14 | Sempre há erros em perfeições

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Duas semanas e um dia haviam se passado.

Eu senti, conforme o tempo ia passando de sua forma mais natural, que minha conexão com Trevor estava mais alta do que um dia eu imaginei estar e já estive. Era quase como se não fôssemos mais namorados — ou simplesmente namorados —, e sim um único só corpo — pensando e agindo ao agrado de cada um intencionalmente. Ou, quando não pensávamos de maneira semelhante, forçávamos para encontrar uma convergência nas nossas ideias. E funcionava.

Nossa pose estampada na capa do Times, por exemplo, deu o que falar: diversos modelos vieram à mansão de Trevor pedir dicas e alguns — uma maioria — veriam apenas com o objetivo de nos ver, uma vez que estávamos sendo considerados o casal do mês, e conhecer um pouco mais de nós dois. Na verdade, mais de mim, já que Harper possuía um conhecimento enorme. Não sei se os olhares bem surpresos da parte delas era porque eu as agradava ou porque elas finalmente estavam conhecendo um ex garoto de programa. Bem, se a resposta fosse a segunda tese, então não vi um indício em seus rostos de estranheza.

De qualquer forma, eu fiquei muito surpreso quanto a isso; nunca cheguei a pensar que um dia eu consumiria um mínimo de popularidade mundial, e não sabia muito menos se deveria esperar por essa tipo de coisa, mesmo namorando um famoso. Como se já não bastasse ter minha imagem exibida na TV, recebi convites de outras empresas para desfiles — mas falta de prática me fez recusar todos eles.

Trevor parecia ter a solução para tal problema.

— Eu ensino você.

— A desfilar? Não, obrigado.

Ele apertou os olhos.

— Eu quero motivos — insistiu ele.

O motivo é porque eu não quero.

— Eu me sentiria uma formiga desfilando.

Ele afastou o rosto de mim, como se tivesse pensando a que eu me referia, e, ao entender, riu alto. Seu riso me distraiu muito. Como estávamos jantando, ele pegou um copo de vinho para não se levar pelo engasgo.

— Uma formiga?! — repetiu, tentando, em vão, controlar-se. — Gostei. Acho que poderíamos usar sua comparação como um motivo a favor de você desfilar.

Sorri e o fitei.

— Okay, com certeza será maravilhoso ver diversos homens fotografando-me.

Ele rapidamente ficou sério, então eu revirei os olhos.

— Retiro o que eu disse — falei rapidamente. — Era só para forçá-lo a descartar a possibilidade de algum dia me ver numa passarela.

— E funcionou — refletiu ele, distante e intenso.

— Mas e se eu quisesse? — Joguei o desafio.

Um leve pane mental o atingiu, mas ele soube se agarrar a uma corda para não me deixar perceber por muito tempo.

— Eu não vou impedi-lo de conquistar o que quer — respondeu com calma, chegando até a formar um sorriso maravilhoso e lateral. — Eu quero que seja feliz.

— Está sendo sincero?

— Sobre querer sua felicidade? Estou.

Balancei o rosto em negação.

— Sobre me apoiar em algo contra o seu querer.

— Ah. — Suas sobrancelhas ergueram-se. — Estou, sim.

Remoí essa informação, embora eu — diversas vezes — já tenha escutado coisas semelhantes.

— Então não quer mesmo desfilar? — perguntou ele, distraindo-me do meu início de processamento.

EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora