Chapter Two

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[ Harry's P.O.V. ]

Por mais que eu tentasse meus pés insistiam em fazer barulho demais contra o piso, parecendo fita adesiva desgrudando da pele de alguém. Fui colocar meu sapato no lugar silenciosamente, mas nada na vida é como você planeja eu acabei os deixando cair com um ruído estúpido enquanto meu joelho batia na mesinha da entrada e uma exclamação de dor saía de minha boca antes que eu pensasse.

- Harry. - Ouvi a voz de minha mãe soar baixa, vindo da sala. Claro que ela estaria acordada me esperando para O Discurso e provavelmente gritar que eu sou um delinquente por estar andando com Zayn.

Fui devagar enquanto pensava sério sobre fugir ou simplesmente ignorar e ir me trancar em quarto, mas uma hora da manhã não é hora para tal rebeldia então fui até a sala devagar onde a achei olhando para fora da janela concentrada em encarar a bela visão da rua escura. É claro que ela estaria me observando chegar, talvez para ver com quem eu voltaria.

- Você tem ideia, por mais remota que seja, de que horas são? - Ela disse fria. E era sempre assim, eu parecia mais um paciente e ela uma psicóloga ou uma psicóloga, não existe a relação de mãe e filho entre nós, ela deixara de me tratar dessa forma logo depois de eu contar que sou gay, só não quis admitir isso porque para a mente dela Anne Styles nunca está errada e se ela admitisse ser uma homofóbica, ela estaria errada.

- Uma hora? - Perguntei debochado e ela não mexeu um centímetro da cadeira, nem para me dar um olhar assassino.

- Onde você estava Harry?

- No Zayn, eu ia te ligar, mas sabia que você surtaria então nem gastei meu tempo. - Continuei a falar frio da mesma forma que ela estava fazendo. - Mãe...

- Zayn. - Ela bufou, rindo sem humor enquanto virava para mim - Está vendo o que esse garoto traz para você? Fica até uma hora da manhã fora de casa, sem tomar seus remédios de controle e ainda fala dessa forma comigo! Esse garoto de-

- Não chama o Zayn disso! - Exclamei sentindo uma vontade quase instantânea de chorar. - Não fala assim dele. Olha, eu já sei que vou ficar sem a porcaria do remédio, então já chega Anne. Boa noite.

Antes que eu realmente considerasse a ideia de quebrar tudo, corri para meu quarto e tranquei a porta para impedi-la de entrar apesar de saber que ela já deve estar com o telefone e os números de emergência ao lado para caso eu começasse a gritar que me mataria.

Ao invés disso eu somente tirei minha roupa e fui sentar na cama com a cabeça entre os joelhos, me balançando para ver se me distraia do sono. O plano não saiu como eu imaginei, e o balanço constante de meu corpo pareceu ser algum tipo de clamor silencioso para que eu caísse na armadilha da inconsciência.

E assim eu fiz, antes que eu percebesse acabei quase desmaiando de sono, só voltando a recobrar os sentidos depois que o grito sufocado tentou sair de meus lábios e o suor caia livre por minha testa.

Um pesadelo é claro.

Fechei os olhos com força, tateando minha mesinha de cabeceira até achar o controle de ar condicionado e liga-lo, tentando tirar o suor exagerado de meu corpo. Como sempre eu não me lembro do pesadelo inteiro, só vejo pequenos flashs, como as luzes brancas da boate que ficam piscando continuamente em um ritmo acelerado e acabam te deixando parecendo em câmera lenta. Eu via os olhos de Nick me pedindo desculpas enquanto homens continuavam a bater em sua pele morena iluminada somente pela única luz que vinha de uma lâmpada velha acima de nós. Eu o via mordendo os lábios com tanta força que o sangue escorria em alguns lados, mas ele se recusava a gritar. Eu não. Minha garganta parecia estar sendo arranhada internamente por unhas enquanto eu gritava por socorro até não sobrar ar e eu precisar repor. E então pula sempre para a parte que Nick deixara se abater e fechou os olhos pela última vez, meu estomago sendo esmurrado logo em seguida, até eu perder os sentidos e acordar do pesadelo.

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