3 | Agora somos vigiados pelo ódio

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Trevor passava a mão no cabelo de um lado para o outro na sala de pintura, e medo ou preocupação, quem sabe, tomavam conta de seu rosto. Eu já estava perdido em pensamentos, me perguntando o que esse gesto sinistro de Will significava para Trevor e eu.

— Augustus, chame Edward. Diga a ele que preciso dele agora — Trevor disse firme enquanto analisava os quadros destruídos de longe, as mãos na face.

— Sim, senhor. — Augustus saiu da sala, deixando Harper e eu sozinhos.

Não consegui evitar levar minha mente para um lado perigoso diante desse comando.

— O que isso quer dizer? — sussurrei horrorizado apontando para o quadro no centro da sala.

Ele olhou para mim, a expressão com traços tristes, e veio para mais perto, segurando meus ombros cuidadosamente. Cada centímetro de seu olhar azul percorria meu rosto em busca de alguma coisa que certamente eu não tinha — seria proteção? —, o que aumentava minha suspeita de que o que aconteceu com as pinturas era uma coisa mais grave do que aparentava ser, mesmo que já fosse uma coisa horrível à primeira vista.

— Escuta, dengo — falou baixinho, tenso. — O que eu vou pedir é loucura, mas...

Fiquei na espera da continuação, que não veio após uns segundos. Talvez ele quisesse um incentivo.

— Pode dizer — pedi, a testa franzida.

Ele umedeceu os lábios.

— More comigo?

Arregalei as sobrancelhas em surpresa.

— O quê?

— Por favor, eu preciso que você resida aqui, na minha casa.

— É tão terrível assim o que ele fez? — perguntei quase sem ouvir minha voz.

Sua mandíbula foi tensionada.

— Eu não sei.

Semicerrei os olhos para ele.

— Tem alguma coisa que você está me escondendo, não é? — tentei, minha intuição martelando de novo. — O que ele disse para você quando terminaram?

— Nada.

— Eu não acredito. — Balancei minha cabeça. — Você está nervoso. — Percorri minha visão pelo seu corpo. — O que houve?

— Eu te digo se disser que sim para minha primeira pergunta.

Engoli em seco. Então havia algo mesmo...

— Eu preciso pensar...

Ele soltou o ar em um susto frágil.

— Chris, por favor.

— Trevor, isso é coerção. Outro dia eu respondo. Amanhã, talvez.

Ele formou uma linha rígida na boca.

— Por favor — pediu de novo, mais calmo.

Quando abri a boca, Augustus apareceu.

— Senhor — disse ele formalmente. — Edward já está aqui.

Tão rápido?

— Ótimo. Vou falar com ele.

Augustus foi embora, como se soubesse o momento certo para partir, e ficamos Trevor e eu sozinhos de novo, um rosto intenso — o dele — contra um rosto perdido — o meu.

— É melhor eu ir para casa — murmurei em esquiva, compartilhando meu olhar pelo desastre à minha frente.

— Você tem que ficar comigo, Chris.

EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora