12 de Abril de 1968, Queimados - Rio de Janeiro.
Duas semanas depois, Alexandre foi ao barbeiro, cortou o cabelo e até comprou flores, estava preparado para surpreender a mãe de Luíza e André.
André durante essas duas semanas esteve indo ao médico pois havia percebido que as dores no peito e a tosse tinham se tornado frequentes, e a noite não ia para o botequim, e Luíza também não, sabia que Alexandre não iria.
No dia em questão, Alexandre foi à casa de Luíza, era meio-dia e Luíza estava na faculdade, quem o atendeu foi sua mãe.
- Olá! A senhora deve ser Helena? - Alexandre estendeu a mão.
- É Dona Helena para você! Quem és?
- Ah, perdoe-me, sou Alexandre, vim ver sua filha! Ela está?
- Luíza está na faculdade, ela vai ser professora! E o que você faz que não está trabalhando uma hora dessas? - Disse Helena de braços cruzados em frente à porta.
- Eu trabalho à tarde no banco, no último expediente. E eu sou músico, trabalho mais à noite!
- E um vagabundo como você está procurando minha filha?
O sorriso no rosto de Alexandre se fechou na hora - Minha senhora eu trabalho, não sou qualquer músico, e minha família tem boas condições, jamais submeteria sua filha a uma vida indigna!
- Ah, já entendi, então seus pais são ricos, tem todo o tempo do mundo para praticar música! É um vagabundo qualquer sim, e eu não quero Luíza com você! Não me importune! - Helena vira as costas para fechar a porta.
- Senhora, por favor, eu a amo! Não pode fazer isso!
- Se a ama, deixe-a em paz! Minha filha trabalha e estuda muito para acabar assim!
- Senhora...
A porta bate em sua cara.
Alexandre fica parado olhando para a porta.
- Não pode ser... Eu... Eu a amo...
Ele abaixa a cabeça e vai embora.
Mais tarde Luíza chega em casa.
Esperava que sua mãe estivesse dormindo para poder fugir, mas quando abriu a porta sua mãe estava sentada em um sofá na sala.- Mamãe! Acordada ainda?
- Onde esteve? - Perguntou Helena, seca e direta.
- Bom, de manhã, fui trabalhar na biblioteca, em seguida fui à faculdade e depois passei no banco para vir com André, mas ele não estava.
- André está doente! E você, nunca imaginei que minha filha andasse com vagabundos.
Luíza estava de costas tirando o chapéu. Quando ouviu a frase saindo da boca de sua mãe, seus olhos se arregalaram.
- O quê?
- É isso mesmo! Achei que quando fosse arrumar um namorado escolheria melhor, mas não tem problema, acho que ele não vai mais insistir nisso.
- O que você fez? - Disse Luíza virando-se para sua mãe.
- Eu disse para ele que na nossa casa não entram vagabundos! E eu espero que ele tenha entendido o recado e você também!
- Como pôde? - Uma lágrima rolou dos olhos de Luíza.
- Você quase desistiu de tudo uma vez e eu não vou deixar que o faça de novo!
- Desistir de tudo? Eu só queria dançar, mas você fez de tudo para impedir!
- Dançar... Poupe-me Luíza! Que futuro você teria com isso? Trabalhar na noite? Como uma sirigaita? E depois ia se arrepender de tudo e ir trabalhar no banco também? E agora quer namorar um vagabundo, o que vai ser dessa família?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bandolins
عاطفيةPrólogo: (...) "Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte". As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais. Mas eu... Eu não! Minhas...