Capitulo vinte e cinco | Sabedoria

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Quando cheguei em casa não encontrei ninguém, provavelmente meu pai estava trabalhando e minha mãe foi buscar Melissa na escola. Como eu sabia que tinha uma chave extra atrás das flores na frente da casa eu peguei e entrei. Deixei minha mala no meu quarto, tomei um banho longo orando mentalmente para conseguir falar tudo que quero. Fui até minha mala e peguei roupas confortáveis. Me joguei na cama e esperei até ouvir o barulho da porta.

Enquanto estava relaxada esperando que eles chegassem, peguei a bíblia dá minha irmã e abri na página marcada em Tiago um versículo cinco. " Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida." Eu realmente estava precisando dessas palavras, o que mais tenho pedido a Deus nesses últimos dias é sabedoria para lidar com toda a situação a minha volta.

Quando ouvi barulho da porta, guardei a bíblia e limpei minha roupa, antes de sair do quarto respirei fundo. Eu já ouvia a risada da minha irmã.

Quem está aí?– Ouço a voz da minha mãe e rio baixo. Ela sempre sabia quando tinha algo errado na casa.

— Sou eu – Abro a porta e a vejo com uma panela na mão. Corajosa, como sempre. — Acho que já passei da idade de apanhar – Aponta para a panela. Ela suspira aliviada e se joga no sofá.

— Ari! – Melissa me abraça pela cintura e eu dou um beijo na sua cabeça. — Não sabia que viria – Ela levanta a cabeça para me olhar.

— Foi de última hora– Ela me aperta mais uma vez e eu rio.

— Aconteceu alguma coisa com você?– Minha mãe se levanta afobada. Preocupada.

— Não, não. Eu estou bem – Sorrio para ela.

— Você está ainda mais bonita que pelo skype e instagram – Ela passa a mão nos meus fios castanho avermelhados.

— Está mesmo – Minha mãe disse e eu sorri para ela. — Mas se não aconteceu nada, porque está aqui? – Me dói suas palavras, pensei que de qualquer forma pudesse vir, mas eu entendo, eu saí deixando a entender que jamais pisaria aqui, a não ser pela Melissa.

— Eu prefiro falar com você e... – Coço a garganta. Eu estava envergonhada de falar a palavra que não digo a tanto tempo. — meu pai... – Seus olhos chegaram a brilhar e se encheram de água.

— Você está com fome? E-eu posso preparar o que... O que você quiser – Ela vai direto para pia e fica guaguejando um pouco, ela estava claramente tentando esconder as lágrimas.

— Pode ser qualquer coisa mãe – A palavra sai sem que eu perceba, mas ela me olha emocionada e eu demoro a entender sua expressão, quando dou por mim desvio meu olhar. Eu estava constrangida.

— Você não vai embora agora né? – Melissa me puxa para sentar com ela no sofá e eu a ajudo a tirar a mochila.

— Não agora, se não for incomodar eu fico uma semana aqui – Olho para minha mãe lavando alguns legumes na pia, mas ela não se vira.

— Claro que não incomoda – Ela diz baixinho, mas eu consigo ouvir.

— Que legal! Vamos dormir juntas de novo! Ah, mas porque você não fica mais? – Ela se deita no meu colo.

— É porque eu já estou abusando da boa vontade de meu chefe, estou a um mês sem trabalhar, ele só me deu mais essa semana de folga. – Aliso seus fios.

— Porque está há um mês sem trabalhar? – Engulo em seco com a pergunta.

— Melissa, chega de perguntas, vá tomar banho para comer – Ela revira os olhos, mas obedece a mãe.

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