— Você não tem medo de morrer? — indagou Will, irritado.
Sorri lateralmente.
— Se eu tivesse, acha que eu estaria aqui? — Levantei o envelope na altura de seus olhos, sem tempo para lenga-lenga. — Só vim devolver o que lhe pertence pessoalmente.
Ele estreitou os olhos mais do que já estava, e eu joguei o envelope em seu peito com toda a minha força, o meu cuidado ausente. Meu subconsciente ergueu as sobrancelhas em admiração, só que ficou calado; minha mandíbula trincava de tanta raiva que eu podia ouvir claramente os dentes atritando um no outro, ameaçando quebrar um ao outro se eu não amenizasse. Me perguntei se Will podia distinguir esse som também, mas com certeza sim.
Ele pegou o envelope que havia caído no chão com a maior cautela e tirou as fotos de dentro dele, emoldurando um rosto assustado quando as viu.
— E eu que sou o louco da história — riu, despejando o envelope para fora de sua casa. — Sinto lhe informar, mas não são minhas.
Ah, já chega! Segurei seu pescoço, odiando seu sarcasmo cítrico e constante, e entrei em sua casa, fechando a porta atrás de mim. Sim, eu posso ser malicioso às vezes.
— Me solte! — Ele apertou minha mão sobre sua pele, as íris negras e estranhas em chamas.
— Eu queria fazê-lo engolir essas malditas fotos, Will! — gritei. — Ainda mais pelo o que você fez no desfile, seu imbecil!
— Mas você não é mesmo garoto de programa?
Fiquei momentaneamente calado.
— Eu era. E com orgulho. Ao menos eu vivia para sustentar a minha vida, não para destruir as dos outros feito um mimado que não suporta uma separação. — Pausei um instante para ganhar fôlego. — De certa forma eu estou feliz por ter aberto meus programas sexuais, Will. Afinal, o que você seria de você se não vivesse para se encostar na vida dos outros?
— Se não sair da minha casa, chamarei a polícia, idiota!
Foi minha vez de rir.
— Não é engraçado? — perguntei retoricamente. — Um assassino pedindo ajuda da polícia. Essa é a maior ironia do ano!
Ele sorriu sob as circunstâncias.
— Você é muito idiota de acreditar que eu o mataria — disse calmamente, mesmo que seu medo fosse tangível. — Mas fico feliz por saber que causei essa impressão em você.
Franzi a testa intensamente, atordoado. O quê?!
— Eu só queria assustá-lo — continuou Will em irritação, decifrando minha expressão confusa. — Admito que pensei mesmo em separar você de Trevor, mas não valeria a pena. Ele não me escolheria, no fim das contas.
A pressão dos meus dedos em seu pescoço diminuiu pelo desnorteio de sua fala. Ai, que caralho! Esse tempo todo Will estava apenas... me testando?! Qual seria o sentido disso? Milhares de emoções negativas transitaram na minha face, todas fervendo meu sangue a ponto de minha respiração perder o pouco controle que tinha. Merda!
— Você... — sussurrei em indignação, os lábios bem firmes. — É um... nojento! Minha vontade é de esmurrá-lo tanto...
— Ora, e o que está lhe impedindo? — Ele levantou uma sobrancelha, cospindo as palavras. — Não vai me dizer que ainda tem medo de mim.
— Eu nunca tive. — Minha voz saiu mais grave do que eu pretendia. — Sério, eu não consigo entender o que Trevor viu em você.
Isso o fez ficar irritado, embora não fosse minha intenção.
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EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊ
RomanceO que começou com uma escolha de prostituição - uma maneira de superar a dor de ser rejeitado pelos pais há anos atrás - acabou consumindo Chris por completo. Depois de conhecer Trevor Harper, um de seus clientes sexuais, e se apaixonar por ele de u...