Eles entraram em casa, e para a surpresa de Luíza as malas e coisas de Oswaldo já estavam lá.
- Oswaldo respirou fundo - Ai, que saudade!
Luíza fecha a porta com o pé, e vem ajeitando os papéis dentro da bolsa.
- Nossa, você esteve sozinha aqui?
- É, mas não muito, a mamãe faleceu tem uns meses ainda.
- Mesmo assim, essa casa é grande, eu já teria enlouquecido!
- Não que eu esteja muito lúcida!
- E você paquerando muito?
- Senta, eu vou colocar a água no fogo para fazer um café.
- Luíza!
- O que é? Não, eu não estou paquerando, eu tenho cara de quem paquera alguém?
- Mas e o rapaz de quem me falou nas cartas?
- Ele se foi! A mamãe não queria que eu fosse vê-lo, então quando consegui fugir, já era tarde... Bom, vou fazer o café!
Luíza foi para a cozinha, estava tentando se conter para não desabar. Oswaldo praticamente a criou, ele percebeu a sua tristeza e foi atrás dela.
Ela estava de costas fazendo o café na cozinha.
- Luíza!
- Oi Ós, tá quase pronto!
- Luíza!
- Calma...
Ela se virou para pegar algo no armário, mas Oswaldo ficou na frente.
- Deixe-me passar!
- Luíza para! - disse Oswaldo segurando-a em seus braços - Você precisa parar!
- Com o quê? Eu não compreendo!
- Luíza, a mamãe já morreu! Pare de agir assim! Não precisa mais fazer tudo o que ela queria que você fizesse!
- O que está falando? Você sempre fez tudo pra ela, até foi para o exército!
- Porque eu quis, não porque ela ordenou que eu fosse! Luíza, pare de fazer tudo para todo mundo e passe a fazer as coisas para você!
- Oswaldo! Eu não tenho nada para fazer para mim! Eu já vivi muito agora tenho que honrar o nome da família!
- Luíza esqueça a família! Quando foi a última vez que dançou? Isso te deixa não deixa? Então por que não dança de novo? Luíza... Vá viver!
- Eu não consigo! Não tenho mais nenhuma inspiração!
- Tem sim, tem sua dor! Grandes pintores e poetas fazem suas obras inspiradas nas dores obscuras!
- E como eu poderia voltar a dançar? Assim do nada?
- Eu vou te ajudar! - disse Oswaldo a puxando para a sala.
Ele se posicionou como se fossem começar uma valsa.
- Oswaldo, eu já não tenho forças para dançar...
- Shiii - disse Oswaldo - ouça o doce som da minha voz! Como fosse um par que nessa valsa triste, se desenvolvesse ao som doa bandolins...
Ela conhecia aquela música, aos poucos foi se soltando, deixando a música a envolver por completo, e quando se viu já não estava mais nos braços de Oswaldo, estava dançando sozinha, e Oswaldo, este não parava de cantar.
Esse foi um dia feliz, depois de tantos tristes, finalmente Luíza havia tido um dia feliz.
No dia seguinte Oswaldo saiu cedo para procurar um emprego pela cidade. Luíza acordou e abriu as janelas, já fazia muito tempo que não via o sol entrar em seu quarto. E de repente, em sua direção, veio voando o canário que a seguia sempre.
- Oi passarinho! - diz Luíza pegando o passarinho em suas mãos.
Ela o lançou no ar, e foi se arrumar para ir lecionar.
Quando estava à caminho do seu trabalho, viu em um poste um anúncio, que falava sobre o aniversário da cidade, haveria uma festa, e uma companhia de dança fora convidada para se apresentar na festa, mas precisavam de uma pessoa a mais pois no elenco faltava uma menina.Por um momento ela até pensou no assunto, mas seguiu caminho.
Mais tarde quando chegou em casa teve uma Surpresa, Oswaldo já estava em casa.
- Oi Oswaldo, como foi o dia?
- Foi ótimo, consegui uma vaga na biblioteca, vou ser bibliotecário!
- Isso é muito bom! Pode pegar livros para mim!
- Ha ha, engraçado. E tem mais, você está inscrita para a audição de dança. Viu os anúncios na rua?
- O quê?
- Eu fui no teatro e te inscrevi!
- Oswaldo! - Luíza estava com e sem Raiva, estava meio que em dúvida.
- Luíza, você precisa ir! É uma grande chance!
- Vou pensar Oswaldo!
- Você vai ir! É amanhã às duas horas, faça o seu melhor!
Luíza subiu as escadas bufando, mas de todo modo feliz, ela queria ir.
E sim, ela conseguiu a vaga e entrou para a companhia, e o contrato da companhia era vitalício.
Com o tempo eles foram se apresentando em muitos lugares diferentes. Oswaldo morava com Luíza, e para seguir essa carreira ela teve que deixar a escola. Estava sempre em ensaios e quando acabavam os ensaios fugia direto para o botequim. Ela levou Oswaldo lá, adivinhem? Ele adorou, depois de anos pôde voltar a tocar seu Bandolin, compôr músicas e também dançar, logo fez amizade com Nicole, que não sabia que Luíza tinha outro irmão.
Entre altos e baixos, idas e vindas, com o tempo Luíza tornou-se uma das principais representantes da companhia até que pegou o papel principal em uma história de romance. E mais, ela quem deveria escolher a música principal e montar a coreografia para o encerramento da peça.
Essa seria a sua chance de mostrar que era capaz.
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Bandolins
RomancePrólogo: (...) "Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte". As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais. Mas eu... Eu não! Minhas...