Capítulo 1: Um pesadelo sem fim

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Estou cansado e minhas pernas doem. O que era aquela coisa? Era grande e tão... Escura.

Percebi que algo se aproximava de mim e fui correndo achando que teria ajuda, mas aquilo com certeza não queria me ajudar. Corri o quanto pude e me escondi atrás desta árvore.

Descanso por alguns minutos... Quer dizer, eu acho que foram minutos. Não sei por que, mas não me sinto bem aqui. É como se um sentimento de tristeza pesasse no ar. No momento, o que predomina em mim é medo e ansiedade.

Não sei para onde devo ir e tenho medo de arriscar qualquer caminho, pois está muito escuro. Pensei que era por estar de noite, mas isso é diferente. Nunca vi uma noite tão sombria como essa. Saio de trás da árvore e me sento em um banco que tem por aqui.

Aparentemente não há ninguém por perto. Eu já não sei dizer se isso é bom ou ruim. Olho em volta e percebo que estou em um campo amplo. Pela primeira vez, reparo nas cores. Pelo menos tento, pois elas também parecem não existir. Vejo no chão algo que parece grama, mas está tão cinza que chega a ser surreal.

Olho para frente e avisto algo que me deixou mesmo feliz. Luz. E não só uma luz, e sim varias. Levanto-me e observo mais atentamente. São luzes de casas. De edifícios para ser mais exato. Uma cidade. Começo a andar e logo estou correndo. Agora sim! Com certeza existe alguém nesse lugar que possa me ajudar!

Quando chego mais perto dos prédios, vejo uma placa que diz "Wellcome to Angel's Land". Nunca ouvi falar nessa cidade, mas isso não importa agora. Preciso de ajuda, então adentro nela sem hesitar. A cidade é igual a qualquer outra que eu já tenha visto. Tem casas, prédios, calçadas, ruas e até mesmo Carros, mas não avistei ninguém ainda. Tudo parece meio velho e destruído. Tento não perder as esperanças de achar alguém, mas tá cada vez mais difícil. Posso ouvir claramente o som dos meus passos. É como se ecoasse baixo pelo ar.

Avisto uma loja de conveniências e decido entrar para procurar por ajuda. Quando entro, já percebo que de nada adiantará procurar por aqui. As prateleiras estão vazias. Duas maquinas de refrigerante estão encostadas na parede, com os vidros quebrados e tão vazias quanto o resto da loja. Ando pelo estabelecimento até o balcão. Procuro. Nada. Nem ninguém, nem nada. O caixa está aberto, mas não há nada nele também.

Saio da loja e penso em qual seria meu próximo passo. Mesmo tendo me acalmado depois de fugir daquela coisa, algo me perturba. Eu já deveria ter encontrado alguém, afinal. Onde estão todos? Começo a pensar que talvez eu esteja em uma cidade abandonada e não encontre ninguém. Expulso esses pensamento de minha mente. Não é possível que eu seja o único aqui.

Abro um sorrisinho, achando graça dos meus próprios pensamentos idiotas. Uma sensação estranha percorre meu corpo. De repente, escuto um barulho vindo de dentro da loja. Me viro e olho para a porta do estabelecimento, assustado.

Mesmo com medo, decido entrar de novo e procurar o que fez esse som. Entro novamente, tomando cuidado dessa vez. Meu coração está acelerado. Eu estou nervoso, com medo, assustado, ansioso. Todos esse sentimentos perturbam minha cabeça. Me pergunto se eu devo ir atrás de seja lá o que for que eu estou procurando. Hesito um pouco, mas decido ir por fim. O medo de continuar nessa situação é maior do que o medo de encontrar algum bicho esquisito como o último.

Vou cauteloso e sigo por um corredor que me leva até uma porta. Não havia visto esse corredor quando entrei antes. Encaro a porta, hesitante. Tem algo atrás dessa porta. Eu sei que tem. Seria uma boa ideia continuar com isso? Tomo coragem, engulo em seco e levanto a mão para girar a maçaneta.

Em apenas um segundo, a porta é jogada em minha direção e me derruba no chão, me fazendo cair à alguns metros de onde eu estava. Olho para a abertura onde antes tinha uma porta, e vejo uma silhueta negra de algo que parecia ser um lobo bem grande. Ele rosna para mim e consigo ver o seus dentes. São grandes e afiados. Ele da alguns passos na minha direção, com baba pingando de sua boca. Por impulso, saio correndo de uma vez antes que a criatura atacasse.

Corro pelo corredor de volta à sala principal da loja. A criatura, que estava logo atrás de mim, corre para me pegar. Minha sorte é que o corredor é muito estreito para ela. A fera tem dificuldade para passar e vem bem lentamente. Graças a isso consigo sair do estabelecimento e volto à rua, ofegante e assustado.

Caio de joelhos no chão e descanso por um momento. Muitas coisas passam pela minha cabeça agora. Nem se quer consigo processar os acontecimentos mais recentes. Só quero acordar. A coisa que mais quero agora é acordar, e respirar aliviado por isso ser apenas um pesadelo.

Então ouço um barulho intenso de vidro quebrando. O som do estilhaçar dos cacos no chão ecoam de uma forma irritante. Olho para trás e vejo que a criatura veio atrás de mim. Agora eu realmente to ferrado. Aqui fora não é nem um pouco estreito. Se ela vier atrás de mim, ela me pega fácil. Olho-a com atenção, atento a cada movimento. De repente, o monstro avança em mim e me derruba no chão.

Ele está bem acima de mim, seu bafo é quente e seu cheiro, como posso dizer? Nunca senti nada tão grotesco. Ele rosna para mim e abre sua enorme boca. Fecho os olhos e espero pelo que parece ser o meu fim. Escuto um som esquisito de carne sendo rasgada. Abro meus olhos e um Líquido, que acredito que seja sangue, cai em meu rosto. A criatura está com algo atravessando sua cabeça. É curto e pontudo. Uma flecha, percebo.

A fera fraqueja as pernas, e eu me arrasto para longe dela antes que caísse sobre mim. Olho para a coisa caída no chão. Está morta. Quem teria feito isso? Olho em volta e noto a presença de uma Pessoa. Pelo menos parece ser uma Pessoa. Seu corpo é todo acidentado e escuro, assim como tudo à sua volta, e seus olhos emitem uma luz branca assustadora. Posso notar que seu cabelo é longo e está preso em um coque alto.

Recuo um pouco, mas ela aponta a flecha para mim. Fico tenso com a situação. Ela me encara seriamente. Seus olhos profundos e brilhantes me assustam ainda mais. Não sei o que fazer. Sequer consigo falar.

A garota me tira de meus pensamentos atirando uma flecha em minha direção. Tudo acontece lentamente. A flecha se aproxima vagarosamente e eu nem sei o que pensar. Tantas perguntas e nenhuma resposta. Mas no momento, a pergunta que ecoa em minha mente é:

por que ela quer me matar?

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