Capítulo 10

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13 de Abril de 1968, Rio de Janeiro - Queimados.

De: Alexandre
Para: Luíza Montenegro

Olá meu amor, eu queria me desculpar por não ter ido ver André, desejo a ele melhoras. E eu também queria que você me perdoasse por não ser para um Homem incrível.
Eu queria poder ser mais, eu queria ter aproveitado mais ao seu lado e ter te feito mais feliz.
Mas Luíza, eu imploro, não duvide do meu amor.
Eu te amo tanto quanto um pássaro ama o seu ninho.
Você é graciosa, é boa e amável! É tudo que eu poderia sonhar!
E eu vou dar um jeito em tudo!
O meu pai resolveu viajar amanhã de manhã bem cedo, leia com atenção, essa noite às dez me encontre no botequim, eu tenho uma mala que contém todas as minhas economias, do meu trabalho no banco, do meu trabalho como músico e dos trocados que meu pai me dava. Eu vou pegar essa mala, venha só você, não precisa trazer nada, vamos fugir e viver o nosso amor! Com o dinheiro que eu tenho podemos começar uma vida nova em outro lugar até que eu encontre um emprego. Estarei te esperando, caso não apareça, voltarei para casa e irei viajar com o meu pai para Londres.
Luíza, eu sei que parece loucura, mas se me ama por favor esteja lá, vem comigo, vamos viver esse nosso amor te convido para dançar comigo, só que dessa vez é para sempre!

Te aguardo...

Luíza havia acabado de ler a carta. Em sua frente estava o corpo de seu irmão, o coveiro estava vindo para retira-lo.

- André... O que faria se estivesse em meu lugar? Eu não sei o que fazer irmão, eu queria que ainda estivesse aqui! - neste momento é interrompida por sua mãe que abre a porta.

- Luíza, saia de perto do meu filho, o coveiro veio para levar o corpo, e prepará-lo para o enterro.

Com a surpresa Luíza não sabe o que fazer com a carta, ela a solta e a deixa cair no chão. Em seguida chuta o papel cautelosamente para baixo da cama.

- Ele é meu irmão! Não importa o que eu seja para você, mas para ele eu sempre fui uma boa irmã!

- Dona Luíza, perdoe-me mas eu tenho que levar o corpo de seu irmão! - disse o coveiro.

- Tudo bem!

Luíza pegou um vestido preto e longo em sua estante/penteadeira e foi se arrumar no banheiro.

Depois de algum tempo viu que tudo estava quieto. Ela já havia se arrumado, então foi até a cozinha fazer um café, era Meio dia. Ela estava esperando a hora do enterro. Sua mãe chegou, a viu na mesa, não falou nada, subiu para se arrumar.

Depois de um tempo sua mãe saiu. Ela pegou seu chapéu preto, calçou as botas e pegou um véu preto que cobriu as costas e a cabeça. Ela foi direto para o cemitério da cidade, era longe, e como estava sem dinheiro teve que ir a pé.

No meio do caminho, começou a chover ela, obviamente, ficou toda encharcada. Quando chegou no cemitério, já haviam enterrado o caixão, sua mãe já havia ido embora e já eram quatro horas da tarde.

Ela parou em frente à lápide de seu irmão, dizia "Aqui jaz André Montenegro" o amado filho da familia Montenegro.

Ela ficava pensando se um dia também iria receber uma homenagem em sua lápide.

Ela deixou em frente a lápide o buquê de flores brancas levado por Nicole.

- Pelo menos você a beijou antes de partir! - diz Luíza com um leve sorriso no canto da boca.

Ela saiu do cemitério, e no caminho para casa ouviu novamente o canto do passarinho, olhou para cima e o viu em uma árvore, estava todo encharcado pois chovia bastante, mas ele levantou vôo fazendo ela correr atrás dele e se esquecer de tudo o que estava acontecendo. Depois de um tempo ele parou em outra árvore, e ela foi para casa.

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