Chapter Thirty Three

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(Louis)

Eu talvez estivesse pensando faz duas horas sobre esses últimos quatro meses. Bom, sobre a minha vida inteira em geral.

Pensando claramente, eu quero dizer.

Faz bastante tempo que minha família morrera e eu tivera que crescer me virando sozinho na medida do possível já que meu pobre tio Ben tinha que trabalhar como condenado para pagar minha escola e os custos que qualquer criança dá. Nunca tive do que reclamar com ele porque mesmo quando eu chegava em casa cheirando a álcool e perfume de garotas (várias delas, devo vergonhosamente admitir), tio Ben não repreendia ou brigava comigo, apesar de eu saber que estava o desapontando. Talvez eu tenha achado que depois de tanto tempo engolindo a vida solitária e a falta de minha mãe, eu tinha razões e direito de me revoltar contra tudo e todos. Mas eu sempre fui um garoto um tanto que fútil, até tio Ben não estar mais aqui e a realidade de estar definitivamente sozinho me atingirem.

Depois de passar mais um tempo revoltado, eu quase vi Zayn morrer.

E isso ninguém sabe além de Zayn, eu e Des.

Eu tive que quase perder todos em minha volta para aprender a dar valor ao que eu tenho, por pouco que seja.

Zayn e eu tínhamos um hábito ridículo de ir fumar maconha atrás da Universidade talvez um ano e alguns meses atrás. Eu ainda queria evaporar minha vida inteira para que ela saísse voando assim como a fumaça dos cigarros e mais cigarros caros que eu e Zayn fumávamos por dia. Todos os dias eram festas diferentes, garotas diferentes, substancias diferentes, dores diferentes... Mas somente uma coisa eu não deixava de fazer que era ir até o pátio vazio atrás da HCU e fumar até não conseguir diferenciar meus pés de minhas mãos. Até que um dia, o dia que eu costumo chamar de choque de realidade, Zayn teve uma parada cardiorrespiratória acompanhada de uma parada cardíaca e eu o vi morrer duas vezes no mesmo dia.

Esse dia ele não fumou maconha comigo e preferiu levar uma garrafa de uísque e cigarros. Ele também nem tocou os cigarros e bebia como se não fosse existir o amanhã. Eu acho que fiquei tão distraído assistindo ele fazer palhaçadas e cantar músicas velhas que não fumei tanto quanto nos outros dias. E isso definitivamente fora a salvação de Zayn porque se tivesse sido em outro dia, talvez eu não tivesse ficado consciente o suficiente para ligar pra emergência e ficar tentando reanima-lo do jeito que eu conseguia, empurrando minhas mãos no centro de seu peito enquanto o mundo todo rodava. Juro que pensei que morreríamos nós dois ali.

Assim que a ambulância chegou, me deixaram entrar porque eu gritei que era irmão dele e com ajuda vinda diretamente do céu que não havia desistido de nós dois, eu consegui ligar pra Des enquanto via o filho dele sendo reanimado através de choques por placas metálicas assustadoras que faziam seu corpo erguer-se da maca.

Eu me lembro de eles gritarem uns para os outros que Zayn havia tido uma hipoxemia e começarem a trabalhar cada vez mais depressa, meus olhos só conseguindo fitar meu amigo com os lábios verdes e as pontas dos dedos começando a ficar da mesma cor.

Perdi perdão por todos os meus pecados talvez trezentas vezes e prometi não fazê-los mais em outras trezentas. De fato eu honrei a promessa e comecei a ver a vida de outro ângulo depois de passar dois dias esperando Zayn acordar.

Somente Des soube disso e eu queria que ficasse daquele jeito. Ele já estava sofrendo com a depressão de um filho e as coisas não melhoraram com a notícia de que o outro havia passado alguns segundos com o coração parado. Trisha achava que Zayn havia batido a parte de trás de sua cabeça na trave enquanto jogávamos futebol, e essa mentira fora contada para todos os outros.

No dia que Zayn saíra do hospital, quatro dias depois do acidente e dois dias depois de acordar, fomos todos pra casa de Des que queria fazer um jantar de agradecimento aos deuses e à mim por ter salvado a vida de seu filho. Mal sabia ele que eu fui uma das causas já que Zayn começou por mim. Começou a fumar, beber ele já bebia há algum tempo.

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