Um Conto (NADA) Encantado [CONCLUÍDA]

10 - De repente, relacionamento sério?

Se o Renato fosse mais velho, ou minha mãe alguns anos mais jovem, teriam feito o casal perfeito, sentiria inveja deles.

Enquanto me vestia, não conseguia parar de sorrir igual uma boba... Melhor, como uma adolescente boba e apaixonada... Espera, mas eu sou uma adolescente, então qual problema em me sentir boba e apaixonada?

Balancei a cabeça, como se isso me fizesse volta a agir normalmente, sem aquele sorrisinho bobo nos lábios, me olhei no espelho, tentando ficar séria, nunca pensei que isso pudesse ser difícil.

Respirei fundo, enfiei meu celular no bolso e segui para o quarto da Débora, onde encontraria com a Taty, quando entrei ela estava distraída, folhando uma revista de moda.

Ao fechar a porta, ela ergueu os olhos e levantou-se com o secador de cabelo nas mãos. Sentei em uma cadeira e deixei ela fazer sua mágica, cantarolando desafinadamente. Resolvi verificar meu celular, para minha surpresa haviam dez mensagens de texto, automaticamente me senti nervosa.

Cinco eram da operadora me informando que eu estava sem credito e precisava recarregar o celular, entre aquelas malditas promoções como "receba seu horoscopo todos os dias" para o inferno meu horoscopo, posso ver de graça na internet, será que tem gente que paga por esse serviço?

As seguintes eram uma do Renato, outra do Ricardo e havia mais uma...Rafael... Quem diábos é Rafael afinal?

Parei de respirar ao verificar que duas eram do Wagner.

Calma, Sarah, muita calma, não seja boba, vamos com calma queridinha? Sim, vamos!

Resolvi começar com a mensagem do Renato, porque o mundo não acabaria em alguns minutos, teria tempo de ler com calma, como uma pessoa eloquente a mensagem do Wagner, sem pressa.

"Ei, está rolando alguma coisa aí, na sua casa? Vi o Wagner ir nessa direção... Se forem fazer alguma coisa, me chamem estou morrendo de tédio aqui. Cansei de chatear meu irmão mais novo já "

Essa mensagem era bem característica do Renato, ele enviou bem antes de vir aqui em casa.

Ok, próxima do Ricardo, estamos quase lá – estava tentando um mantra mental.

"Yo, você e o Wagner estão ficando ou coisa assim?"

Ri com essas palavras e respondi mentalmente "Ou coisa assim, eu acredito". Hora de descobrir quem diabos é Rafael.

"Sua irmã me contou que seu celular é uma relíquia, espero que possamos nos falar em breve, me adiciona nas redes sociais, uma hora poderemos nos esbarrar por aí", haviam os links de contatos dele. Se pelo menos eu me lembrasse dele...

Ah! O rapaz da festa... O que queria me beijar... Bom, não é como se eu estivesse louca de amores por ele, pelo contrário. Depois eu pensaria em um jeito educado de me livrar dessa.

Sempre que eu vou comer, deixo um pedaço de bife para o final, apenas para deixar a melhor parte para saborear, gosto de pensar que fiz isso com as mensagens do Wagner, deixei o melhor para o final, quero saborear as palavras...

"Oi, o Renato foi o caminho todo me perguntando sobre "nós" e se existia o "nós". Também, fui bombardeado com mensagens do Ricardo, querendo que eu explique o que eu tenho com você, mas então eu lhe pergunto, o que eu tenho com você?"

Ao terminar de ler, notei que Taty estava literalmente "gansando" minhas mensagens, ela sorriu de forma culpada.

— Abre a próxima, logo! – desligou o secador e agachou ao meu lado.

"Sabe o que irrita? Você nunca responde as mensagens, aliás você nunca tem crédito, não é mesmo? Acho que teremos que conversar amanhã mesmo. Bjos e até amanhã, fazer o que?"