19 de Fevereiro de 1966, Rio de Janeiro - Queimados.
Eu estava deitada, quando de repente a porta do quarto batendo acordou-me.
-André? - meu irmão que havia feito o barulho.
-Shiiii! - ele sussurrou.
Logo em seguida jogou as suas coisas em baixo da cama, caiu na sua cama e se cobriu até o pescoço.
Eu estranhei, mas deitei também, fiquei de frente para André e novamente ele colocou o dedo na boca, e fez para que eu ficasse quieta.
-Luiza? André? - nossa mãe entrou no quarto - humm... Eu devo estar ficando maluca!
Quando minha mãe saiu do quarto, eu esperei um pouco até ela voltar para o quarto dela. Levantei.
-Seu idiota! - eu falei batendo com o travesseiro em André.
-Luíza! Está maluca? - ele disse sussurrando.
-Louco é você! Por que sempre faz isso?
-Para Luíza! - ele segurou em meus pulsos.
-Acho bom você parar com essas saídas, na próxima eu conto para ela! Você já tem dezenove anos André! Já passou da hora de você ser responsável! - eu me joguei de volta na cama.
-Luíza eu sou responsável! Já terminei os estudos e eu trabalho no banco! Ganho mais dinheiro que vocês duas juntas! Só que quando à noite, eu preciso fugir, não dar para viver com essa seriedade toda!
-Eu não me importo com você sair, só que você sempre ne acorda cedo quando chega, olha a hora, são cinco da manhã, o sol nem nasceu ainda e daqui eu tenho que sair para trabalhar e você também! Vai ir para banco pernoitado? E mais, se a mamãe descobrir ela vai brigar comigo! Vai achar que eu estou de acordo com isso e você sabe que eu não estou!
-Luíza, eu vou dar um tempo de fugir, por você! Mas, não vai ser para sempre!
-Obrigada! Se você parar só por um tempo eu já agradeço!
-Tudo bem! Perdoe-me! - André levantou e abraçou Luíza - Agora vamos dormir que daqui a pouco temos que trabalhar.
Cada um deitou em sua cama, e dormiram.
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12 de Março de 1966, Rio de Janeiro - Queimados.
Luiza estava sentada em uma cadeira de madeira azul, em frente a sua penteadeira, penteando os cabelos e se olhando no espelho, era noite quase oito horas, sua mãe já dormir. Estava calma, já havia quase um mês que seu irmão não fugia, ela tinha seu emprego na biblioteca, não tinha com o que se preocupar, até que:
-Oi Lu! - disse André.
-Olá, como foi o trabalho?
-Chato como sempre, olha para lá!
-Por quê? - perguntou Luíza olhando para o seu irmão que havia tirado a camisa.
Ela desviou o olhar envergonhada.
-André, aqui não é lugar disso, nós temos banheiro para que mesmo?
-Eu mandei olhar para lá! O quarto não é só seu! - disse André colocando um blusão branco bem largo.
-Tenho saudade do Oswaldo, quando ele estava aqui essas coisas não aconteciam!
-Claro que não! Ele é mandão igual a mamãe! - disse André sorrindo. - Por isso foi para o exército!
-Não! Ele não é mandão! Ele é responsável, assim como eu!
-Você não é responsável! Apenas faz tudo que te mandam fazer, nunca sai, nunca se diverte, não namora, e olha que você já tem vinte e um anos! - disse André enquanto pegava umas malas grandes que estavam em baixo da cama.
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Bandolins
RomansaPrólogo: (...) "Muitas pessoas usam suas habilidades como uma Ponte". As águas em baixo da ponte são seus problemas, e essas pessoas usam a ponte para esquecer desses problemas, das dores obscuras, de conflitos existenciais. Mas eu... Eu não! Minhas...