Chapter Sixteen

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[ Harry's P.O.V. ]

Dizer que eu não estava pensando altas besteiras enquanto Louis entrelaçava os dedos nos meus e me puxava até o andar de cima seria uma mentira gigante, eu estava.

Ele abriu a porta que eu entrei hoje mais cedo e sorri enquanto Louis me puxava para dentro.

- Você só está me trazendo aqui porque acha que eu não vou lembrar amanhã? - Perguntei arqueando uma sobrancelha enquanto ele sorria minimamente.

- Vai funcionar? - Ele respondeu com outra pergunta, fechando a porta.

- Não. - Respondi vendo-o balançar a cabeça e sentar no banco do piano, passando o dedo por sua proteção que havia sido fechada. Acho que ele estava percebendo que alguém entrara aqui e pensando se poupava a vida da pessoa que no caso sou eu. E Liam.

Me aproximei dos quadros para observá-los melhor e fui andando devagar, a única coisa que eu percebia é que Louis estava feliz de verdade em todos eles, sorrindo e brincando com as duas crianças, ou em algum lugar bem legal com o homem bombeiro. Suspirei e o olhei vagarosamente, assistindo-o me chamar para sentar ao seu lado.

Respirei fundo e fui até seu colo, ignorando se ele pedira para eu sentar ao lado. Seu nariz pressionou forte na base de seu pescoço enquanto continuei tentando respirar o mais normal possível. Estamos sozinhos em um quarto que parece algum tipo de santuário para a família dele, tem ela em cada lado do quarto e isso só me faz admirar Louis. Ele é forte o suficiente para não querer tirá-las de sua mente assim como eu quis fazer com Nicholas por algum tempo. Mas era tão doloroso chegar em nosso antigo apartamento e não vê-lo assistindo tevê ou lendo um livro, chegar no antigo colégio e saber que ele não estaria me esperando na sala, nem muito menos em qualquer outro lugar. Foram seis anos quase vinte e quatro horas ao lado de alguém que era extremamente importante, eu simplesmente não queria lembretes que ele havia ido.

- Eu vou te dar isso... - Ele disse devagar e seu corpo virou um pouco para pegar algo parecido com um caderno ao seu lado no banco.

Segurei delicadamente em minha mão, não parecia tão estável e algumas folhas até estavam prontas para cair com o menor dos toques. Olhei melhor e era um diário, todo rabiscado e velho.

- É meu diário, eu escrevo antes de passar para o Word e mandar publicarem. - Ele foi explicando e passando o dedo devagar na capa assim como eu fazia, traçando linhas onde tinham alguns arranhões. - Nele eu não preciso conter palavrões, eu não preciso conter nada porque alguém não vai gostar como eu tenho que fazer para mandar pro escritório. Eu quero que você leia as últimas folhas, pode ler o resto se quiser eu não me importo, mas as últimas folhas escrevi exatamente para que você entenda o que eu não tenho coragem de falar. Sempre fui melhor com a escrita.

- Lou eu não...

- Quando você terminar me devolve, não precisa pressa, eu escrevo também no Ipad de qualquer forma.

Assenti e olhei para ele com um sorriso leve, admirando suas feições delicadas e olhos alarmados.

- Posso ler agora? - Perguntei me arrumando em seu colo, tirando minhas pernas do chão e colocando-as em volta de sua cintura. Talvez eu seja grande demais para isso, mas Louis pareceu me fazer de boneco enquanto me ajustava em seu colo, a mão indo para a base de minhas costas. Se você quiser pode considerar que foi na minha bunda, estava perto.

- Não. - Ele disse baixo e eu fiz uma careta, sem tirar os olhos do seu rosto.

Eu não consigo entender como uma pessoa vicia tanto no rosto de outra, é como se tudo o que eu quisesse fosse tocar e olhar para Louis. Sempre gostei de ser físico, estar tocando ou cobrindo alguma pessoa de abraços, eu sinto tanta falta de ser livre para tocar alguém desta forma. Louis era perfeito até demais e estava ali, totalmente ao alcance de meus dedos.

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