Rio de Janeiro - 26 de Julho de 1980 - Show de Talentos, Pão de Açúcar.
Eu me chamo Luiza, e esta não será mais uma historia de amor, será a minha história de dor.
Eu tenho atualmente trinta e cinco anos, sou uma bailarina profissional e vou me apresentar no anfiteatro do Pão de açúcar, no Rio de Janeiro.
Luiza estava no camarim terminando de fazer sua maquiagem, e apertando as suas sapatilhas.
"Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte".
As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais.
Mas eu... Eu não!
Minhas habilidades são para mim como um submarino, eu as uso para mergulhar nos problemas, nas dores, nos conflitos, e então eu os resolvo.Há apenas uma dor que eu ainda não consegui dominar, a dor do abandono.
Mas, não vou pensar nisso hoje.
Hoje é o dia da minha grande apresentação, eu nunca dancei para tanta gente, então, preciso me concentrar.-Luiza, você é a próxima, tem 10 minutos, e o repórter já vai vir entrevistá-la - Diz a organizadora do evento.
Eu estava ensaiando em meu camarim quando alguém bateu na porta:
- Pode entrar!
- Com licença, senhorita Luiza? - Disse o homem.
Era um belo homem, vestia terno e tinha o cabelo bem penteado e uma belíssima Barba.
Ele tinha uma câmera pendurada no pescoço, e uma bolsa pendurada no ombro da qual ele tirou um caderno para fazer anotações.- Senhorita Luiza Montenegro, estou certo? - Ele me perguntou enquanto anotava no caderno.
- Isso mesmo senhor. - Eu apenas respondia.
- Bom, a senhorita não precisa ficar nervosa, eu vou fazer algumas perguntas e você só, apenas responda, e no final eu preciso de uma foto sua para a matéria. Agora, desde quando você dança? O que te motivou? Quem te deu essa ideia?
- Calma, (risos) muitas perguntas, e eu tenho apenas dez minutos! Mas, vamos lá... Eu comecei na dança aos dez anos em uma apresentação escolar, daí me apaixonei pela dança, porém não podia dançar, minha mãe nunca deixou, mas depois que ela faleceu há uns anos eu pude focar nessa carreira. O que me deu mais impulso foi um antigo... Amigo! Ele dançava comigo, mas ele se foi, e me deixou bons passos de dança. E eu fui crescendo, me apresentando em audições e em pequenos festivais até que cheguei aqui.
- Perdoe-me perguntar, mas esse "amigo"... Por que ele te deixou? - ele perguntou, anotando tudo no caderno.
- O pai dele me achava muito pobre para andar com o filho dele, então, o levou para Londres. E eu nunca mais o vi.
- Você disse que ele foi para onde? - Ele perguntou parando de escrever.
- O pai o levou para Londres, para fazer faculdade e para o afastar de mim. Quanta bobagem não é? - Eu disse para o repórter sorrindo.
Mas, ele estava me olhando seriamente, havia parado de escrever, sua caneta caiu no chão.
- Não pode ser! - Ele disse com uma expressão de espanto.
- Luíza, - a organizadora abriu a minha porta - é a sua vez!
- Ok! - ela saiu - Olha, eu preciso ir, mas assim que acabar de dançar eu volto, e terminamos a Entrevista.- Você não pode ir, não agora!
- Desculpa, eu preciso. Bom, você pode assistir minha apresentação se quiser.
- Ha... Tudo bem. - Ele respondeu indo atrás de mim.
"E agora, o momento mais aguardado, - Eu estava atrás das cortinas, estava tão cheio que eu não conseguia identificar ninguém, apenas o meu irmão que estava na primeira fileira - a querida, única, esplêndida... Luuuuiza Montenegro juntamente com sua companhia de dança!"
O apresentador terminou a Frase, e todos gritavam e aplaudiam.
As cortinas se abriram, a música que meu irmão compôs para mim começou a tocar e consequentemente eu comecei a dançar.
(O repórter via a apresentação bem de perto, ao lado das cortinas)
- Não é possível, - ele Dizia enquanto via ela dançar reconhecendo os passos daquela delicada bailarina - é ela!
Continua...
(A música que ela dança é a música tema do livro Bandolins - Oswaldo Montenegro)
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Bandolins
RomancePrólogo: (...) "Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte". As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais. Mas eu... Eu não! Minhas...