Chapter One

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(Harry)

Eu costumava pedir que coisas ruins acontecessem comigo, do tipo pedir uma gripe para não ir ter que ir à aula ou como uma vez eu já cheguei a pedir em voz alta que minha perna quebrasse pra que eu não tivesse que nadar em uma competição idiota no segundo ano do ensino médio.

Eu acabei aprendendo da pior forma a parar de fazer isso quando meu namorado foi assassinado na minha frente de forma brutal. A partir daí eu aprendi valorizar mais momentos e nunca desejar algo ruim para mim e nem para ninguém. Aprendi o sentido da frase quase literal da frase "Palavra tem poder".

Nick e eu namorávamos à sete anos e nos conhecemos quando eu tinha quinze e ele dezesseis. Eu, na mina forma mais desastrada de ser, derrubei o pobre garoto nas escadas de nosso colégio e me lembro de ter passado quase uma hora pedindo desculpas enquanto nós dois ficamos sentados na maca da enfermaria do colégio, ele com um saco de gelo na testa. Aquele mesmo dia ele me chamou para uma sorveteria junto com os outros garotos que eram do time de futebol e eu fui, feliz da vida por estar no meio deles pois sempre tivera essa briga idiota de jogadores de futebol com atletas da natação e o fato deles me aceitarem fora motivo de um sorriso bobo em meu rosto por uma semana.

Nick e eu nos tornamos melhores amigos desde aquele desastroso dia... Assistíamos filmes juntos, ficávamos horas e horas deitados em minha cama falando de qualquer besteira enquanto as estrelas fluorescentes no teto de meu quarto eram as únicas coisas que conseguíamos ver. Até o dia em que resolvemos abrir o jogo e contar que aquilo não era uma simples amizade, que estávamos de fato gostando um do outro, transformando a amizade em um namoro firme que durara sete anos.

Nós passamos juntos muita coisa, Nick não sabia que era gay até começar a gostar de mim e eu apesar de ter certeza de minha sexualidade nunca havia ficado com um garoto. Nós crescemos, saímos de adolescentes com hormônios à flor da pele para jovens com grandes escolhas à tomar, escolhemos universidade, procura de trabalho e até um apartamento para morar, tudo isso fizemos juntos. Nick me viu tornar o homem que eu sou agora, com meus 22 anos completos e eu o vi se tornar o homem que ele era, até destruírem da forma mais absurda seu futuro inteiro, destruírem a melhor coisa que já acontecera comigo.

As consequências disso em minha vida foram quase tão brutas quanto sua morte. Minha mãe me obrigou à voltar para a casa dela, eu comecei a não dormir direito por conta dos insuportáveis pesadelos. A constante falta de um bom sono me fizera ter constantes mudanças de humor, fazendo minha mãe achar que eu estava com transtornos bipolares e me levar a um psiquiatra que indicou-me remédios para insônia, ataques bipolares e tranquilizantes parecidos com remédios para dopar cavalo, tudo uma grande merda. Eu parei de fazer amizades, de conversar direito com meus amigos da natação e a única exceção é Zayn que é meu irmão por parte de pai.

Zayn tem um apartamento que ele divide com um amigo chamado Niall Horan, um garoto da Irlanda bem legal e tudo mais, as vezes quando quero fugir de minha mãe e as loucuras dela eu vou passar algum tempo lá com os dois.

Minha mãe não me permite sair para lugar nenhum, à não ser para as aulas de natação algumas tardes na semana e isso tudo ela põe culpa em minhas crises de raiva, dizendo que se preocupa comigo e as pessoas em volta. Caso eu me atreva a sair de casa para algo, como ir na casa de Zayn, ela me deixa sem o remédio de insônia, me obrigando a ir dormir sem os efeitos dele, isso acaba fazendo eu não dormir de fato e ter pesadelos a noite inteira. É um inferno, e ela jura ser para meu bem.

Enfim, esse mês eu havia pedido transferência de minha antiga universidade para a Uni de Zayn pois a outra simplesmente não dava mais. Nicholas me lembrava cada corredor e sala daquele lugar e eu estava ficando cansado de não conseguir me concentrar, não conseguir fazer nada em todas as aulas, eu acabaria repetindo de período daquela forma. Minha mãe odiou a mudança pois ela odeia Zayn pelo fato de ele ter sido fruto de uma traição de meu pai pouco antes de eu nascer.

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