14 de Abril de 1968, Queimados - Rio de Janeiro.
Nicole e seu pai , Seu Manoel, levaram ela de volta ao botequim, ela bebeu muito vinho. Acabou dormindo no quarto de Nicole.
Acordou de manhã, tomou um banho lá mesmo e pegou um vestido de Nicole emprestado.
Dona Joana, esposa de Seu Manoel, fez curativos em suas mãos e pés que estavam em um estado deplorável.Luíza saiu de lá e até pensou em ir em casa, mas sabia que não seria bem Recebida, então ela foi direto para a biblioteca trabalhar.
Ainda chovia, o dia nunca havia sido tão triste como este estava sendo.
Quando saiu da biblioteca, sabia que sua mãe estaria na floricultura, então foi até em casa, pegou tudo o que tinha e colocou em uma mala. Só deixou em cima da mesa da cozinha uma carta para sua mãe.
De: Luíza
Dona Helena, não sei o que passa em seu coração, mas no meu, você será para sempre minha mãe. Estou indo embora, você está livre! Não precisa mais fazer faxina ou trabalhos extras nas casas das madames. Já não tem mais com quem se preocupar, cuide da sua vida, VIVA, seja feliz! Eu estarei sempre por perto, e quando você realmente precisar de mim, eu voltarei!
Perdoe-me por não ser para você, tudo o que esperava de mim!
Te amo mamãe!Ela se foi, com o dinheiro que recebia da biblioteca alugou um apartamento na mesma cidade, porém bem distante da casa de sua mãe, e um pouco mais próximo ao botequim, onde nunca deixou de ir, prezava muito a amizade com todos ali.
Porém, algo mudou em Luíza, ela aposentou suas sapatilhas, jamais voltaria a dançar, já não tinha motivos. Ela continuou fazendo a faculdade, depois de um ano terminou, e se tornou professora de uma das escolas da região.
Agora era uma pessoa calada e triste. Havia conquistado sua liberdade, e esta trouxe de brinde a solidão.A vida agora já não era mais a mesma.
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Dois anos se passaram desde a morte de seu irmão, e ela teve a notícia que sua mãe estava muito doente, então ela voltou para casa, para cuidar de sua mãe.
- Olá? - disse ela abrindo a porta com o pé, e trazendo a mão suas malas.
Ela largou tudo no chão da sala e subiu até o quarto de sua mãe.
Helena estava deitada em seu quarto, havia pegado pneumonia e precisava de repouso e tomar alguns remédios.
- Mãe? - Diz Luíza quando a vê deitada na cama daquele jeito.
- O que faz aqui? - Tosse - eu disse que não queria te ver! - tosse.
- Como pode! Ainda desse jeito? Olha você tem a mim agora!
- Não preciso de você, o meu filho Oswaldo vai voltar e vir cuidar de mim.
- Oswaldo acabou de conseguir uma boa posição no exército, e com a ditadura militar no seu auge, acho que vai ficar um tanto difícil dele vir aqui! - diz Luíza entrando no quarto.
Ela olhou em cima de uma estante que sua mãe tinha.
- O que é isso? É sua receita? - disse ela pegando um papel - E esses são seus Remédios? Os vidros estão todos cheios! Óbvio que você não vai melhorar!
- Eu não preciso de remédios - tosse - eu preciso ficar sozinha!
- Precisa e vai, agora eu estou aqui e você vai tomar todos os remédios!
Luíza cuidou da sua mãe, mas contudo o estado dela já estava muito agravado, após um ano dona Helena faleceu.
E agora já eram três covas, a de seu pai, de seu irmão e de sua mãe, quem seria o próximo?
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Bandolins
RomancePrólogo: (...) "Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte". As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais. Mas eu... Eu não! Minhas...