavam necessário formatura, então eles também não pagaram, apenas compraram convites, iriamos como meros convidados.

Eu resolvi usar o vestido que havia sido comprado para ir na formatura da Débora, era estilo oriental, todo preto com detalhes em dourado, uma sandália de tiras pretas com um salto tão alto que eu tinha certeza que meu pé seria torturado essa noite.

Tanto o Wagner quanto o Ricardo já tinham idade para dirigir, mas apenas Wagner já havia tirado a carteira e podia pegar o carrão do pai dele emprestado, então ele parou o carro na frente da minha casa e buzinou, quando o encontrei, estava parado na frente do portão, sorrindo para mim.

— Linda! – elogiou, abri um sorriso radiante.

Hoje me sentia realmente muito bonita. Ele me puxou para seus braços antes de me deixar fechar o portão e beijou-me.

— Aí não! Parem de se amassar, que coisa chata! – escutei Renato reclamar.

— Arrumem um quarto! – resmungou Ricardo.

Interrompemos o beijo, olhei para eles um pouco constrangida.

— Só porque você reclamou, eu não deveria ter parado o beijo – rosnou Wagner.

—Esse puto veio direto. Poderia ter passado e me pego, moro na frente da casa dele, mas nãoooo! Seu puto! – queixou-se Renato.

Os três começaram suas discussões costumeiras, fechei o portão e caminhei até meu assento no carro.

Notei que os três usavam terno preto e gravatas uma de cada cor, até pareciam um grupo musical.

— Ownt, vocês ficam tão fofos assim. Parece até que vocês vão cantar em uma banda musical tipo... – comentei quando os três entraram no carro.

Um Conto (NADA) Encantado [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora