Para mamãe, por sempre acreditar em mim.
A família Cider sempre possuiu muito prestígio, e meu pai tratou para que sempre fosse assim. Ele era um homem fenomenal; não só como pai, mas marido e empresário. Era um acionista e um dos fundadores da Encantus, uma empresa renomada de moda, que abrangia todos os tipos de artigos: maquiagem, vestuário e moda em geral; que fica em Dream Village.Infelizmente, uma grave doença o pegou, e meu pai faleceu, quando eu tinha apenas três anos. Eu não me lembro com clareza daquela época, mas foi obscura. Triste. Minha mãe teve de se virar para poder dar conta do filho, da casa e dos negócios.
Eu podia ver seus esforços, as noites em claro, quebrando cabeça para poder solucionar contas. Lembro bem daquilo, e lembro que me esforcei ao máximo para poder ser o melhor filho que ela pudesse ter.
O tempo ia passando e ela sentiu que faltava uma imagem paternal para mim. Alguém em quem eu pudesse me espelhar. Talvez tenha sido uma das coisas mais difíceis que ela fez, mas, por mim, o fez! Se casou novamente. E, como marido, escolheu um amigo e acionista, viúvo e pai de dois rapazes, não tão bonitos assim -sejamos honestos.
Eu não dei piruetas com a notícia, tinha apenas dez anos quando ela jogou a notícia no meu colo, assim, sem mais nem menos. Claro, eu sempre desejei e torci por sua felicidade, mas, para homens, é mais difícil aceitar que sua mãe vai ficar com alguém que não é seu pai.
Mamãe casou e passamos a morar todos juntos. Nós cinco. Fomos felizes pelos dois anos que se seguiram, mas ela contraiu pneumonia, e veio à óbito. Então eu me vi órfão de pai e de mãe. Lembro de ter chorado por horas, implorando para ser mentira, mas não era. Minha mãe havia partido mesmo. Não demorou muito até Otto -meu padrasto -mostrasse sua verdadeira cara. Ele não ligava para mim, quando minha mãe era vida, e eu não achei que fosse diferente, quando minha mãe morresse.
Os processos correram e as notícias também, a Encantus começou a cair e foi caindo cada vez mais, até ser uma empresa qualquer; simples, sem prestígio e quase falida. Com a falta de dinheiro, apenas Afonso ficou, recebendo um salário mínimo -e bote mínimo nisso. E eu, bom, passei a ser um empregado "barra" escravo dos três.
-Isso é errado! -Jonny, meu melhor amigo, falava, indignado, enquanto abocanhava uma fatia de pizza. -Ele já cortou tudo de você; a mesada já é demais!
-Pois é. -Suspiro. -Otávio e Otanael estão precisando de mais um pouco de dinheiro para poderem consertar aquele negócio que eles chamam de cara. Estão querendo ingressar como cantores e o Otto está bancando tudo!
Jonny, mais que todos, sempre se indignou com Otto, meu padrasto. Desde quando Otto e minha mãe casaram, Jonny, simplesmente, o detesta.
Olho para ele, querendo captar aquele incentivo e ter coragem suficiente de fazer o que Jonny me aconselha a fazer desde sempre, mas não encontro. Suspiro.
-É melhor irmos para a aula. -Digo, recolhendo a mochila.
Priiiiiiiiim!!!!! -A campa toca.
-Olha, -Ele continua, limpando o pedaço de pizza do dente. -você sabe que vai poder contar comigo sempre. Se precisar de um lugar, meus pais não vão se incomodar se for lá pra casa. Só não precisa aguentar abuso daqueles caras!
Assinto para ele e seguimos com a multidão de alunos para as salas. Assim que entro, escolho a cadeira no canto, e Jonny senta-se ao lado. Jogo a mochila em cima da mesa e pego meu caderno, esperando pela aula.
-Psiu! -Olho para Jonny. -A sua gata entrou! -Ele sussurra.
Sigo seu olhar, na direção da porta.
Érica se senta em uma cadeira, atrás da primeira, acompanhada da sua amiga.
Érica era simplesmente a garota mais linda do colégio. Lembro da primeira vez que a vi: na nossa apresentação de natal do quarto ano, onde apresentamos O Quebra Nozes. Ainda lembro de que esqueci todas as falas depois que ela começou a cantar, e foi aí que percebi que eu estava completamente apaixonado.
Érica e Alexia riem e conversam, mas não tão alto, ao ponto de eu e Jonny termos que nos esforçar para entender a conversa.
-E seu pai pediu para fazer isso? -Alexia, a amiga de Érica, pergunta, ainda demonstrando uma expressão chocada.
-Exatamente. -Érica diz, sorrindo -o mesmo sorriso que me faz suspirar. Jonny me olha feio e volto a prestar atenção. -Ele insiste para que eu encontre alguém para fazer um dueto no novo CD, e então a diretora disse que queria criar alguma coisa para promover a escola, algum concurso ou algo do tipo. E, adivinha: você vai estar, comigo, organizando tudo!
-Ai, que tudo! Parece tão mágico! -Alexia diz, com tom sonhador. -Imagina se você, cantando, descobrir que está com o seu par perfeito.
-Ei. -Érica lhe dá uma cotovelada de leve. -Não diga nada ainda, será uma surpresa. A Encantos Modernos vai postar tudo no blog.
-Será uma grande oportunidade... -Alexia divaga.
-Nem me diga! -Érica murmura e ambas param de falar quando o professor entra.
Jonny me lança um olhar de tive uma ideia e é meio bosta, mas vai ser legal!
Fico completamente surpreso com o que ouvi. Um dueto. Com Érica. Quantas vezes já sonhei com isso? Ah, já perdi a conta!
-Relaxa, Cider. -Jonny me tira do devaneio, sussurrando -O seu melhor amigo, vulgo, elfo padrinho, vai te ajudar.
Olho pra ele, em pânico, em seguido olho para ver se alguém ouviu, mas todos parecem estar concentrados na atividade que o professor indicou.
-Ahn. Ahn! -O censuro, pegando minhas anotações. -Nada de bancar o cupido de novo. Ainda não superei a última vez.
-Relaxa, Cinder Elliot. -Ele diz e ri baixinho.
Jonny era o único que realmente achava graça nisso, e vivia me chamando assim; trocava os nomes e colocava o n, e quando ele falava parecia ser Cinderella.
-Cider! Não Cinder!
Eu não sou uma "Cinderella". Faço cara feia.
Ele ri e voltamos a atenção na aula de biologia. Quase não lembro do que o professor falou, a ideia de cantar com Érica tomou totalmente conta dos meus pensamentos. Uma vez ou outra me pego olhando para ela, que está completamente distraída.
Estar com ela, enquanto nossas vozes se misturam em um som perfeito.
Esse era meu sonho!
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Cinder Elliot (Cinderela EM1)
FantasyElliot Cider, vamos dizer, não era lá a pessoa mais sortuda do mundo. Perdeu o pai novo, o que fez com que sua mãe se casasse, escolhendo um homem rude e pai de dois garotos esnobes. Quando a mãe de Elliot morreu, seu padrasto mostrou ser um homem...