1 | Você ainda é minha melhor proteção

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Trevor caminhou até mim e me entregou um lenço de seda que continha seu cheiro. Bem lógico seria para ele me encontrar no caos, exatamente como eu estava durante essa semana em que estive metaforicamente arrastando para seus pés. Caramba, não acredito nisso! Para onde foi minha fala?!

— Não chore — pediu, sentando-se ao meu lado no sofá com cuidado, os dentes trincados. — Feliz ou triste, isso não combina com você.

Ao limpar as minhas bochechas — o perfume de Trevor invadindo minhas narinas —, respirei fundo e tentei não destruir minha barreira sentimental à sua frente. Tive que abandonar minha introspecção a qualquer custo para realizar meu intento. FINALMENTE, DEUS! FINALMENTE ELE VEIO ME VER!

— Está com fome? — perguntou baixo. O quê? Cadê os julgamentos que eu esperava receber?

Fiz que sim. Eu o conhecia o suficiente para saber o que ele faria a seguir, por isso trilhei à direção de não mentir só para agradá-lo. Ele franziu a mandíbula com força, me olhando intensamente, e levantou-se em seguida. Não importa aonde você vá, me leve com você!

— Vou levá-lo para comer, então — disse gentilmente. — Se vamos conversar, ao menos devemos estar bem alimentados. — Ele examinou meu corpo com desaprovação. — E... me parece que você vem evitando a comida há um bom tempo.

Me pus de pé com o rosto vermelho e encarei meus dedos para não me deixar intimidar pelo olhar fascinante de Trevor, mesmo sabendo que uma hora ou outra eu teria que fazer isso. Ficar com fome foi o de menos. Se eu fizesse uma lista das coisas ruins que me aconteceram internamente, ele logo veria que não haveria tantos motivos assim para se preocupar com meu apetite.

— Não muito — sussurrei. Só três meses.

— Vai se sentir confortável em outro lugar?

— Com você ao meu lado, é bem possível.

Levantei meu rosto e me deparei com um rosto belo a centímetros do meu, só aumentando minha sede de querer tocar meus lábios nos dele. As mãos de Trevor estavam dentro do bolso da calça, e eu não sabia em que lugar direcionar as minhas. Talvez elas devessem ficar perdidas mesmo, exatamente como o dono.

— Então vamos.

🍷

Ele dirigia com sua forma calma e descontraída. Augustus não nos fazia companhia. Me perguntei se sua ausência fosse por um tipo de receio que Trevor tinha de que ele o visse comigo, já que estava namorando outro. Até do segurança eu sentia saudade. Outro ponto novo era seu novo carro: um Camaro preto, confortável como o dono. Uma coisa bem interessante era que o cheiro novo do veículo era ofuscado pelo de Harper.

Os quilômetros deslizavam conforme o silêncio reinava, mas vontade não me faltava para puxar assunto. Será que esse seria nosso último encontro? O que aconteceria depois que essa noite acabasse? Cada um seguiria com sua vida, como se nunca tivéssemos nos conhecido, ou alguma coisa ainda daria brechas a uma futura união? Eu queria muito perguntar o que o levou a sair comigo após uma semana. Talvez ele tenha sentido pena de vê-lo tão depressivo, murmurou meu subconsciente. Apostaria em dizer que era verdade.

— Você está bem? — questionou Trevor do nada, quebrando o muro silencioso que nos matinha distantes.

As lágrimas voltaram, mas, pelo menos dessa vez, brinquei com o lenço entre os dedos para não enxugá-las.

— Pensei que a resposta estava óbvia demais.

Eu quase não ouvi o suspiro dele.

— Eu também não estive muito bem — admitiu.

EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora