Capítulo 9: Saída ou suicídio?

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River já está dormindo ha um bom tempo. Eu recolhi um monte de folhas e usei-as para cobrí-la. Ela parece bem. Encontrei algumas esferas escuras e macias presas em um matinho próximo. Imaginei que fosse comida, e eu estava certo. Dei uma mordida e senti um gosto parecido com o de uma laranja, mas era mais doce.

Minha atenção está quase completamente focada em River, tirando pelos momentos em que desvio meu olhar para o topo do farol que vejo no horizonte. Ele parece tão perto, mas ainda existe uma floresta densa antes dele. Precisaremos sobreviver a ela também. Só mais isso, e sairemos daqui.

Escuto um som de folhas mexendo. Meus olhos se voltam rapidamente para River, e posso ver que ela está acordando. Graças a deus. Encaro-a fixamente. Seus olhos se abrem, ela me observa, parece estar confusa. Mais uns segundos parados, então ela se levanta.

River! - A envolvo em um abraço apertado.

Au! - Ela reclama.

Desculpe!  - Recuo rapidamente.

River me puxa e me abraça de volta, mas dessa vez, um abraço mais confortante e calmo. Quando nos soltamos, vejo que ela sorrir. Esse sorriso é tão lindo, tão encantador.

Coma. - Pego umas frutinhas na mão e entrego à ela.

River me olhar com uma expressão estranha. Acho que ele nunca vira algo como essas frutas.

Pode comer. - Encorajo-a.

Ela pega as frutinhas e coloca-as todas na boca de uma vez.

Hmmmm! Que coisa deliciosa! - Ela expressa uma felicidade que nunca vi antes.

Ela olha para as frutas, e depois para mim, como se perguntasse "Posso comer tudo?".

A vontade. - Digo com um sorriso.

River rapidamente ataca todas as frutas, e as devora alegremente. Ao terminar sua refeição, ela lambe os dedos. Realmente parece uma criança agora. Tão fofa.

Onde tu achastes isto? - River limpa a mão no solo um pouco gramado.

Naquelas plantas. - Aponto, mostrando a direção. Ela parece surpresa.

River olha para a foice que Demon me deu, confusa e curiosa.

Ganhei isso de um amigo. - Digo, embora não tenha certeza se posso dizer que Demon era meu amigo.

Eu lembro. - Ela põe a mão na testa, como se uma dor a incomoda-se. - Tinha alguém contigo. Onde estás ele? - Ela olha para os lados, procurando-o.

Acho que ele não conseguiu. - Digo em um tom severo.

Ficamos em silêncio por um tempo.

Tu estás bem? - River quebra o silêncio.

Sim. - Solto uma risada.

Não ria! - Ela briga. - Comeu? Descansou? Se feriu?

Eu não estou com fome, nem com sono... e... - Hesito em falar sobre meu ferimento no ombro.

Passo a mão onde a ranha ma atacou e levo um susto. Não sei como não reparei nisso, mas o ferimento sumiu. Fico encarando meu ombro por um bom tempo. Não tem nada, absolutamente nada, nem cicatriz, nem nada. Para onde foi aquele rombo que a pata daquela coisa fez?

Fico feliz que estejas bem. - River diz carinhosamente, e me tira de minha hipnose.

Eu me viro para ela ainda com o olhar de surpreso.

O que foi? - Ela soa preocupada.

Nada. - Balanço a cabeça, e a olho com um sorriso.

Depois de mais um momento silencioso, eu me levanto e chamo sua atenção para o topo do farol.

O que tem esta construção?? - Ela pergunta.

Demon me disse que lá existe uma saída. - Digo seriamente.

Quem ser Demon? - Ela pergunta, confusa.

O cara que me ajudou a salvar você. - Omiti o fato de ele ser um demônio para evitar outros assuntos.

E ele disse haveria uma saída lá? - Ela parece desconfiada. - Como ele poderia saber disso?

Ele falou que algo deu essa informação. Ele estava indo pra lá.

River me olha como se me achasse um idiota.

Algo disse à ele? - Ela zomba. - Não brinque comigo, Angel! - Ela me encara com aquele olhar repreendedor. - Tu realmente ia se jogar de cabeça nesta loucura?!

Loucura?! Temos uma chance de sair daqui! Você não quer?! - Fico indignado.

Óbvio que quero! Mas isto que você propôs é suicídio! - Ela se vira como se a conversa já tivesse acabado.

Suicídio?! - Repito em indignação.

Ela se vira para mim com um olhar como se dissesse "Isso já acabou". Mas não acabou.

Não me olhe desse jeito!  - A repreendo. - Estou tentando tirar a gente daqui! Quero nos salvar desse lugar! Por que você não pode fazer o que eu digo só uma vez?!

Por que isto vai nos matar! - Ela grita.

O que você quer afinal?! Ficar aqui pra sempre?! - Meu tom é extremamente severo agora.

Eu quero ficar com você! - Essa frase ecoa na minha mente várias e várias vezes.

Nos encaramos em um momento estranho e silencioso. Depois de alguns segundos, estávamos bem próximos um do outro. Ela tem a minha altura. Meu olhos estão alinhados com os dela. continuamos nos aproximando. Ponho minha mão em seus cabelos e deslizo-a levemente.

Um instante mais tarde e nossos lábios estão grudados um no outro. Nesse momento, nós estancamos. Já vi várias pessoas fazendo isso, nunca entendi por que. Mas por alguma razão, isso é bom.

Depois de alguns segundos, nós nos afastamos. Ela me encara e me dá um soco muito forte no rosto. Dou um passo pra trás e fico em choque.

Seu idiota. - Ela resmunga.

O que significou isso? - Pergunto, confuso.

Só achei que seria divertido te bater. - Ela se vira e vai próxima à um matinho.

Mas foi bom? - Pergunto, constrangido.

Foi ótimo. Eu precisava expressar minha raiva. - Ela rir.

Não tô falando disso. - Falo baixinho, mas tenho certeza que ela me escutou.

River fica em silêncio.

Tu estás falando da merda que acabara de fazer com tua boca? - Ela fala de forma ignorante. - Foi terrível, estranho e molhado. - Ela se abaixa e mexe no matinho, logo, ela puxa algumas frutinhas de dentro.

ah... - A vergonha inunda meu corpo por completo.

Por que está parado aí? Se prepare e vamos logo até esta construção - Ela se apressa.

Mas você disse que é suicídio. O que foi? O beijo foi tão ruim assim? - Minha voz soa como a de uma criança chorona.

Dá pra tu esquecer isto! - Ela se irrita. - Eu só acho que vamos nos arriscar aqui, seja lá o que façamos. - Ela encara o topo do farol com um olhar receoso.

Então... nós vamos até o farol? - Um nervosismo percorre todo o meu corpo agora.

Sim. - Ela encerra a conversa e nós dois adentramos a floresta.

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