Estou de frente para a aranha. River, logo acima de nós. Tento manter a calma, mas meu corpo não me obedece.
Ela me ataca com uma de suas patas, que parecem ser muito afiadas. De alguma forma, eu consigo desviar. O monstro finca sua perna no chão, que fica presa. Me aproveito disso. com um movimento ligeiro e preciso, passo o machado no meio de sua pata. Sinto que o machado a corta, mas não era o suficiente. Repito a ação e, desta vez, eu corto a perna toda fora. A aranha cai, desengonçada. Ela tenta se levantar. Me aproveito de seu momento de fraqueza, pego minhas duas faquinhas e finco-as em sua barriga. Ela grunhe de dor. Um som terrível que preenche minha mente. Corro para longe dela.
Sinto uma dor abrupta em meu ombro. Olho. Algo o atravessou. Isso parece... a pata da aranha! olho para trás e vejo, o monstro conseguiu me atingir. Meu sangue escorre. Tento me soltar mas o monstro levanta seu membro e me suspende no ar. Sinto que meu braço vai ser arrancado do meu corpo.
De repente, caio no chão. Me levanto atordoado. Percebo que a pata da criatura ainda me atravessa, mas não estava mais presa a ela. Olho para o monstro. Sua perna foi cortada. Vejo uma figura no ar, com uma enorme foice em mãos. O reconheço. Demon. Ele corre em minha direção e arranca a pata do meu ombro brutalmente. Sinto uma dor imensa, juntamente com alívio de leveza.
Salve a garota! - Ele me entrega sua foice. - Eu distraio aquela coisa! - Demon volta para confrontar a aranha gigante.
Não tenho tempo de retrucar. Me perguntei como ele esperava que eu conseguisse carregar isso mas, ao tentar erguer a enorme arma, percebo o quanto ela é leve. Agarro-a facilmente e observo onde River estava. Olho em volta. A teia está presa entre o teto e uma parede. Percebo que posso escalar uma coluna para chegar até ela. Não sei se consigo, ainda mais carregando isso, mas não tenho outra escolha. Preciso ser rápido.
Corro e pulo, agarro uma pedra um pouco fora da coluna e me seguro. Ponho os pés em um buraco na parede e pego impulso para segurar em outra pedra. Aos poucos, vou escalando, surpreendentemente hábil. Chego até o topo. Vejo River. Ela parece estar bem. Desacordada, mas bem. Meu corpo parece ter liberado um peso enorme, e sinto minha respiração de novo.
Movo a foice do Demon rapidamente e corto as linhas da teia. River despenca em queda. Me jogo no ar e a agarro antes que ela caia. Uso meu corpo para amaciar sua queda. Ela acorda, e me olha confusa.
An-gel... - Sua voz sai enfraquecida.
Não se preocupe, River! Eu vou nos tirar daqui! - Sorrio.
Olho para onde Demon confrontava a aranha. Ele parece ter dificuldades. O monstro o imprensa contra uma pedra. Tiro River de cima de mim e a encosto na coluna que escalei. Corro para ajudar Demon. Ao perceber que me aproximo, ele me manda um olhar de negação.
Saia daqui! Leve a garota! - Ele ordena.
Mas... E você?! - Dou mais um passo à frente.
Se vier até aqui, eu mesmo mato vocês! - Ele ruge. - Vão embora!
Mesmo discordando, percebo que ele quer nos ajudar. E se eu for até lá, só irei incomodá-lo. Corro de volta até River e a ajudo a se levantar. Olho para frente e vejo uma abertura na parede. Outro túnel. Parece estreito, mas nós dois com certeza conseguiremos passar. Chegamos na entrada do túnel rapidamente. Percebo que ainda estou com a foice do demônio nas mãos. Se eu voltar, vou apenas irritá-lo de novo. Vou arremessar a arma para ele. Olho para trás e me surpreendo. Uma luz surge logo à frente do peito de Demon. Mas ela é diferente. Ela tem... Cor. Uma luz laranja, bela e cintilante. Logo, a luz se expande em um raio brilhante. Arregalo meus olhos. O que é isso? O raio atinge o monstro em cheio e o atravessa, atingindo as pedras no teto e causando outro desmoronamento. Adentro o túnel com River e olho para Demon. Ele corre em nossa direção, mas as pedras bloqueiam sua passagem. O que antes era um teto de pedras, agora é uma parede. O demônio não dá mais nenhum sinal de vida.
Demon? - O chamo. Sem resposta.
Decido, então, seguir em frente com River.
Andamos pelo túnel por um tempo. Ela não diz nada. Deve estar exausta. Me mantenho calado também.
Enfim, chegamos á saída, ou entrada, tanto faz. Observo a área em volta. Um campo florido, com árvores não tão sombrias quanto as outras que vi. Um pouco de mato cerca a entrada da caverna, que por fora parece ser bem menor do que realmente é.
Coloco River no chão e ela despenca.
River! - Chamo-a, alarmado.
Acho que me desesperei a toa. Ela só está dormindo. Parece estar tão tranquila. De uma forma que nunca vi antes. Sorrio. Me aproximo de seu ouvido e digo:
Eu vou te proteger, River. Pode dormir tranquila.
Levanto minha cabeça e vejo sobre as árvores, bem no horizonte, algo que faz meu coração acelerar de novo. O topo de algo que parece ser... um farol.
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Eternal Silence
AdventureUm garoto acorda em um lugar completamente estranho. Um mundo descolorido, repleto de criaturas esquisitas e perigosas. Um mundo sem fim. Uma garota aparece em seu caminho, e juntos, eles lutam contra tudo. Mas por que lutam? Existe alguma raz...