6 | Somos à prova de balas

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Além de ter roubado meu namorado, roubou o celular dele também? — rosnou Will do outro lado da linha, a voz perfurando meu ouvido num som altivo e irritante.

Respirei fundo. Se houvesse uma opção de estrangular uma pessoa através de uma ligação, eu não pensaria duas vezes em usá-la agora.

— Não roubei namorado de ninguém, Will.

Você quer mesmo que eu acredite nisso?!

Apertei meus olhos.

— Eu sinto mesmo que pense assim — murmurei, dando mais uma espiada na porta para ver se Trevor não estava vindo. — Mas eu queria que soubesse que ele nunca o traiu.

E eu sou o Miss Universo — ele riu com malícia.

Eu sabia que deveria manter a calma com Will, visto que minha vida corria perigo devido às suas ameaças doentias, mas não poderia prever por quanto tempo eu manteria minha tranquilidade superficial. Caralho, ele é muito irritante! Talvez fosse por isso que Trevor não sentiu um mínimo de amor pelo seu ex.

O que você queria que eu pensasse ao ver vocês dois juntos num restaurante? — continuou ele. — Você... Você... — Houve uma pausa, e sua fala mudou radicalmente, admitindo traços frágeis. — Você simplesmente tirou a única pessoa que eu amava. Não sabe a dor que eu senti ao ouvir Trevor terminando comigo.

— Garanto que não seja pior comparada à que você causou ao destruir a sala de pintura dele — murmurei. — Sua infantilidade o deixou inerte.

Quem é você para dizer o que Trevor sente, seu prostituto de quinta?

Franzi a testa e me sentei na cama, a raiva evaporando toda a minha cautela que eu tinha em relação a Will. Como ele sabe disso? Que porra! Minhas versões mentais se levantaram e apontaram uma espingarda em Will, e vontade não me faltava de fazer o mesmo.

— Ao menos eu vendia meu corpo, não o cérebro — resmunguei em chamas. — Deveria tentar utilizar o seu e pensar melhor no quão ridículo são suas ameaças, imbecil!

Ele riu de novo.

Então você recebeu meu recado? Fico feliz.

— Você é um doente. — Um arrepio me subiu na espinha.

Por um homem rico como Harper, qualquer um seria.

Isso me deu o que pensar. Rico? Minhas sobrancelhas foram erguidas lentamente em compreensão, e eu logo suspeitei de que não era pelo amor de Trevor que Will se interessava: era pela sua conta bancária. Dei um sorriso satisfeito.

— Eu só peço para que me deixe em paz. Por favor — atuei suplicadamente. — Nós nos amamos. Siga sua vida, Will; tente entender que sua vingança não é certa.

Isso quem decide sou eu — retrucou. — É até irônico um prostituto dizer algo sobre amor, já que você o abandonou por sexo.

Dei um sorriso.

— E é com esse prostituto de quinta, como você diz, que Trevor está namorando hoje. — Minha voz era a mais sarcástica possível. — Posso ter vendido meu corpo no passado, mas Harper o consumiu algumas vezes. É uma pena que o mesmo eu não posso dizer sobre você, né, querido?

Trevor apareceu bem na hora, assustando-me. Encerrei a ligação na mesmo instante por uma atitude automática e me levantei da cama. Ele me observou com cuidado e depois levou seu olhar ao seu celular na minha mão, franzindo a testa com uma expressão diferente de quem não estava gostando. Ele parecia mais confuso.

EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora