Capítulo 5: Ceifeiro

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River e eu estamos bem. Passamos um momento difícil durante o inverno, mas conseguimos sobreviver. Depois daquela difícil situação, comecei a pensar sobre ha quanto tempo eu estou aqui. Não sei diferenciar o dia da noite neste lugar. Não sei nem se existem dias aqui. Embora nós chamemos os tempos frios de inverno, também não sei se existem estações. Nada aqui é como no outro mundo. Sim. É óbvio que este lugar não é o meu mundo. O mundo que conheci. Mas, mesmo tudo aqui sendo tão medonho, eu encontrei uma luz. River. Eu quero protege-la e, principalmente, nos tirar daqui. Mas como?

Angel. - River me chama, tirando-me de meus devaneios.

Oi! Estou indo! - Respondo.

Estamos saindo em busca de comida. Vamos estocar alimentos para caso aconteça de termos que enfrentar um inverno mais longo. Ideia minha. Ela pareceu surpresa ao me ouvir falar isso. Não acredito que River não pensou nisso durante o tempo que esteve aqui.

Vem logo! - Ela grita em minha cabeça.

Pego meu machado, o mesmo que peguei na ultima vez que saí, um casaco e duas faquinhas.

Não atravessamos o rio dessa vez. Não queremos outro encontro com aqueles demônios em forma de coelhos. Minha perna enfaixada ainda dói quando eu ando. Mas não é nada que eu não possa aguentar. eu ainda não comi nada. Meu estômago ronca bastante, Sinto-me fraco e, na maior parte do tempo, eu só quero desabar no chão.

Depois de muito andar, achamos três coisinhas escuras na grama. Essa não! Mais coelhos? Tomei um susto quando as três sombras disparam ao céu, voando. Aves. As criaturinhas sombrias rodeiam a área, como se procurassem por alguma coisa. River prepara um flecha e aponta para o céu.

Sério que você vai tentar acertar um deles? - Digo em descrença.

Ela me olha de banda com uma olhar confiante. Não acredito que ela possa acertar. River atira a flecha. Acompanho o trajeto o mais rápido que posso.

Nunca mais duvido de você. - Digo, boquiaberto.

Ela solta uma risadinha de quem quer dizer "Sou demais!". A ave despenca do ar e se choca contra o chão violentamente. Se ela tinha ossos, não sobrou muita coisa. River corre e segura a criatura pelas patas.

Você vai comer crua também né? - Faço uma expressão enojada. River revira os olhos.

Anda. Vamos pegar algo para vós. - Ela me puxa pelo braço até um pouco mais à frente. Chegamos em um terreno um pouco arenoso.

Mais à frente existe um deserto. Não é boa ideia avançarmos mais. - River comenta.

Por que? - Fico curioso.

As tempestades de areia são violentas. Poderíamos morrer se ficássemos no meio de uma. - Ela fala seriamente.

Morrer. Agora que parei pra pensar. Nós realmente podemos morrer aqui, nesse mundo cinza. Eu não vou deixar isso acontecer. Eu vou protege-la, e vou nos tirar daqui.

Minha barriga ronca de fome. Não estou me sentindo tão mal quanto eu acho que deveria. Ainda bem.

River olha em volta. Faço o mesmo. Vejo algumas bolinhas pretas no chão. Pego uma delas na mão e a observo. Parece saborosa. Bem mais do que aqueles coelhos.

Isso é comida? - Pergunto.

Não. - Ela rir. - Isso és cocô.

Largo a bolinha de uma vez no chão, e limpo minha mão em meu short. River me olha como se eu fosse um bebê. Bem, eu quase comi cocô. Não posso reclamar muito.

Escuto um barulho estranho. Parece com o som que uma rocha rachando faz. River me olha como se me dissesse para ter cuidado. Eu aceno em concordância.

De repente, uma fissura se abre no chão abaixo de nós. Rapidamente, o chão se parte em vários pedaços e começa a afundar. River me empurra para fora da área onde o chão desaba, levando ela consigo. Olho assustado para aquilo. Um enorme buraco foi feito. Mas o que poderia ter causado isso? Tento olhar para o fundo da cratera, mas a única coisa que vejo são pedras amontoadas. Não... River não....

Começo a chorar. Sinto um sentimento horrível passando por cada centímetro do meu corpo. Angústia, medo, depressão, raiva, tristeza, rancor. Tudo isso misturado me dava uma vontade insana de morrer. Eu quero morrer. Alguém... Me mate.

Escuto passos pesados no chão.

Tum... Tum... Tum...

Olho para frente. É ele. O ser grande e sombrio que carrega um imenso machado. Ele me encara com aqueles terríveis olhos escuros. Me ajoelho e o encaro de volta.

Me mate. - Falo para ele, torcendo para que meus desejos cheguem em sua mente. - Vamos! É isso que você quer fazer não é?! Então venha! Me mate! - Grito.

Ele levanta seu machado e começa a andar em minha direção.

Eternal SilenceOnde histórias criam vida. Descubra agora