Houve um longo período de silêncio da minha parte quando a poeira abaixou sobre a cena que tinha acabado de acontecer. Eu estava tentando recompor o fato de que Will, uma pessoa que eu suspeitei ser dramática e irritante, veio aqui em casa me pedir desculpas, precisando ainda abandonar a clínica para isso. Era um choque grande demais para mim; e imaginava a dificuldade que ele teve — se é que ele teve — para engolir sua raiva e vir ao meu encontro. Não sei se conseguiria fazer o que fez se a situação fosse trocada.
Trevor parecia tão entorpecido quanto eu.
— Você está bem mesmo? Ele não o machucou?
Balancei o rosto ao me sentar no sofá da sala, o rosto indecifrável até para mim mesmo.
— Pelos céus. — Trevor passou as duas mãos no rosto e sentou-se comigo, sua voz indicando alívio. — Quando Edward me ligou e disse que Will estava com você...
— Ele precisava de ajuda — sussurrei bem distante, relembrando das palavras de seu ex comigo. Olhei para Harper. — Ele veio aqui para isso.
Trevor me observou por um tempo arrastado, confuso demais para dizer algo.
— Ele me pediu desculpas — expliquei. — Depois de tudo o que fez.
— O quê? — Seu olhar foi mais estreito. — Ele não veio para mais ameaças?
Tornei a balançar o rosto.
— Vi uma outra pessoa na minha frente — falei, ainda entorpecido por relembrar das lágrimas escorrendo pela face de Will. — Era sincera demais para eu achar que estava mentindo, sabe?
— Espera... — pediu Trevor, vindo para mais perto de mim. Era tangível seu desnorteio. — Ele veio somente para pedir seu perdão? Mesmo antes de Edward ter puxado a arma?
— Sim.
Ele ficou calado, mas sua expressão dizia perfeitamente o que sua voz não conseguia.
— A clínica o ajudou, eu acho — continuei, suspirando lentamente. Meu olhar parecia atravessar o corpo de Trevor, pois o foco não vinha. — Bom, pelo menos foi isso o que ele disse.
Dei de ombros, inspirando com força.
— Compreendo — disse passando a mão na barba, tão longínquo quanto eu.
— E... — Cocei a cabeça, apertando os olhos. — Eu fui atrás de você quando saiu.
Rapidamente fiz suas feições retornarem.
— Fiquei preocupado com a forma como você atendeu o telefone e pensei que fosse Heitor. Só... achei que deveria saber. Fui com Edward.
Ele balançou a cabeça, mas seu rosto estava longe de ser zangado.
— Presumi que fosse fazer isso assim que saísse — admitiu. — Mas pensei que talvez pudesse ainda assim estar errado. — Ele demonstrou um sorriso daqueles onde você quer revirar os olhos. Eu queria vê-lo fazer esse gesto, embora ele não tivesse feito. — Você não tem jeito.
— Fiquei com medo.
— Agora quem está preocupado com quem? — Ele moveu sua mão pela lateral da minha cintura e beijou meu pescoço castamente, descansando seu nariz na minha pele. Estava carinhoso, eu notei, talvez porque tudo o que passamos significou um alívio. — Não posso dizer o que tem ou não o que fazer, Chris. Se eu pedi para ficar, é por causa de sua perna. Não entenda que estou ordenando-o.
— Isso nem passou pela minha cabeça — admiti com certo humor, acomodando-me mais no sofá só para dar mais conforto a ele. — Sem contar que eu nunca deixaria isso acontecer.
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EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊ
RomanceO que começou com uma escolha de prostituição - uma maneira de superar a dor de ser rejeitado pelos pais há anos atrás - acabou consumindo Chris por completo. Depois de conhecer Trevor Harper, um de seus clientes sexuais, e se apaixonar por ele de u...