12 de Março de 1966, Queimados - Rio de Janeiro.
(...) - Vamos! - ela segurou na mão do seu irmão.
E eles foram, entraram na mata e sumiram.
O botequim ficava no fim dessa mata, juntamente com a casa da família de Seu Manoel, e muitos rapazes lá se reuniam para tocar, cantar e dançar.
André, como já sabem, era músico, portanto adorava participar das rodas de música.
No entanto após o pedido de sua irmã ele deu uma pausa nas idas ao botequim. Porém, não fôra apenas pelo pedido de sua irmã, e sim porque todos os músicos iriam viajar para passar alguns dias com suas respectivas famílias, já que os jovens moravam em lugares distantes, mas algo havia em comum, todos trabalhavam no banco, então sempre sabiam quando e onde se encontrar. O único que morava relativamente perto do botequim era André.
Ele ia caminhando por entre as árvores, batendo nos galhos como alguém que faz trilha a anos. Já Luiza, só fazia reclamar, e estava a alguns passos atrás de André.
- Onde eu estava com a cabeça? Louca! Eu fiquei louca! Isso, essa é a explicação mais plausível, Loucura! - Dizia Luíza tentando passar por entre os galhos, já que estes agarravam em seus cabelos soltos e em seu vestido.
André parou de andar em frente à uma árvore, e Luíza veio tirando galhos dos cabelos e batendo o vestido.
- Tudo bem, vamos ficar parados admirando a sua linda árvore? Já devem ser meia-noite e para amanhecer é como o salto de um gato. - Dizia Luíza já impaciente.
- Não devia julgar sem olhar bem! - Disse André empurrando os galhos com o braço deixando a vista o botequim.
Luíza o viu e ficou encantada, era de todo modo bem simples. Porém, bem arrumado parcialmente confortável.
Era uma casa, provavelmente a casa do dono do boteco. E na frente havia uma varanda em madeira bem larga, na qual haviam mesas e cadeiras. E no espaço do "quintal" que havia em frente à varanda, havia uma fogueira e em volta dela vários rapazes tocando violões, cavaquinhos e bandolins.
Luíza saiu de trás da árvore, porém esperou André ir na frente, não conhecia ninguém ali.
André foi andando e quando chegou perto da roda todos os rapazes pararam de tocar para cumprimentá-lo.
- André! - exclamaram os rapazes quase que fazendo um coro.
E também duas moças que quase saltaram em cima do meu irmão.
- André!- disseram as damas o abraçando - Você demorou mais do que os outros rapazes à voltar! - Disse uma delas.
Elas eram relativamente idênticas.
Provavelmente gêmeas, porém, uma tinha os cabelos bem louros quase brancos e outra tinha os cabelos mais dourados quase que um mel.André quando percebeu que eu ainda estava parada atrás dele me apresentou a todos.
- Senhores, comportem-se, hoje temos uma dama a mais entre nós. - disse ele me segurando pela mão - senhores essa é minha irmã mais velha Luíza.
- Olá senhores!
- Luíza esses são meus amigos, João, Pedro, Vinícius, Luíz e tem aquele anti-social lá na varanda.
Todos riram.
O que se chamava Vinícius dirigiu-se a André - Deixe ele em paz! E quanto à senhorita, seja bem-vinda! - Disse ele beijando a minha mão.
- Cuidado, esse aí é mulherengo! - Disse Pedro.
Todos riram novamente.
- É mulherengo sim, seu quadrúpede! - Disse a moça de cabelos dourados dando um tapa em Vinícius.
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Bandolins
RomancePrólogo: (...) "Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte". As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais. Mas eu... Eu não! Minhas...