25 de Dezembro de 1940 - Rio de janeiro, Queimados.
A família Montenegro comemorava mais um natal normal em família, quando de repente alguém bate à porta, a única filha da família se levantou da mesa e foi até a porta.
- Olá! - ela disse olhando a rua, mas não havia ninguém.
E então ela ouviu um choro de bebê, e quando se deu conta em seus pés tinha uma cesta com um bebê, sem bilhete, apenas o bebê.
- Meu Deus, quem abandonaria tal inocência nessa noite tão fria? - disse ela pegando a cesta e entrando em casa.
- Helena! O que é isso? - perguntou sua mãe.
- É um bebê, o deixaram em nossa porta!
- Não podemos criar um bebê! - Disse o seu pai ainda assentado à mesa de jantar.
- Não precisam! Eu vou cuidar dele! - Exclamou Helena subindo as escadas para levar o bebê até o seu quarto.
Sua mãe indignada a seguiu até o quarto.
- O que pensa que está fazendo Helena? - Diz sua mãe a pegando pelo braço.
- Eu vou cuidar desse bebê, ele não Tem a ninguém.
- Então leve-o para o orfanato!
- O orfanato é em outra cidade, muito longe daqui!
- Você não pode ser vista com um bebê! Vão achar que você o teve fora do casamento! E o nome de nossa honrada família será manchado! - Sua mãe gritava.
- Eu não me importo com essas pessoas inconsequentes!
- Mas eu sim, e quero esse bebê fora da minha residência!
- Se ele sair, eu vou junto!
- Então que vá! - Disse sua mãe rígida e saiu do quarto.
Ela olhou para a cesta, e o bebê sorriu.
- Vai valer a pena! Toda vida vale a pena!
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Ela arrumou suas coisas, pegou a cesta com o bebê e saiu da casa de seus pais.
Passou a noite em uma estalagem que tinha à um ou dois quilômetros após sua casa.
No outro dia saiu a procura de emprego e o achou em uma floricultura no centro da cidade, juntou dinheiro e comprou uma casinha ao lado do seu emprego.
A floricultura ficava em frente a uma biblioteca, sempre que saía do trabalho passava lá com seu bebê e pegava um livro.
O bibliotecário reparava muito nela, era belíssima essa donzela, tinha os cabelos lisos e curtos e pele morena.
Um dia ele tomou coragem e dirigiu a palavra à essa tão digníssima dama.
-Olá! É... eu reparei que gosta de romances... pela sua ficha... E eu gostaria de informar... Que já chegaram novos! - Disse o rapaz.
Era um belo rapaz, era branco, tinha olhos azuis e cabelo cacheado meio crespo, herança de um avô que fora escravo.
-Sim, obrigada!
-É, seu filho é lindo! - Disse ele apontando para o bebê no carrinho.
- Ha, (risos) ele não é meu filho! Pelo menos não ainda! Tenho que passar ele para o meu nome!
- Desculpa perguntar, mas, como Assim? - disse ele parando perto dela.
- Bom, é uma longa história.
- Sabe, eu adoro longas histórias. - Ele sorriu.
- Tá bom.
- Se passar aqui amanhã podemos tomar um café na padaria ali ao lado, e então você me conta essa longa história.
Ela sorriu, e saiu com seu bebê, e seu livro.
No outro dia passou na biblioteca, estava esperando seu acompanhante, ela sentou em uma mesa e pegou seu livro para ler ela esperou uns minutos e ninguém apareceu.
- Eu sabia... Eu tenho um bebê, ninguém escolheria uma moça que tem um bebê, meus pais tinham razão. - Disse ela pegando o bebê com firmeza para sair.
Quando estava abrindo a porta da biblioteca eu esbarrei em um homem, ele carregava um monte de coisas e dexou tudo cair, se abaixou para pegar as coisas:
- Meu Senhor, desculpe eu não o vi chegando.
Quando ele levantou ela percebeu que era o seu acompanhante, o qual ela estava aguardando.
- Ah, é só você!
- Senhorita, perdoe-me eu acabei me atrasando, tive um imprevisto com o trem, eu habito um pouco longe daqui.
- Sim, tudo bem! Agora dê-me licença, eu tenho que ir!
- Mas, e o nosso café?
- Ainda quer tomar café comigo?
- Claro! Ou eu não teria vindo!
- Achei que tivesse desistido!
- Eu te convidei, jamais desistiria de tomar um café com a dama mais bela da cidade! - ele falou entregando a ela um pequeno buquê de lírios azuis.
- Mas, e quanto ao meu bebê? - ela segurava a criança.
Ele chegou perto e passou a mão na cabeça do bebê.
- Ele é tão bonito quanto a mãe! - eles sorriram ele deu o braço para ela pegar - Vamos?
Eles foram, tomaram o café.
Ela explicou toda a história do bebê, e ele cada vez mais amava aquele bebê e a mãe também.Agora todas as semanas eles iam tomar um café, até que casaram-se.
Eles viviam felizes, afinal, Helena não estava só, agora tinha o seu "filho" e seu esposo.
Os dois adotaram ao menino, ao qual deram o nome Oswaldo Montenegro, um menino forte e saudável.
E como se a alegria do casal fosse pouca, quando o pequeno completou cinco anos, eles tiveram uma filha, Luíza, e dois anos depois fechou-se o ventre de Helena com o nascimento de seu último filho, André.
A família era humilde e trabalhadora e vivia feliz, Oswaldo tocava bandolim já aos sete anos, sobretudo, sonhava com o exército. Luíza já dançava desde o ventre e André aprendera as artimanhas da música com seu irmão.
A família era plena, porém uma doença gravíssima atacou o esposo de Helena o levando a morte.
E Helena teve que cuidar de sua família sozinha.Seus filhos tinham doze, sete e cinco de idade.
Ela continuo trabalhando na floricultura, porém, fazia agora alguns trabalhos extras em casas de madames, tudo valia para levar os seus filhos ao estudo e dar-lhes uma boa educação. Contudo eles cresceram saudáveis e inteligentes.
E quanto aos seus pais?
Desses nunca mais se ouviu falar.
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Bandolins
RomancePrólogo: (...) "Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte". As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais. Mas eu... Eu não! Minhas...